Tendência de alta do algodão com demanda firme

O movimento de alta nos preços internos do algodão em pluma segue firme. O impulso vem tanto da maior demanda quanto da retração de vendedores. Neste início de mês, o Indicador do algodão CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, já subiu 2,3% e, na parcial deste ano, 16,3%. Indústrias de todo País estão ativas no mercado spot, buscando especialmente lotes de boa qualidade (41-4 e acima). Para efetivarem compras, esses demandantes precisam elevar os valores, mesmo para os lotes que apresentam alguma característica (como fibra, micronaire e cor). Algumas indústrias, contudo, ainda resistem em reajustar os valores de compra, alegando que a qualidade dos lotes é mista e dificuldade no repasse das valorizações da pluma aos derivados, principalmente fios. Nestes casos, essas unidades trabalham com a pluma já adquirida anteriormente.

Do lado vendedor, alguns produtores estão afastados do mercado, aguardando elevação nos preços, enquanto outros afirmam não ter lotes desta temporada (2016/2017) para ofertar. Tradings e comerciantes, por sua vez, também estão pouco presentes no spot. Quanto aos novos contratos de exportação, muitos envolvem a safra 2018/2019. Vários produtores afirmam já estar comprometidos para a próxima temporada, e agora aguardam o início da colheita, prevista para abril em São Paulo e em junho para Minas Gerais, Goiás e Bahia. Com isso, a liquidez para contratos está boa para entrega no segundo semestre deste ano e para 2019, com algumas entregas firmadas a partir de julho/2018. Estes negócios foram fixados no Indicador CEPEA/ESALQ, nos contratos na Bolsa de Nova York e a preço fixo em Reais ou dólar.

A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 2,59 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Diante da disputa tarifária entre Estados Unidos e China, os contratos na Bolsa de Nova York têm oscilado bastante. No entanto, a boa demanda pela pluma norte-americana dá suporte e todos os contratos acumulam alta na parcial de abril. Na parcial deste mês, o vencimento Maio/2018 apresenta alta de 1,78%, cotado a 82,91 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Julho/2018 registra avanço de 1,17%, a 82,76 centavos de dólar por libra-peso, Outubro/2018, 1%, para 80,01 centavos de dólar por libra-peso; e Dezembro/2018, alta de 0,57%, cotado a 78,17 centavos de dólar por libra-peso. Dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam aumento nas importações da Índia (segundo maior consumidor mundial) e de Bangladesh (quarto maior consumidor mundial), impulsionados pelo crescimento do consumo na safra 2018/2019.

Para a Indonésia, também se espera aumento das importações, mesmo com o consumo interno estável. Dados divulgados na terça-feira (10/04) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam produção brasileira de 1,862 milhão de toneladas na safra 2017/2018, quase 22% acima da anterior e maior que o volume projetado em março (de 1,854 milhão de toneladas). A área cultivada está estimada em 1,144 milhão de hectares (+21,9%), enquanto a produtividade deve ficar praticamente estável se comparada à da safra 2016/2017, em 1.627 Kg por hectare (-0,1%). No relatório de março, era apontada queda de 0,4% frente à temporada anterior. Em Mato Grosso, as lavouras tanto de 1ª safra como de 2ª safra estão classificadas como boas/ótimas, com produtividade projetada dentro da média histórica da cultura. Assim, ainda que a produtividade aumente 1,8%, a elevação de 18,9% na área semeada poderá resultar em produção de 1,224 milhão de toneladas na safra 2017/2018, 21,1% superior às 1,011 milhão de toneladas da temporada anterior.

Na Bahia, as lavouras apresentam bom desenvolvimento, favorecidas pelo clima e por ações estratégicas no campo. As estimativas de produtividade forma reajustadas. Enquanto em março o relatório apontava queda de 7,8% no rendimento em relação à safra anterior, agora, espera-se produtividade de 1.600 Kg por hectare, recuo de 6,8%. Assim, a expectativa é que a produção na Bahia seja de 424,2 mil toneladas na temporada 2017/2018 (+22,5%), com a área semeada estimada em 265,1 mil hectares. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), de fevereiro para março, os embarques da pluma recuaram 13,2%, chegando a 47,1 mil toneladas, mas o volume ainda está 46,6% superior ao de março/2017 (32,2 mil toneladas). Em março/2018, o faturamento foi de US$ 82,2 milhões, 11,3% inferior ao de fevereiro/2017, mas 51,1% acima do de março/2017 (US$ 54,4 milhões).

O preço médio, 79,05 centavos de dólar por libra-peso, registrou aumento de apenas 2,3% frente ao mês anterior e ficou 3,1% superior ao preço médio de março/2017. Em moeda nacional, a receita foi de R$ 269,2 milhões em março/2018, 10,3% inferior aos R$ 300,2 milhões do mês anterior, mas expressivos 58,4% maior que os R$ 170 milhões de março/2017. Em relação à importação, o volume de 1,378 mil toneladas de março/2018 é o maior desde julho/2017, assim, o aumento é significativo no comparativo com fevereiro/2018 (quando foram importadas apenas 228,7 toneladas). Se comparado ao volume de março/2017 (8 mil toneladas), contudo, a queda é de 83,7%. Em março/2018, o preço médio de importação foi de 102,30 centavos de dólar por libra-peso, recuo de 9% se comparado ao preço médio de fevereiro/2018, mas ainda 28,8% acima dos 79,40 centavos de dólar por libra-peso de um ano atrás. Fonte: Cepea. Adaptado por Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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