Tendência de baixa do algodão com a nova colheita

Após atingir o maior patamar de 2018 no final de junho, o preço do algodão em pluma tem recuado no mercado interno. A pressão vem do avanço da colheita em vários Estados, que elevou a disponibilidade de pluma no spot nacional. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra queda de 5,32% nos últimos sete dias, cotado a R$ 3,41 por libra-peso. Vários negócios de algodão em pluma têm sido captados, sendo a maioria para embarque imediato e envolvendo pequenos volumes. No entanto, boa parte dos lotes da safra 2017/2018 apresenta alguma característica, principalmente micronaire. No geral, os vendedores estão mais flexíveis nos valores. Os produtores estão voltados às atividades de colheita e de beneficiamento da safra 2017/2018, mas alguns entram ofertando lotes no spot, enquanto outros se concentram nas entregas de contratos.

Do lado da indústria, atentas às estimativas de boa produção e na expectativa de que os preços caíam ainda mais, adquirem pluma apenas para reposição de estoque ou para necessidade de curto prazo. Os comerciantes estão cautelosos quanto às negociações no spot, realizando novos fechamentos quando precisam cumprir contratos. De acordo com dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 10 de julho, a produção nacional 2017/2018 poderá atingir 1,96 milhão de toneladas, alta de 28,5% frente à safra anterior. A produtividade média pode ser de 1.671 Kg por hectare (+2,6%) e a área semeada, de 1,176 milhão de hectare (+25,2%). Para Mato Grosso, maior Estado produtor, com impulso de colheita prevista para julho, a produção estimada se manteve em 1,275 milhão de toneladas, aumento de 26,1% frente à temporada anterior e produtividade, em 1.640 Kg por hectare.

Quanto à Bahia, com colheita próxima dos 15% da área, a produção foi estimada em 473,2 mil toneladas, 36,7% maior que na safra 2016/2017, resultado do aumento de 3,9% da produtividade média na safra 2017/2018, estimada em 1.785 Kg por hectare. De junho para julho, a área semeada permaneceu estável, em 265,1 mil hectares. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 3,16 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os primeiros vencimentos registram alta nesta parcial de julho. Os contratos estão sendo sustentados pelo recuo do dólar no mercado internacional (o que torna a fibra norte-americana mais atraente) e pelas alterações climáticas nas lavouras dos Estados Unidos, especialmente no oeste do Texas, onde há necessidade de mais umidade. Nos últimos sete dias, o vencimento Julho/2018 registrou alta de 2,08%, cotado a 87,16 centavos de dólar por libra-peso (esse contrato foi encerrado).

O contrato Outubro/2018 registra alta de 1,66%, a 86,58 centavos de dólar por libra-peso; Dezembro/2018 apresenta valorização de 1,85%, para 85,47 centavos de dólar por libra-peso e Março/2019, 2,03%, cotado a 85,36 centavos de dólar por libra-peso. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgados no dia 9 de julho, apontam que 59% da área dos Estados Unidos já floresceu e em 21% já houve formação de maçãs. Em relação à qualidade das lavouras, 41% estão em boas e ótimas condições, abaixo dos 61% do ano anterior; 32%, em medianas, 5% inferior ao observado em 2017, e 27%, em ruins e péssimas, contra 12% no ano anterior. De acordo com o relatório de julho do Comitê Internacional do Algodão (Icac), após dois anos em queda, estima-se que a produção mundial da safra 2017/2018 aumente 15,4% frente à anterior, chegando a 26,63 milhões de toneladas. O consumo poderá crescer 6,6%, atingindo 26,15 milhões de toneladas.

Assim, o estoque mundial deve aumentar para 19,28 milhões de toneladas, 2,6% maior que na temporada 2016/2017. A comercialização mundial está prevista em 8,99 milhões de toneladas, aumento de cerca de 10% frente à safra anterior. Para a temporada 2018/2019, a previsão é que o consumo mundial continue aumentando, atingindo 27,4 milhões de toneladas, 5% maior que na safra anterior. Vale considerar que a demanda está em alta na Ásia. Com isso, a produção estimada em 25,9 milhões de toneladas poderá ficar, aproximadamente, 1,5 milhão de toneladas inferior ao consumo e, ainda, 2,6% menor que colheita da safra 2017/2018. As importações e as exportações poderão subir 3,7% frente à temporada passada, totalizando 9,32 milhões de toneladas. Nesse cenário, o estoque deverá cair para 17,8 milhões de toneladas (-7,7%). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.


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