Tendência de alta dos preços do algodão no Brasil

As indústrias brasileiras estão bastante cautelosas quanto a novas aquisições de algodão em pluma no spot, à espera da chegada da volumosa safra 2017/2018. A Companhia Nacional de Abastecimento prevê crescimento de quase 22% frente à safra anterior e queda nos preços. As queixas se concentram na dificuldade de repasse das altas nas cotações da pluma para os derivados, como fio. Apesar da resistência de boa parte das indústrias em pagar os valores indicados por vendedores, o preço da fibra segue em alta no mercado doméstico nos primeiros dias de maio. A pouca disponibilidade de pluma e a baixa qualidade da maioria dos lotes justificam a valorização no spot, pois indústrias com necessidades imediatas de repor seus estoques arremataram alguns lotes. Mesmo com poucos agentes ativos no mercado spot, o Indicador do algodão CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra alta de 2,18% nos últimos sete dias, cotado a R$ 3,41 por libra-peso, após expressiva alta de 10,13% em abril.

A média de maio está em R$ 3,37 por libra-peso, abaixo apenas da média de abril/2011, de R$ 5,15 por libra-peso (valores atualizados pelo IGP-DI abril/2018). Quanto à nova temporada (2017/2018), poucos lotes de pluma colhidos no estado de São Paulo foram negociados no spot. Para Bahia, Minas Gerais e Goiás, há expectativa de início dos negócios no final de junho, se o clima continuar favorável. Até o momento, os produtores seguem otimistas quanto ao volume e à qualidade da lavoura. Para os contratos futuros, houve boa liquidez nos primeiros dias de maio, para entregas domésticas nos segundos semestres de 2018 e 2019, firmados em Real e em dólar. No entanto, para exportação, foram captados alguns contratos, incluindo os “flex” (com opção para o mercado doméstico) e concentrados para a safra 2018/2019. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 2,84 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.

Apesar da queda na demanda da pluma norte-americana na semana anterior, todos os contratos na Bolsa de Nova York registram alta neste início de mês. O fato foi justificado pela alta na cotação do petróleo, o que impulsiona o preço das fibras sintéticas. Nos últimos sete dias, o vencimento Maio/2018 registra avanço de 1,55%, cotado a 85,99 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Julho/2018 apresenta valorização de 2,56% no período, a 85,99 centavos de dólar por libra-peso; Outubro/2018, alta de 2,77%, para 82,65 centavos de dólar por libra-peso e Dezembro/2018 tem alta de 1,97%, cotado a 80,33 centavos de dólar por libra-peso. Quanto ao mercado externo, os embarques da pluma recuaram pelo sexto mês consecutivo. De março para abril, a queda foi de 39,3% e, frente a abril/2017, de 7,3%, a 28,6 mil toneladas no mês passado.

Em abril/2018, o faturamento foi de US$ 50,2 milhões, 38,9% inferior ao de março/2018, e apenas 8,9% abaixo do faturamento de abril/2017 (US$ 55,1 milhões). O preço médio, de 79,51 centavos de dólar por libra-peso, registrou aumento de apenas 0,6% frente ao mês anterior, mas recuou 1,8% frente ao preço médio de abril/2017. Em moeda nacional, a receita foi de R$ 171 milhões em abril/2018, 36,5% menor que os R$ 269,2 milhões do mês anterior, e somente 1,2% menor que os R$ 173 milhões de abril/2017. Em relação à importação, o volume de 1,533 mil toneladas de abril/2018 é o maior desde julho/2017, com aumento de 11,3% no comparativo com março/2018, mas queda de 68,2% frente aos dados de abril/2017. Em abril/2018, o preço médio de importação foi de 80,45 centavos de dólar por libra-peso, recuo de 21,4% se comparado ao preço médio de março/2018, mas 0,5% acima do de um ano atrás, de 80,03 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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