Tendência de baixa do preço do algodão no Brasil

Apesar do interesse de compradores no mercado spot de algodão em pluma, a disparidade de preço entre agentes tem limitado as efetivações neste início de agosto. As indústrias buscam, especialmente, por pequenos volumes, mas a valores inferiores aos indicados por vendedores. Os comerciantes, por sua vez, adquirem lotes para cumprir contratos. Nesse cenário de baixa liquidez no spot, na parcial deste mês agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ com pagamento em 8 dias registra queda de 1,07% no período, cotado a R$ 2,44 por libra-peso. Do lado vendedor, parte dos produtores prioriza os embarques da pluma já contratada, principalmente aqueles que já comprometeram boa parte de sua produção. O trânsito interrompido devido a protestos de caminhoneiros na semana passada e questionamentos quanto ao aumento de impostos em Mato Grosso, o maior produtor nacional da pluma, deixam os vendedores cautelosos e traz lentidão às negociações. Algumas tradings, por sua vez, estiveram firmes quanto aos valores dos lotes ofertados no mercado brasileiro, atentas às oscilações na Bolsa de Nova York.

A queda na paridade de exportação levou algumas tradings a ficarem firmes nos preços dos lotes ofertados no mercado doméstico de curto prazo. Nos primeiros dias de agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ esteve, em média, 13% superior à paridade. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) no Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 2,18 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Para entregas futuras, algumas operações de “barter” (negociações da pluma por insumo) foram efetivadas neste início de mês, a preços fixos ou baseadas nos contratos da Bolsa de Nova York, principalmente para a temporada 2018/2019. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações da pluma totalizaram 19,3 mil toneladas em julho, aumento de 37,9% na comparação com o mês anterior, enquanto o faturamento foi de US$ 31,4 milhões em julho, alta de 23,1% no mesmo comparativo. No acumulado de 2017 (de janeiro a julho), a retração do volume embarcado é de 53,7% frente ao mesmo período de 2016, totalizando 170,4 mil toneladas neste ano.

O faturamento em dólar foi de US$ 289,5 milhões no período, 46,2% menor que o obtido entre janeiro e julho de 2016. O preço médio de exportação em julho foi de 74,06 centavos de dólar por libra-peso, queda de 10,7% frente ao mês anterior, mas 16,5% superior ao de julho/2016, de 63,55 centavos de dólar por libra-peso. A importação brasileira de pluma somou apenas 920,5 toneladas em julho/2017, recuo de expressivos 67,1% se comparado ao mês anterior (2,8 mil toneladas). Neste ano, as compras totalizaram 32,9 mil toneladas, 75% acima do volume registrado no mesmo período de 2016 (18,8 mil toneladas). O preço médio de importação foi de 84,57 centavos de dólar por libra-peso em julho, leve aumento de 1,7% frente ao de junho e 33% maior que o preço médio de julho/2016, de 63,57 centavos de dólar por libra-peso. Na Bolsa de Nova York, todos os contratos acumulam alta nesta parcial de agosto, mesmo com o recuo nas exportações norte-americanas. Nos últimos sete dias, o contrato Outubro/2017 registra alta de 1,02%, cotado a 71,22 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Dezembro/2017 registra avanço de 2,45%, a 70,55 centavos de dólar por libra-peso; o vencimento Março/2018 apresenta elevação de 2,93%, a 70,25 centavos de dólar por libra-peso e Maio/2018, de 2,9%, cotado a 70,57 centavos de dólar por libra-peso.

O Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), em relatório divulgado no dia 1º de agosto, indica que, na safra 2017/2018, o Índice Cotlook A pode recuar 16,9% frente à média da temporada 2016/2017, para 69,00 centavos de dólar por libra-peso, podendo variar entre 54,00 centavos de dólar por libra-peso e 87,00 centavos de dólar por libra-peso. Para a safra 2016/2017, o Índice está em US$ 83,00 centavos de dólar por libra-peso, patamar bem superior ao estimado no início da temporada, de 70,00 centavos de dólar por libra-peso. No entanto, o índice Cotlook A da média da temporada em 2016/2017 foi muito maior do que o inicialmente divulgado e os fundamentos do mercado não justificam esse movimento. Dado o cenário de 2016/2017, é difícil dizer se a previsão atual para 2017/2018 vai se confirmar ao longo da temporada. Dados do Icac apontam que a produção mundial 2017/2018 deve crescer 8%, indo para 24,89 milhões de toneladas, impulsionada pela expansão na área semeada (+8%). A Índia pode se manter como maior produtora mundial, colhendo 6,1 milhões de toneladas na temporada 2017/2018, aumento de 6% frente à anterior.

Os Estados Unidos podem ter produção de 4,1 milhões de toneladas, 10% a mais que na safra 2016/2017, resultado do aumento de 18% na área semeada. Para o Paquistão e o Brasil, também são esperados aumentos na produção, de 17% e 5%, respectivamente. Na China, por outro lado, a produção pode registrar queda pela segunda safra consecutiva, de 7%, com a colheita estimada em 5,2 milhões de toneladas. O consumo mundial 2017/2018 deve chegar a 25 milhões de toneladas, alta de 2% frente à safra anterior, com impulso dos crescimentos na China, Índia, Paquistão e Bangladesh. Neste cenário, o estoque mundial pode diminuir 1%, indo para 18,8 milhões de toneladas, com redução de 16% no estoque da China, mas aumento de 19% dos demais países em agregados. A comercialização mundial deve cair para 7,8 milhões de toneladas, queda de 1% frente à safra 2016/2017, com menor exportação dos Estados Unidos e aumentos para Índia e Austrália. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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