Tendência de preços estáveis do algodão no Brasil

Os compradores se mantêm cautelosos nas aquisições de pluma no mercado spot, trabalhando com o produto já contratado e/ou ofertando valores inferiores aos pedidos por vendedores. Assim, apenas alguns fechamentos têm sido captados no spot, ora com o comprador sendo flexível quanto à qualidade, ora o vendedor cedendo quanto ao preço. Vale ressaltar, no entanto, que muitos vendedores com pluma de melhor qualidade seguem firmes nos preços indicados, enquanto outros permaneceram retraídos, apenas cumprindo entregas de contratos. No geral, verifica-se disputa entre agentes relacionados aos lotes disponibilizados. A qualidade diversificada (com características como cor, micronaire, fibra e resistência) limita as negociações. Nesse cenário, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuo de 0,25% nos últimos sete dias, a R$ 2,93 por libra-peso. Na parcial de fevereiro, o Indicador registra queda de apenas 0,17%.

A média parcial deste mês, de R$ 2,94 por libra-peso, está 0,68% inferior à de janeiro/2019, e 0,88% abaixo da de fevereiro/2018, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de janeiro/2019). Quanto aos contratos para entregas futuras, a liquidez está baixa para entregas nos mercados interno e externo. No entanto, algumas indústrias realizam negócios para embarque futuro, seja para os próximos meses ou envolvendo o algodão da temporada 2018/2019, especialmente, realizados a preços fixos. De acordo com o 5º levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a temporada 2018/2019, o aumento de 33% na área com algodão deve resultar em elevação na produção nacional. A colheita pode atingir 2,564 milhões de toneladas, crescimento de 27,9% frente à safra anterior, favorecida também pelo clima. Entretanto, a produtividade média está prevista em 1.641 quilos por hectare, redução de 3,9%.

Em Mato Grosso, foram semeadas 1,05 milhão de hectares na safra 2018/2019, área 34,9% maior que a da temporada anterior. O incremento de área esteve atrelado ao aquecimento do mercado da pluma e à melhor rentabilidade frente a outras culturas. A produção pode atingir 1,72 milhão de toneladas, 33,4% maior que à da safra 2017/2018. A produtividade média poderá ter redução de 1,1% (1.640 quilos por hectare). Na sequência, a Bahia poderá colher 547,8 mil toneladas, 9,9% maior que na temporada 2017/2018. Apesar do expressivo aumento na previsão de área a ser semeada (+25,9%), a produtividade média poderá cair 12,7%, para 1.650 quilos por hectare. As lavouras em áreas de sequeiros já foram finalizadas, avançando para as lavouras irrigadas em fevereiro. De acordo com relatório do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o semeio da safra 2018/2019 atingiu 98,51% da área esperada, 8% acima ao mesmo período de 2018.

Na Bolsa de Nova York, todos os contratos registram queda, pressionados pela baixa do preço do petróleo e pela alta do dólar no mercado internacional, pois ambos podem desestimular a demanda pelo algodão. Além disso, houve influência da elevação da estimativa de estoques globais e do recuo na projeção de consumo mundial. Nos últimos sete dias, os vencimentos Março/2019 e Maio/2019 apresentam desvalorização de 3,04% e 3,13%, para 70,55 centavos de dólar por libra-peso e 71,76 centavos de dólar por libra-peso, respectivamente. O contrato Julho/2019 registra recuo de 3,06%, a 73,13 centavos de dólar por libra-peso, e Outubro/2019, 1,79%, a 72,95 centavos de dólar por libra-peso. De acordo com informações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgadas no dia 8 de fevereiro, a produção global da safra 2017/2018 é estimada em 26,9 milhões de toneladas, 16% maior que na 2016/2017, enquanto o consumo está previsto em 26,89 milhões de toneladas, crescimento de 5,5%.

A comercialização mundial na temporada 2017/2018 é estimada em 8,9 milhões de toneladas, com aumentos de 8,6% nas importações e de 7,9% nas exportações frente à safra anterior. O estoque está previsto em 17,5 milhões de toneladas na safra 2017/2018, apenas 0,8% maior que o da anterior. Para a temporada 2018/2019, a produção mundial deve atingir 25,79 milhões de toneladas, ficando 0,2% inferior à estimada em dezembro/2018 e 4,2% menor que a da temporada anterior, pressionada pela Índia e pelos Estados Unidos, que registram quedas de 6,9% e 12,1%, respectivamente. Enquanto a China deve manter a produção estável em 5,987 milhões de toneladas, para o Brasil, estima-se que a safra 2018/2019 atinja 2,48 milhões de toneladas, 23,7% maior que a anterior e 3,6% superior ao divulgado no relatório de dezembro/2018. O consumo está previsto em 26,9 milhões de toneladas, somente 0,9% acima do da safra 2017/2018.

Mesmo com o estoque mundial reajustado positivamente frente às últimas informações de dezembro/2018 (+3,2%), ainda deverá ficar 6,9% menor que o da temporada anterior, totalizando 16,4 milhões de toneladas. A comercialização global poderá ser de 9,2 milhões de toneladas, com aumentos de 3,4% nas importações e nas exportações na temporada 2018/2019. Em novembro e dezembro de 2018, o Brasil exportou volumes mensais recordes, tendo a China como principal destino. Assim, os preços brasileiros favoráveis e as altas tarifas chinesas sobre o algodão dos Estados Unidos tornaram a pluma do Brasil uma alternativa atraente. Nesse cenário, com as importações da China elevadas em 31,1% frente à temporada 2017/2018, para 1,6 milhão de toneladas na safra 2018/2019, e os estoques da China sendo os menores desde 2012/2013, espera-se que o Brasil possa contribuir para atender à demanda. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.


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