Preços do algodão em alta e mercado segue lento

A negociação de algodão segue lenta no mercado brasileiro. Na última semana, os preços tiveram apenas quedas pontuais, mas ainda acumularam aumento de 10,13% em abril, registrando aumento pelo sexto mês consecutivo. As fábricas seguem alongando estoques e compram só o absolutamente necessário, enquanto vendedores apresentam poucas ofertas. O mercado está travado. A maioria das fábricas tem algodão para enfrentar os próximos meses até o início da safra. Por outro lado, não se vê um movimento de oferta, com o dólar e os futuros na Bolsa de Nova York, firmes. A percepção é de que há pouco algodão na mão de produtores, enquanto tradings chegam a indicar de 400 a 500 pontos acima do Esalq. Por ora, as fábricas que precisam de algodão de qualidade superior precisavam desembolsar entre 700 e 1000 pontos de ágio sobre o Esalq para conseguir obter lotes, mas o algodão 41.4 estava sendo negociado em torno do Esalq.

Participantes do mercado acreditam que a disponibilidade só deve aumentar de fato no mês de julho. Já há safra nova no mercado, do sul da Bahia e do estado de São Paulo, mas são volumes insignificantes. A partir de fim de maio e meados de junho, começa a surgir algodão do oeste da Bahia, mas esse algodão deve ir para tradings e fábricas da Região Nordeste. Em julho, Mato Grosso, que aumentou o algodão cultivado em 1ª safra, também deve ofertar volumes. Para a safra 2017/2018, que está no campo, os preços pagos por compradores, que eram de R$ 2,60 por libra-peso, para entrega a partir de agosto, já chegaram a R$ 2,70 por libra-peso e podem atingir R$ 2,75 por libra-peso dependendo do câmbio. Ocorreram negócios a R$ 2,50 por libra-peso seis meses atrás. Esse movimento reflete o comportamento do dólar futuro em meio à incerteza sobre o ano eleitoral. O que vai determinar se o preço chegará a R$ 2,75 por libra-peso é a curva do câmbio.

Para entrega em 2019, têm saído alguns negócios on call tanto da safra 2017/2018 como da safra 2018/2019. As fábricas estão comprando a fixar. Para entrega entre janeiro e julho de 2019, período de entressafra, a indicação está 600 pontos acima da Bolsa de Nova York, considerando os vencimentos março, maio e julho, enquanto para entrega entre agosto e dezembro era possível fechar acordos a 550 pontos acima do vencimento dezembro. Algumas fábricas estão querendo fazer uma proteção. Quem comprou da mão para boca nos últimos três meses passou por dificuldades. Quando isso acontece, acaba tendo movimento de proteção. A perspectiva é de uma safra volumosa, mas o câmbio está realinhando os preços para cima, embora exista a expectativa de que os preços na Bolsa de Nova York possam recuar quando as safras do Hemisfério Norte e Sul estiverem no mercado. O mercado em Nova York está invertido porque o momento é de dificuldade de abastecimento, mas a tendência é de uma safra volumosa tanto no Hemisfério Norte quanto no Hemisfério Sul.

Na Bolsa de Nova York, os contratos futuros de algodão subiram 0,88% nos últimos sete dias. Nesta quarta-feira (02/05), fecharam em leve alta. O vencimento julho ganhou 20 pontos (0,24%) e fechou a 84,68 centavos de dólar por libra-peso. O mercado segue atento à demanda por algodão norte-americano, especialmente para a atual temporada 2017/2018. Na quinta-feira (26/04), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que o país vendeu 312 mil fardos de algodão da safra 2017/2018 na semana encerrada em 19 de abril. O resultado representa aumento de 8% ante a semana anterior e de 9% comparação com a média das quatro semanas anteriores. O ritmo de plantio nos Estados Unidos também é observado. Segundo o USDA, 12% da área prevista foi plantada até 29 de abril, avanço de dois pontos porcentuais ante a semana anterior. O número representa atraso ante os 14% de igual período do ano passado e da média de cinco anos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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