Tendência de recuo do preço do algodão no Brasil

Os preços do algodão se enfraqueceram no mercado brasileiro nos últimos dias, influenciados pela cautela de compradores e por algumas ofertas de pluma da nova temporada. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra leve queda de 0,41% nos últimos sete dias, cotado a R$ 3,76 por libra-peso. Na parcial de junho, a alta é de 0,52% e, na parcial de 2018, de expressivos 41,4%. A média deste mês está em R$ 3,77 por libra-peso (sendo a maior desde abril/2011), quase 6% superior à média de maio/2018 e 28,5% acima da média de junho/2017 (dados atualizados pelo IGP-DI maio/2018). Algumas indústrias têm trabalhado com a pluma armazenada e/ou abaixo da capacidade e, com isso, realizam pequenas reposições de estoque no mercado spot. Para entrega nos próximos meses, muitas unidades buscam negociar novos lotes.

Apesar da disparidade entre os preços de compradores e vendedores, vários negócios foram efetivados para entregas especialmente a partir de meados julho. Os comerciantes também estão cautelosos, entrando no mercado apenas quando há necessidade de atender a contratos. Tradings, por sua vez, estão pouco ativas, mesmo para entregas futuras. Apenas alguns contratos foram efetivados para entregas no segundo semestre de 2019. Um dos fatores se refere às incertezas quanto aos valores de frete a serem praticados futuramente. Do lado vendedor, a oferta no mercado spot ainda é baixa, visto que a colheita 2017/2018 está em ritmo lento. No geral, a expectativa é de que a disponibilidade de pluma aumente no próximo mês, fundamentados na intensificação da colheita em Mato Grosso, maior Estado produtor.

Vale ressaltar que o clima frio na virada deste mês acabou retardando o desenvolvimento de parte da lavoura. De acordo com relatório da Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (AMPA), até o dia 23 de junho, a colheita em Mato Grosso está em 0,88% da área semeada (782,9 mil hectares). O destaque é para a região sudeste do Estado, onde as atividades chegam a 2,39% da área. Na Bahia, a colheita está em bom ritmo, mas os produtores estão atendendo entregas de contratos, limitando o volume no spot. A expectativa é otimista quanto à qualidade das lavouras. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), registra média de R$ 3,27 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, todos os contratos registram queda, pressionados pela menor demanda pela pluma norte-americana, em resposta à tensão comercial entre os Estados Unidos e a China.

Há relatos de que a demanda chinesa pode se voltar para a Índia. Nos últimos sete dias, o vencimento Julho/2018 registra recuo de 1,58%, cotado a 85,94 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Outubro/2018 apresenta queda de 2,8%, a 86,18 centavos de dólar por libra-peso; Dezembro/2018 acumula desvalorização de 3,25%, indo para 84,92 centavos de dólar por libra-peso e Março/2019, queda de 3,39%, cotado a 84,73 centavos de dólar por libra-peso. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 32% da área dos Estados Unidos já floresceu, mesmo percentual de 2017, mas foi de 28% na média dos últimos cinco anos. Em relação à qualidade das lavouras, 42% estão em boas e ótimas condições, abaixo dos 57% do ano anterior; 39%, em medianas, 6% superior ao observado em 2017, e 19%, em ruins e péssimas, contra 10% no ano anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.


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