Comercialização futura de algodão está aquecida

A alta do dólar teve efeito limitado sobre a negociação no disponível, mas estimulou a comercialização futura, principalmente da safra 2019/2020, uma vez que boa parte da safra 2018/2019, que está no campo, já foi vendida. Para pronta entrega, a negociação é pontual e ocorre principalmente entre comerciantes e indústrias. O indicador Cepea/Esalq para pagamento em 8 dias está cotado a R$ 2,93 por libra-peso. Em Santa Catarina, a negociação no disponível é lenta, com muita variabilidade de qualidade no algodão ofertado e divergência entre compradores e vendedores sobre preços. Os poucos negócios que têm sido fechados no disponível são com indústrias de pequeno porte, que trabalham com estoque menor. Quem tem dado liquidez ao mercado são comerciantes. Há registro de negócios com volumes pequenos de comerciantes para fábricas a R$ 2,80 por libra-peso ou menos. Boa parte do algodão que tem sido ofertado apresenta problemas de cor e HVI.

Os produtores estão firmes nas indicações, especialmente pela fibra de qualidade superior. Ainda tem abril, maio, junho e julho de entressafra. Assim, eles aguardam por momento considerado mais oportuno para comercializar o algodão. Os produtores indicam o Esalq ou entre R$ 2,85 e R$ 2,87 por libra-peso. Tradings não têm ofertado a fibra internamente, pois o dólar subiu muito. Trading não está competitiva e indica o Esalq para cima. Em Minas Gerais, apesar de haver ofertas no disponível, a negociação ocorre pontualmente. Há oferta de alguns lotes de qualidade superior, mas a maior parte é de qualidade razoável a baixa. Há registro de negócios entre R$ 2,82 e R$ 2,88 por libra-peso, para entrega na Região Sudeste e pagamento em 8 dias, de produtores e comerciantes com fábricas. AS indústrias reclamam que as vendas de fios e tecidos seguem abaixo do esperado. Mesmo com o grande volume escoado para exportação nos últimos meses, ainda deve sobrar algodão em estoque no fim da atual temporada de comercialização, em junho.

Os recentes fortalecimentos do dólar frente ao Real e dos futuros na Bolsa de Nova York fizeram com que agentes se voltassem para as safras 2018/2019 e 2019/2020, efetivando vários contratos para os mercados externo e doméstico. O dólar ajudou a destravar a negociação futura, mas parte do efeito foi contrabalançada pelo recuo dos futuros na Bolsa de Nova York ocorrido no dia 26 de março. Da safra 2018/2019, há registro de negócios de produtor para indústria entre R$ 2,70 e R$ 2,75 por libra-peso, para entrega em indústrias das Regiões Sul e Sudeste entre agosto e dezembro. Entretanto, mesmo com a valorização do dólar, altas nos preços são limitadas pela perspectiva de safra recorde no Brasil. Por outro lado, a movimentação é limitada pelo fato de que produtores já estão bem vendidos. Há maior interesse em vender a safra 2019/2020. Também há registro de negócios para exportação por 150 a 200 pontos acima do vencimento dezembro da Bolsa de Nova York FOB no Porto de Santos (SP).

Para a safra 2019/2020, há registro de negócios pontuais entre 66,00 e 67,00 centavos de dólar por libra-peso ou entre R$ 2,69 e R$ 2,70 por libra-peso, para retirada no sudeste de Mato Grosso de agosto a novembro do ano que vem. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão fecharam em baixa nesta quarta-feira (27/03). O mercado foi pressionado pelo recuo do petróleo e pela expectativa de aumento da área plantada nos Estados Unidos. O vencimento maio recuou 94 pontos (1,21%) e fechou a 76,95 centavos de dólar por libra-peso. A área nos Estados Unidos deve subir pela quarta temporada consecutiva. Deve haver incremento de 2,9% no plantio em 2019/2020, para 14,45 milhões de acres. A produção de algodão também deve aumentar em outros países em 2019/2020. Isso inclui a Índia, onde os rendimentos devem se recuperar da queda do ano passado. Um incremento também é esperado para o Paquistão e outros países da região, bem como para a Austrália, Brasil e China.

A produção global deve crescer 7%, para um recorde de 126,5 milhões de fardos. A guerra comercial ainda pressiona a cotação da fibra, mas, após o baixo nível de importações nos últimos anos e a forte queda de estoques no país, a China precisaria aumentar importações, o que pode estimular a procura por algodão norte-americano. No entanto, os 25% de tarifas punitivas sobre as importações dos Estados Unidos que estão em vigor desde o último verão do Hemisfério Norte impediram até agora negócios de tamanho significativo. A maior produção global e estoques volumosos fora da China devem pesar sobre o preço do algodão em 2019/2020. A cotação deve ficar em 70,00 centavos de dólar por libra-peso no quarto trimestre de 2019. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.


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