Preços do algodão estão firmes no mercado interno

A negociação de algodão no Brasil ocorre de forma ocasional. As fábricas aguardam uma acomodação dos preços com a ampliação da oferta doméstica à medida que a colheita está se aproximando do fim no Brasil. Mas, tradings indicam valores acima do Esalq para vender volumes internamente e produtores dão prioridade ao cumprimento de contratos, sem fechar novos negócios. O indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias registra alta de 0,20% nos últimos sete dias, para R$ 2,41 por libra-peso. No mês, a queda acumulada é de 2,04%. Os negócios são esporádicos. Os comerciantes têm tentado fechar negócios, mas as fábricas estão retraídas, esperando acomodação do preço. Elas acreditam que o preço, que hoje está em R$ 2,40 por libra-peso, ainda pode ceder. As indústrias que precisam comprar agora oferecem Esalq, mas para pequenas quantidades. Tradings, que são os vendedores mais atuantes, indicam R$ 2,42 por libra-peso posto na Região Sudeste. Os produtores estão retraídos, pois muitos cumprem contratos.

A colheita no Brasil está na reta final e deve ser concluída em uma a duas semanas, mas o beneficiamento deve continuar em outubro e, em alguns casos, até dezembro. Para a safra 2017/2018, os compradores indicam 600 pontos acima do vencimento dezembro na Bolsa de Nova York, FOB no Porto de Santos, ou entre 74,00 e 75,00 centavos de dólar por libra-peso, para entrega a partir de agosto do ano que vem. Entretanto, como o nível dos futuros na Bolsa de Nova York está mais baixo, os produtores não querem vender neste momento. A indicação de vendedor está na faixa de 80,00 centavos de dólar por libra-peso. Deve haver um aumento de área plantada de algodão nas principais regiões produtoras. As produtividades estão melhorando e, em relação a outros produtos, como milho e soja, que não estão com preços muito atrativos, o algodão está melhor. A soja está começando a ser plantada agora, e o plantio não deslanchou por causa da seca. Se não chover, vai atrasando mais, consequentemente a 2ª safra do algodão pode ficar prejudicada.

O plantio de algodão deve crescer 20% no Brasil no ciclo 2017/2018, para 1,13 milhão de hectares, o que representaria a maior extensão desde a temporada de 2011/2012. O desempenho recorde das lavouras contribuiu para um aumento de 22% na produção brasileira de algodão em 2016/2017, estimada em 1,57 milhão de toneladas. O principal fator que está favorecendo o otimismo entre os produtores é justamente o resultado desta safra, que foi surpreendente melhor do que a produção anterior, em função de condições climáticas que permitiram um ganho significativo de produtividade e até a obtenção de uma produtividade média que foi histórica na produção de algodão do Brasil. Somado a isso, o mercado de algodão no Brasil ofereceu preços melhores para o produtor neste ano, em virtude de o Brasil ter começado a safra com estoques baixos devido à safra ruim no ano anterior. Então há uma confluência de fatores da produtividade agrícola e de rentabilidade da cultura que favorecem essa perspectiva melhor para 2017/2018.

Parte da safra já foi negociada e isso reforça a percepção de aumento de área. Alguns produtores puderam pegar médias de preços mais altas agora devido às incertezas geradas pelos furacões na Costa do Golfo e na costa leste dos Estados Unidos que, ao que tudo indica, isso deve ter afetado um pouco a produção da Georgia, que teve uma queda significativa nas últimas duas semanas na proporção de lavouras em condições boas e excelentes. Então, alguns produtores já conseguiram se posicionar melhor aproveitando as condições de mercado recentes. Nas próximas sessões, as atenções devem seguir voltadas para o andamento da safra norte-americana. Com o encaminhamento da finalização da safra dos Estados Unidos, o avanço da colheita no país vai ser o principal fator que o mercado vai acompanhar. Na Bolsa de Nova York, o algodão apresenta recuo de 0,87% nos últimos sete dias. Nesta quarta-feira (27/09), o vencimento dezembro cedeu 10 pontos (0,15%) e fechou a 68,65 centavos de dólar por libra-peso, pressionado pela expectativa de ampla oferta global.

Em 2018, os preços internacionais devem se manter fracos, já que a colheita da fibra tende a ser abundante nos Estados Unidos e no Paquistão, durante o quarto trimestre deste ano, e na Índia, no primeiro trimestre do ano que vem. Na China, a produção recuperará algumas das perdas dos últimos anos. No entanto, a fraqueza do preço no primeiro semestre de 2018 pode desestimular o plantio da fibra. A conjuntura entre a demanda firme e o declínio nos estoques da China pode levar a uma recuperação nos preços a partir do segundo semestre de 2018. Segundo o Departamento de Alfândega da China, o país adquiriu 83,91 mil toneladas de algodão em agosto, aumento de 20% ante igual mês de 2016. De janeiro ao agosto, o volume importado pela China atingiu 811,84 mil toneladas, aumento de 36% sobre igual período do ano passado. A expectativa é de que as importações da China de algodão devem avançar no próximo mês. A possível ampliação das compras externas do país asiático está sendo acompanhada pelo mercado. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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