Tendência é de alta do algodão com oferta retraída

A cotação de algodão em pluma brasileira subiu nos últimos dias, após registrar queda na maior parte de agosto. Ativos, os vendedores elevaram as indicações, reflexo da alta nos preços internacionais, impulsionando os valores pagos por compradores no mercado spot e reduzindo a liquidez para entregas rápidas. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra aumento de 1,45% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,46 por libra-peso. No acumulado de agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ recuou 0,22%. A média mensal, de R$ 2,43 por libra-peso, está 4,23% menor que à de julho/2017 e 3,55% inferior à de agosto/2016 (valores atualizados pelo IGP-DI de julho/2017). No cenário internacional, a passagem do furacão Harvey nos Estados Unidos trouxe incertezas quanto à produção de algodão da safra 2017/18 no país. Com isso, os preços na Bolsa de Nova York e a cotação do Cotlook A se elevaram.

No Brasil, a paridade de exportação registra alta de 0,3% nos últimos sete dias, depois de recuar significativos 4,65% em agosto. No mês anterior, as intenções de vendas estiveram mais evidentes que as de compra. Algumas indústrias demonstraram interesse por novas aquisições, mas ofertaram preços inferiores aos pedidos por vendedores. Outras empresas estiveram praticamente fora de mercado durante todo o período, trabalhando com a pluma já contratada. Apesar da disputa quanto aos valores, comerciantes seguiram ativos, buscando lotes para cumprir com os contratos firmados anteriormente. Do lado vendedor, os produtores estiveram firmes nos valores pedidos no spot, com atenções voltadas às entregas de contratos. Tradings, por sua vez, ora disponibilizaram seus lotes no mercado doméstico ora estiveram retraídas, devido às oscilações dos preços internacionais e da taxa de câmbio brasileira.

Quanto aos contratos antecipados, vários negócios foram efetivados para entrega neste ano e ao longo de 2018, firmados a valores fixos, no Indicador CEPEA/ESALQ e nos contratos da ICE Futures. De 31 de julho a 31 de agosto, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), no Porto de Paranaguá (PR), com base no Indíce Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente registrou baixa de 5,68%, a R$ 2,14 por libra-peso. Segundo a Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), 51,4% da safra 2016/2017, estimada em 1,523 milhão de toneladas, teria sido comercializada até o dia 31 de agosto. Deste total, 53,7% foram direcionados ao mercado interno e 46,3%, ao externo. Referente à safra 2015/2016, estimada em 1,289 milhão de toneladas, foram registradas operações equivalentes a 86,8%. Na Bolsa de Nova York, depois de forte recuo em meados de agosto, todos os contratos acumularam alta no final do mês.

Esse cenário se deve à preocupação quanto aos efeitos da chuva tropical, por causa do furação Harvey, nas lavouras de pluma norte-americana, à boa demanda do produto e ao enfraquecimento do dólar no mercado internacional, que tornou a pluma mais atraente aos compradores externos. Entre 31 de julho e 31 de agosto, o contrato Outubro/2017 subiu 1,39%, cotado a 71,48 centavos de dólar por libra-peso. O vencimento Dezembro/2017 se valorizou 3%, a 70,93 centavos de dólar por libra-peso. No mesmo período, o contrato Março/2018 teve aumento de 2,73%, a 70,11 centavos de dólar por libra-peso e Maio/2018, de 2,86%, para 70,54 centavos de dólar por libra-peso. Dados do Comitê Internacional do Algodão (Icac), divulgados em 1º de setembro, apontam que a produção mundial de algodão safra 2017/2018 poderá atingir 25,1 milhões de toneladas, volume 9% superior ao da temporada anterior, com expansão da área semeada para 31,9 milhões de hectares.

Colheitas maiores são esperadas para a Índia, China, Paquistão e Estados Unidos, mesmo com as incertezas quanto ao impacto do furacão que atingiu o Texas recentemente. O consumo global 2017/2018 poderá crescer 2,3%, indo para 25,1 milhões de toneladas, com previsão de aumento para China e Índia. Em Bangladesh, o consumo deverá permanecer estável, após as inundações ocorridas em agosto/2017 que prejudicaram a infraestrutura e dificultaram o transporte da mercadoria naquele país. Para o estoque mundial 2017/2018, é estimado que fique em 18,56 milhões de toneladas, praticamente estável frente ao da temporada 2016/2017 (18,54 milhões de toneladas). Quanto à relação estoque/uso, permanece inalterada em 75% ou para nove meses de consumo das fiações. A China, principal consumidor e segundo maior produtor, vendeu mais de 2 milhões de toneladas de seus estoques entre maio e agosto deste ano, reduzindo-os para 6,3 milhões de toneladas. Para os demais países, se espera que o estoque cresça para 9,6 milhões de toneladas (+22%). Fonte: Cepea. Adaptado por Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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