Preços do algodão pressionados pela maior oferta

Vários lotes de algodão em pluma da nova temporada 2016/2017 foram negociados para embarque imediato, mas com pequenos volumes. Os vendedores ativos estão flexíveis quanto aos preços, disponibilizando produto de diversas regiões. Os compradores seguem cautelosos, e as indústrias, principalmente, demonstram interesse apenas em repor seus estoques. Assim, com as intenções de venda maiores que as de compra, os valores da pluma recuaram com força. O Indicador CEPEA/ESALQ com pagamento em 8 dias registra recuo de 2,48% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,58 por libra-peso, o menor valor nominal desde 23 de novembro/2016. Na parcial deste mês de julho, a queda é de 2,9%. Quanto aos primeiros lotes da safra 2016/2017, a qualidade é baixa, especialmente quanto ao micronaire. Assim, aguardando o avanço mais intenso da colheita nos próximos dias, os compradores seguem pouco ativos no spot, indicando valores inferiores aos indicados por vendedores. Comerciantes, por sua vez, buscam adquirir pluma para atender os contratos realizados anteriormente.

Quanto aos embarques, a partir de agosto, as negociações estão em bom ritmo. Apesar da atenção de boa parte dos agentes estar voltada para as negociações futuras no mercado doméstico, a disparidade de preço entre compradores e vendedores limitou os fechamentos. Segundo informou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), nesta terça-feira (11/07), a safra brasileira 2016/2017 deve totalizar 1,484 milhão de toneladas, 15,2% acima do registrado na anterior, mas com leve queda frente ao relatório de junho/2017. Mesmo com a retração de 1,7% na área semeada nesta temporada, a produtividade deve ser 17,1% maior que a da 2015/2016, indo para 1.580 Kg por hectare. Em Mato Grosso, maior produtor nacional, a colheita da temporada 2016/2017 já alcançou 5% da área semeada. Com a produção favorecida pelo bom clima, a estimativa está em 993 mil toneladas, crescimento de 12,8% frente à safra anterior. A produtividade também pode ser 7,9% maior, a 1.466 Kg por hectare.

Na Bahia, a colheita foi iniciada em maio e se estenderá até o final deste mês. No extremo oeste do Estado, onde se concentra a maior parte da produção, as atividades chegaram a 30% do total. A produção estadual 2016/2017 pode chegar a 319 mil toneladas, 29,1% maior que na temporada anterior. O impulso também veio da produtividade, estimada em 1.584 Kg por hectare, 50% maior no comparativo das duas últimas safras. Para as demais regiões, a colheita está próxima de ser finalizada em Goiás e, em Minas Gerais, atinge os 40%. No Tocantins e no Piauí, as atividades foram iniciadas. No Maranhão, a lavoura está em fase de maturação e, na Paraíba, em fase de frutificação. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), no Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 2,37 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Quanto aos contratos na Bolsa de Nova York, os vencimentos têm oscilado, ora pressionados pela boa qualidade das lavouras norte-americanas e pelas vendas dos Estados Unidos ora sustentados pela realização de lucros.

Nos últimos sete dias, o contrato Outubro/2017 registra queda de 1,63%, cotado a 67,72 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Dezembro/2017 apresenta recuo de 0,24%, a 67,29 centavos de dólar por libra-peso. O vencimento Março/2018 registra avanço de 0,13%, para 67,19 centavos de dólar por libra-peso e Maio/2018, alta de 0,04%, a 67,64 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Julho/2017, encerrado no último dia 7 de julho, permanece praticamente estável (-0,03%) nos últimos sete dias, cotado a 75,29 centavos de dólar por libra-peso, após ter recuado 2,17% em junho. Segundo informou o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na segunda-feira (10/11), quanto ao plantio da temporada 2017/2018 norte-americana, 61% da área semeada já floresceu, acima dos 55% observado no mesmo período de 2016 e apenas 1% abaixo da média dos últimos cinco anos. Em relação à qualidade da lavoura, 61% estão em boas e ótimas condições, acima dos 54% do ano anterior; 27% da lavoura está em condições medianas, 8% a 2016, e 12%, em ruins e péssimas condições, contra 11% no mesmo período do ano passado.

Segundo relatório do Comitê Internacional do Algodão (Icac), divulgado no dia 5 de julho, a produção mundial da safra 2016/2017 deve ser de 22,93 milhões de toneladas, 7,6% acima do observado na 2015/2016. O consumo pode atingir 24,3 milhões, bem próximo do registrado na safra anterior. A comercialização mundial 2016/2017 está estimada em 7,93 milhões de toneladas, 5% maior que a anterior. Para o estoque mundial, o volume estimado está em 17,3 milhões, 7,4% menor que o da temporada passada. Quanto à safra 2017/2018, a estimativa de produção mundial de algodão foi elevada, prevista para 24,57 milhões de toneladas, alta de 7,7% frente à temporada 2016/2017. O impulso pode vir da expansão na área semeada, de 7%, atingindo os 31,8 milhões de hectares, mas ainda abaixo da média dos últimos dez anos (32,3 milhões de hectares), puxado pela Índia, Estados Unidos e Paquistão. O consumo mundial 2017/2018 pode crescer 1,7% comparado ao da temporada 2016/2017, indo para 24,7 milhões de toneladas.

A China lidera como maior consumidora, com 7,7 milhões de toneladas. A Índia pode chegar a 5,3 milhões, aumento de 3%; seguida por Paquistão, Bangladesh e Vietnã. Neste cenário, o estoque mundial 2017/2018 deve ser de 17,15 milhões de toneladas, recuo de 0,87% frente à safra anterior. A queda mais expressiva, de 18%, é estimada para a China, que teria, agora, 44% do estoque global. Esta é a primeira vez que atinge este patamar desde a safra 2011/2012. Para os demais países, no agregado, a previsão é de 9,6 milhões, crescimento de 17%. Quanto à comercialização mundial 2017/2018, o volume deve ser de 7,84 milhões de toneladas, retração de 1,13% frente à safra anterior. Com o aumento na oferta global nesta temporada, as exportações dos Estados Unidos podem cair 7%, mas ainda devem permanecer como maior vendedor mundial. Nas importações, o aumento está previsto em 1% para a China e em 7% para Bangladesh no mesmo comparativo. Fonte: Cepea. Adaptado por Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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