Preços do algodão estão firmes no mercado físico

Os preços ainda firmes do algodão brasileiro antes da intensificação da colheita no País estão levando os produtores a ofertar algum volume no disponível enquanto cumprem os contratos fechados anteriormente. Por outro lado, fábricas que contrataram a fibra a valor mais alto estão avaliando lotes no spot. Enquanto isso, a comercialização antecipada das safras 2018/2019 e 2019/2020 avança pouco, com o foco nas negociações no spot e a divergência sobre preços entre compradores e vendedores. Ocorrem apenas negócios pontuais. Com os preços atuais ainda perto dos registrados na entressafra, o algodão está com valor acima do que produtores tinham vendido no ano passado para entregar neste ano. Alguns produtores haviam negociado por R$ 2,80 por libra-peso e agora querem comercializar alguns volumes em torno de R$ 3,40 por libra-peso para tentar aumentar a sua margem de lucro.

Por outro lado, algumas fábricas que fecharam contratos anteriormente a fixar para pagar um valor que hoje equivale a R$ 3,48 por libra-peso conseguem obter ofertas para pronta entrega por até R$ 3,35 por libra-peso. As fábricas tentam baixar custo de matéria-prima, e os produtores buscam aumentar os lucros. A partir da segunda quinzena de agosto, um maior volume de algodão pode entrar no mercado. Essa diferença deve começar a desaparecer quando a safra de Mato Grosso entrar forte no mercado. Conforme o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), 8,68% da safra foi colhida até o dia 20 de julho, ante 16,90% há um ano e 19,27% na média de cinco anos. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a colheita de algodão está avançando sem percalços no Brasil.

Em São Paulo, a colheita está encerrada com produtividade excelente, aproximadamente 300 arrobas por hectare. Bahia, Mato Grosso, Goiás e demais Estados estão em um nível bom de colheita, todos acima de 30% da safra já colhida, com alta produtividade. Se não houver nenhuma chuva no fim do período da colheita, possivelmente a produtividade do ano passado será superada. E, se isso ocorrer, o Brasil vai ultrapassar 2 milhões de toneladas de algodão neste ano. Até agora, a associação vinha prevendo produção de 1,9 milhão de toneladas. A expectativa é de que a produtividade atinja 1.710 quilos de pluma por hectare, em uma área 26% maior do que no ciclo anterior. Com relação à guerra comercial, a Abrapa ressaltou que o Brasil já sente maior procura por parte da China, que tem manifestado interesse em comprar 500 mil toneladas de algodão do País.

Mas, não há certeza sobre a disponibilidade de oferta, porque mais de 50% da safra já está vendida. Um grupo de produtores está indo para a China em outubro para discutir uma estratégia de aproximação com o país asiático. Como a China ficou fora do mercado nos últimos cinco anos, e outros países acabaram evoluindo na compra, agora é preciso uma readequação. A produção brasileira nas últimas três safras cresceu 80% e há bastante algodão para exportar. Como o consumo interno continua na faixa de 700 mil toneladas, todo o excedente é exportado. Os desdobramentos da guerra comercial devem influenciar o mercado de algodão. Os preços podem ser balizados pelo volume de exportação que o Brasil vai fazer em face das disputas entre Estados Unidos e China. Mas, é necessário verificar sobre o problema da logística no Brasil. Os produtores de algodão também estão sofrendo os efeitos do tabelamento dos fretes.

Há muita dificuldade de trazer fertilizante que estão hoje nos portos para as fazendas. Alguns produtores assumiram o custo e estão pagando a tabela existente. Para a negociação antecipada da safra 2018/2019, a indicação de compradores é 400 pontos acima do vencimento dezembro do ano que vem FOB no Porto de Santos (SP). Entretanto, os vendedores estão mais focados na colheita, beneficiamento, cumprimento de contratos e negociação no disponível agora. Para a safra 2020/2021, o interesse de compra é restrito. No mercado internacional, há preocupação com a demanda da China. O país asiático sobretaxou em 25% a fibra produzida nos Estados Unidos e alguns compradores chineses estão recorrendo ao produto da Índia. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.


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