Preços do algodão são pressionados pela colheita

A negociação de algodão no Brasil avança pontualmente. Produtores, enquanto colhem e beneficiam o algodão da safra 2017/2018 e cumprem contratos fechados previamente, têm ofertado alguns volumes no disponível para melhorar as suas margens de lucro, já que haviam vendido lotes antecipadamente por valor mais baixo. As indústrias esticam o máximo possível os estoques para tentar obter valores mais baixos do que os atuais quando a colheita se intensificar. Há algumas ofertas, mas fábricas estão afastadas do mercado. O preço ainda é considerado alto e não é possível repassar para fio e tecido. As indústrias indicam R$ 3,00 por libra-peso, 10% abaixo do patamar atual do Indicador. Os produtores indicam o Esalq, e tradings indicam algodão internamente entre R$ 3,40 e R$ 3,45 por libra-peso. Em 10 dias deve aumentar o volume ofertado e as negociações podem avançar mais. Houve atrasos na colheita, mas no geral a produção está boa.

No Região Centro-Oeste, começa a chegar algodão ao mercado. Fábricas sem necessidade urgente de compra aguardam valores mais baixos para os próximos meses à medida que a oferta da fibra aumentar, enquanto vendedores ainda acreditam em preços sustentados. Em Mato Grosso, os compradores estão indicando R$ 2,98 por libra-peso para retirada no sudeste do Estado. Para entrega em fábricas de Santa Catarina, a indicação está entre R$ 3,00 e R$ 3,30 por libra-peso. Em Mato Grosso, a expectativa é de uma safra excelente. Entretanto, as temperaturas mais baixas nas últimas duas a três semanas atrasaram a colheita. As fábricas tentam pressionar as cotações, atentas a uma safra de 2 milhões de toneladas no Brasil. As fábricas devem aguardar, comprando conforme a necessidade, devido à expectativa de um grande excedente.

Conforme a colheita avançar, os preços devem recuar, mas não muito abaixo de R$ 3,00 por libra-peso, porque, considerando os patamares atuais de futuros e câmbio, valores abaixo desse patamar atrairiam demanda para exportação. Algumas empresas têm buscado adquirir apenas lotes de pequenos volumes para embarque imediato, enquanto outras seguem atentas às entregas de contratos firmados, que ainda ocorrem em ritmo lento. Do lado vendedor, agentes se dividem entre atender aos compromissos e ao mercado spot. No geral, vários lotes ainda apresentam alguma característica, como fibra, resistência e especialmente de micronaire. A disputa entre compradores e vendedores quanto ao preço e à qualidade dos lotes esteve acirrada ao longo de julho.

Segundo dados divulgados no dia 1º de agosto pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), as exportações de algodão do Brasil atingiram 8,7 mil toneladas em julho deste ano, recuo de 56,9% ante o total de 19,3 mil toneladas vendidas ao exterior em igual mês do ano passado. Em receita, o País faturou US$ 16,1 milhões com o embarque da pluma em julho, montante 51,1% inferior ao de US$ 31,4 milhões registrado um ano antes. Quando comparadas a junho deste ano, as exportações do setor em volume caíram 5,8% em volume e 5,5% em receita. Em junho de 2018, o País havia embarcado 8,8 mil toneladas e, com isso, chegou ao faturamento de US$ 16,3 milhões. Para a safra 2018/2019, os compradores indicam 78,00 centavos de dólar por libra-peso, para retirada em Mato Grosso do Sul, porém os vendedores aguardam oportunidade mais remuneradora.

A referência de compra FOB no Porto de Santos (SP) está 200 pontos acima de dezembro do ano que vem. Os compradores indicam 78,00 centavos de dólar por libra-peso, para retirar na região do médio-norte de Mato Grosso, mas os produtores já negociaram anteriormente por esse valor. A perspectiva de rentabilidade do algodão de US$ 800,00 a US$ 1.000,00 por hectare tem sido atrativa para expansão de área. Contudo, com a alta do frete após a instituição da tabela, as negociações antecipadas ficaram mais lentas. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos informou, no dia 30 de julho, que 43% da safra do país tinha condição boa ou excelente até a semana passada, melhora de 4% ante a semana anterior. A parcela, no entanto, ainda é menor do que a registrada um ano antes, de 56%. Nas últimas semanas, os ganhos da fibra vêm sendo sustentados pelo clima desfavorável no oeste do Texas, principal região de cultivo dos Estados Unidos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.


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