Tendência de alta do algodão com a oferta restrita

O valor do algodão em pluma segue em alta no mercado brasileiro, impulsionado pela oferta restrita. O Indicador do algodão CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra alta de 3,61% nos últimos sete dias, cotado a R$ 3,53 por libra-peso, o maior valor diário nominal desde o dia 14 de abril de 2011 (R$ 3,62 por libra-peso). A média parcial de maio do Indicador está em R$ 3,43 por libra-peso, 7,83% maior que a média de abril/2018 e quase 20% superior à média de maio/2017 (dados atualizados pelo IGP-DI abril/2018). Os vendedores disponibilizam poucos lotes da pluma no spot e pedem valores acima dos indicados por compradores, cenário que dificulta os fechamentos de negócios. Essa postura mais resistente de vendedores neste momento está balizada também no bom escoamento da safra 2016/2017 (especialmente com as exportações), na desvalorização do Real nos dois últimos meses (que desfavorece as importações) e nas incertezas quanto ao período de entrada da nova safra ao mercado spot, que vai depender de como será o final de ciclo da lavoura.

Do lado comprador, muitos adquirem pequenos volumes para atender a necessidades rápidas. Outras indústrias estão fora de mercado, trabalhando com a matéria-prima já contratada e/ou diminuem a produção. Empresas alegam dificuldade em repassar as valorizações da pluma aos derivados e, com isso, se mantêm na expectativa de queda no preço do algodão com o avanço da colheita da nova safra. Alguns negócios da pluma da safra 2017/2018 vêm sendo captados, mas, no geral, as atenções de agentes estão voltadas ao desenvolvimento das lavouras 2017/18. Além da próxima temporada, outras negociações envolvem a pluma da temporada 2018/2019, com contratos direcionados para os mercados interno e externo e “flex” (com opção para o mercado interno). Os preços variam entre os baseados no Indicador CEPEA/ESALQ e nos contratos da Bolsa de Nova York, como em valores fixos em dólar ou em Reais.

Segundo a Companha Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira de algodão pode chegar a 1,942 milhão de toneladas na safra 2017/2018, alta de 4,3% se comparada ao relatório de abril/2018 e de expressivos 27% frente à temporada 2016/2017 e seria também a maior desde 2011/2012. A área está estimada em 1,175 milhão de hectares, alta de 25,2% frente à safra 2016/2017, e a produtividade, em 1.652 quilos por hectare (+1,4%). Em Mato Grosso, as lavouras se desenvolvem bem, com a maioria da região leste do estado com a maçã formada. De abril para maio, a projeção para a área cultivada aumentou 4,2% no Estado e, frente à safra anterior, 23,9%, a 777,8 mil hectares. Nesse cenário, a produção deve somar 1,275 milhão de toneladas, 26,1% maior que a safra 2016/2017, ainda que a produtividade se eleve apenas 1,8%. Na Bahia, segundo maior produtor, a área deve ser ampliada para 265,1 mil hectares na temporada 2017/2018 (+31,5% em relação à anterior).

A produção está prevista em 451,8 mil toneladas, forte aumento de 30,5%. Em abril, a previsão era de queda de 6,8% na produtividade no Estado e, agora em maio, é previsto recuo de apenas 0,7% frente à safra 2016/2017, a 1.704 quilos por hectare. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 2,90 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Os contratos na Bolsa de Nova York apresentam oscilações nos últimos sete dias, mas acumulam queda, mesmo com a projeção de menor produção nos Estados Unidos na temporada 2018/2019. Os vencimentos estão sendo influenciados pela expectativa de menor demanda pela pluma norte-americana e pelo recuo do petróleo, que melhora a competitividade de fibras sintéticas. Nos últimos sete dias, o vencimento Julho/2018 registra recuo de 2,66%, cotado a US$ 83,70 centavos de dólar por libra-peso.

O contrato Outubro/2018 apresenta desvalorização de 1,75%, a 81,20 centavos de dólar por libra-peso; Dezembro/2018, apenas 0,59%, para 79,86 centavos de dólar por libra-peso e Março/2019 registra recuo de 0,52%, cotado a 79,65 centavos de dólar por libra-peso. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a estimativa mundial da safra 2017/2018 foi elevada, para 26,657 milhões de toneladas, crescimento de 14,8% frente à temporada anterior, crescimento vindo dos maiores produtores, como Índia, China, Estados Unidos e Brasil. O consumo também foi revisado positivamente, a 26,289 milhões de toneladas, 5,2% maior que o da safra 2016/2017. Mesmo com a forte queda no estoque da China, o estoque mundial 2017/2018 pode crescer 1,5%, atingindo 19,2 milhões de toneladas. A comercialização mundial pode ficar em 8,5 milhões de toneladas, 5,4% maior que na 2016/2017. Bangladesh, Vietnã e China permanecem como maiores importadores e os Estados Unidos, como maior exportador mundial.

Na primeira previsão para a safra 2018/2019, o USDA estima estoque mundial de 18,2 milhões de toneladas, 5% inferior ao da temporada anterior, resultado do menor estoque da China. Estima-se aumento nas demandas da Índia, Bangladesh, Turquia e Vietnã. Com isso, o consumo mundial poderá crescer 3,9%, a 27,3 milhões de toneladas, o que representa aumento pela sétima temporada consecutiva. A comercialização mundial 2018/2019 pode aumentar pela quarta temporada consecutiva, para 8,95 milhões de toneladas, alta de 4,8% frente à anterior. Na exportação, o destaque continua sendo os Estados Unidos como principal fornecedor, seguido pelo Brasil (+14,33%). Na importação, espera-se mais crescimento para Bangladesh, Vietnã e China. Para a produção mundial, a estimativa é de 26,386 milhões de toneladas, retração de 1% em relação à safra 2017/2018, com menores colheitas na China e nos Estados Unidos, não sendo compensadas pelos aumentos no Brasil e Paquistão. Fonte: Cepea. Adaptado por Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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