Preços do algodão sob pressão e produtor retraído

Na expectativa de preços mais remuneradores para o algodão no médio prazo, os produtores têm limitado a comercialização tanto no mercado disponível quanto para entrega futura. A estratégia, entretanto, não chega a provocar uma reação nos preços internos, já que a maior parte da indústria trabalha com estoque confortável e faz apenas reposições pontuais. No exterior, as cotações também estão pressionadas. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima aumento da produção e dos estoques mundiais. Dada esta conjuntura, o mercado acredita que ainda há espaço para recuos nos preços internos. O indicador Esalq/Cepea para pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 2,38 por libra-peso, queda de 1,34% na variação mensal. Mais de 50% da safra brasileira de 2017/2018 foi comercializada a valores mais altos que os atuais. Os grandes produtores estão, seguramente, com mais de 50% da safra vendida e os demais venderam pelo menos uma parcela a um preço mais alto.

Com isso, não há tanta necessidade de venda agora e os produtores ficam na expectativa de conseguir negócios mais atrativos financeiramente. Em alguns momentos, comerciantes e tradings foram mais flexíveis, fechando valores para contratos até o primeiro semestre de 2018. Em média, o valor ofertado pelo setor produtivo é de R$ 2,37 por libra-peso, enquanto os compradores querem pagar, no máximo, R$ 2,32 por libra-peso. A disputa interna de preços e o cenário externo podem fazer com que o vendedor da pluma seja obrigado a ceder. A expectativa é de que a cotação recue até a resistência de R$ 2,30 por libra-peso. Na Bolsa de Nova York, os contratos com vencimento em dezembro devem sofreu uma queda de 3% no acumulado de 2017. Segundo o USDA, a produção mundial da pluma atingirá 26,3 milhões de toneladas na safra 2017/2018, aumento de 13,4% em relação à temporada anterior. Para as reservas globais do ciclo 2017/2018, a expectativa é de aumento de 3,1% frente 2016/2017, para 20,1 milhões de toneladas.

Em relação às lavouras desta temporada nos Estados Unidos, o USDA divulgou na segunda-feira (16/10) que 82% da área semeada já tem abertura de maçãs, 6% abaixo do observado no mesmo período de 2016. A colheita foi estimada em 31% da área, acima dos 29% do ano anterior. Quanto à qualidade das lavouras, 58% estão em boas e ótimas condições. Com esses dados os preços futuros reagiram levemente na Bolsa de Nova York, porém o movimento é insuficiente para mudar a tendência baixista. Nesta quarta-feira (18/10), o contrato para dezembro fechou em queda de 0,21%, a 67,63 centavos de dólar por libra-peso. No Brasil, há dificuldade para encontrar caminhões para embarques tanto de pluma quanto de caroço de algodão e o frete aumentou. Além disso, há relatos de ocorrência de problemas nos portos. A crise interna levou à diminuição nas importações e, por consequência, menor número de contêineres e navios disponíveis.

Por conta desses entraves, uma parcela dos envios que seriam feitos entre setembro e outubro terá que ser estendida para novembro e dezembro. A preocupação cresce à medida que avança a exportação do País e já se estende para a próxima safra. Segundo o Ministério da Agricultura, em setembro foram embarcadas 133 mil toneladas de algodão, aumento de 27,6% contra as 104 mil toneladas enviadas em igual período de 2016. O resultado levou ao faturamento de US$ 213 milhões, 32,8% superior ao de setembro do ano passado. No acumulado dos nove primeiros meses de 2017, no entanto, houve retração de 29,7% no volume exportado, para 371 mil toneladas, que desencadeou a baixa de 21,9% na receita de vendas externas, no comparativo anual, para US$ 612 milhões. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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