Tendência de baixa do preço do algodão no Brasil

O cenário de baixa liquidez no mercado da pluma registrado em janeiro continua sendo observado nestes primeiros dias de fevereiro. Diante da dificuldade em acertar preço e qualidade da pluma disponível, apenas alguns lotes estão sendo efetivados no spot. As indústrias ofertam valores inferiores para novas aquisições e, em sua maioria, buscam por lotes de pequenos volumes e com boas características. Outros desses agentes não estiveram ativos, trabalhando apenas com a pluma já contratada. Do lado vendedor, agentes que têm algodão com as especificações desejadas estão firmes nos preços indicados. Entretanto, boa parte do produto disponibilizado apresentava características de cor, micronaire e fibra. Assim, os comerciantes têm dificuldade em realizar negócios “casados”. Com pressão de compradores e acirrada disputa sobre os preços, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registrou queda de 4,03% em janeiro, a R$ 2,94 por libra-peso.

A média mensal de janeiro, de R$ 2,96 por libra-peso, está 2,08% inferior à média de dezembro/2018, e somente 0,25% abaixo da de janeiro/2018, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de dezembro/2018). Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador se mantém estável, cotado a R$ 2,94 por libra-peso. No mercado internacional, o primeiro vencimento da Bolsa de Nova York registra queda de 1,48% nos últimos sete dias. Em janeiro, a média nominal do Indicador ficou 11,6% acima da paridade exportação, a maior desde julho/2018. Nesse cenário, ora tradings ofertavam lotes no mercado interno, ora estavam recuadas. Os produtores, por sua vez, alegam que estão com boa parte da produção da safra 2017/2018 comprometida. Assim, seguem com os embarques da pluma já contratada tanto para o mercado interno como para o externo. Quanto às negociações antecipadas, ao longo de janeiro, indústrias demonstraram interesse em novas aquisições para embarque nos próximos meses e também envolvendo a pluma da nova temporada (2018/2019).

Dessa forma, realizaram programações a preço fixo e baseados no Indicador. Dados captados em janeiro/2019 indicam que as negociações para embarque no segundo semestre de 2019 tiveram média de US$ 77,32 centavos de dólar por libra-peso, ficando 2,72% abaixo do registrado em dezembro/2018 (79,48 centavos de dólar por libra-peso. Para exportação envolvendo a pluma da temporada 2019/2020, a média das informações captadas em janeiro foi de 74,44 centavos de dólar por libra-peso, recuo de 5,55% frente à do mês anterior (78,81 centavos de dólar por libra-peso). Em janeiro, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), foi de R$ 2,65 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Apesar das oscilações ao longo de janeiro, todos os contratos na Bolsa de Nova York acumularam alta, influenciados pela elevação do preço do petróleo e pela queda do dólar no mercado internacional, que podem estimular a demanda pela fibra natural.

Ainda, há expectativa quanto às negociações entre os Estados Unidos e a China. Entre 31 de dezembro e 31 de janeiro, o vencimento Março/2019 teve alta de 3,05%, fechando a 74,40 centavos de dólar por libra-peso, e o Maio/2019, avanço de 2,94%, para 75,66 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Julho/2019 se elevou 3,04%, a 76,90 centavos de dólar por libra-peso e o Out/2019, 1,86%, para 74,95 centavos de dólar por libra-peso. Dados do Comitê Internacional do Algodão (Icac) divulgados no dia 1º de fevereiro estimam que a produção da safra 2017/2018 pode chegar a 26,72 milhões de toneladas, 15,8% acima do registrado na temporada anterior. O consumo está previsto para aumentar 9,7%, a 26,9 milhões e a comercialização mundial está projetada em 9,09 milhões de toneladas, 11% maior que no período anterior.

Dessa forma, o estoque mundial deve ser de 18,51 milhões, queda de 1,4% frente à safra 2016/2017. Para a temporada 2018/2019, deve haver queda de 3% na colheita mundial, indo para 25,9 milhões de toneladas, com destaque para a Índia, que deve ter sua produção reduzida em 7% devido às chuvas insuficientes. No entanto, a China deve aumentar a colheita em 1%, para 5,94 milhões de toneladas, recuperando o primeiro lugar como principal produtor mundial, que havia sido perdido para a Índia na temporada 2015/2016. Ainda com relação à safra 2018/2019, o consumo pode chegar a 26,8 milhões de toneladas, 0,3% menor que na temporada 2017/2018. O estoque mundial pode cair frente à safra anterior, em 4,7%, a 17,64 milhões de toneladas. Para a comercialização global, a previsão é de aumento de 2,8%, chegando a 9,34 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.


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