Tendência de queda do preço do algodão no Brasil

Apesar do ritmo lento de negociações de algodão em pluma para entregas rápidas, alguns lotes têm sido efetivados, devido à flexibilidade de vendedores quanto ao preço. A maioria dos lotes é mista em características, como cor, micronaire e fibra curta. Os compradores, por sua vez, buscam por lotes de qualidade, especialmente as indústrias, mas indicam valores inferiores aos pedidos por vendedores. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuo de 1,07% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,91 por libra-peso. Na parcial de abril, o Indicador registra queda de 0,73%. A média parcial deste mês, de R$ 2,93 por libra-peso, está 0,32% superior à média de março/2019, mas 14,04% abaixo da de abril/2018, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de março/2019). Do lado vendedor, os comerciantes tentam realizar negócios “casados” e/ou para cumprir contratos, enquanto outros ainda seguem firmes nos preços indicados. Alguns produtores alegam que estão com boa parte da safra comprometida e seguem com embarques. Tradings ora estão ativas, ora se retraem no spot.

Para os contratos antecipados, negócios foram captados tanto para o mercado interno como o para o externo, envolvendo pluma de três temporadas (2017/2018, 2018/2019 e 2019/2020). Quanto aos preços, variaram entre os fixos (em Reais ou em dólar) e os a fixar baseados no Indicador ou nos contratos da Bolsa de Nova York. Os produtores acompanham o desenvolvimento da próxima temporada e estão atentos ao volume de chuva nas lavouras e, de modo geral, estão satisfeitos. De acordo com o sétimo levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado no dia 11 de abril, a produção nacional de algodão na temporada 2018/2019 está projetada em 2,647 milhões de toneladas, aumento de 2,8% frente aos dados de março/2019 e elevação de significativos 32% se comparada à colheita da temporada 2017/2018. Ainda que a produtividade média possa recuar 2,2%, indo para 1.670 Kg por hectare na safra 2018/2019, a Conab a reajustou em 1,8% frente à projeção de março/2019.

O aumento de 35% na área semeada na temporada 2018/2019 inclui tanto regiões que normalmente cultivam algodão como também a incorporação de novas áreas. Mato Grosso e Bahia, juntos, têm mais de 88% da área projetada para a cotonicultura em 2018/2019. Sendo assim, em Mato Grosso, a área cultivada deve aumentar 37% na comparação com 2017/2018, para 1,066 milhão de hectares, e a produtividade média está prevista em 1.650 Kg por hectare (+0,5%), fazendo com que a colheita possa atingir 1,759 milhão de toneladas. Na Bahia, a área deve ser de 332 mil hectares na temporada 2018/2019 (+25,9%). A colheita está estimada em 577,7 mil toneladas, elevação de 15,9% na comparação com a anterior. A produtividade média deve recuar 7,9% no mesmo comparativo, projetada em 1.740 Kg por hectare. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 2,92 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.

Os contratos na Bolsa de Nova York registram queda. Além do aumento na projeção de estoque norte-americano, os vencimentos foram pressionados pelo recuo do petróleo e pelo fortalecimento do dólar no mercado internacional, pois ambos tendem a reduzir a demanda por algodão. Nos últimos sete dias, o vencimento Maio/2019 registra desvalorização de 3,08%, cotado a 76,49 centavos de dólar por libra-peso, e Julho/2019, queda de 2,48%, a 77,04 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Outubro/2019 registra recuo de 1,93%, para 76,09 centavos de dólar por libra-peso e o Dezembro/2019, baixa de 1,66%, cotado a 75,88 centavos de dólar por libra-peso. Segundo informações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgadas no dia 9 de abril, a produção global da safra 2018/2019 é estimada em 25,9 milhões de toneladas, 3,9% menor que na 2017/2018 (26,9 milhões de toneladas), mesmo com a China elevando em 0,9% o volume produzido e o Brasil, em expressivos 28%, podendo chegar a uma produção de 2,57 milhões de toneladas. O consumo está previsto em 26,8 milhões de toneladas, somente 0,3% acima do da safra 2017/2018. Vale considerar que o Brasil está em sétimo colocado, com consumo esperado de 762 mil toneladas.

A comercialização mundial na temporada 2018/2019 é projetada em 9,16 milhões de toneladas, com aumentos de 2,6% nas importações e de 2,9% nas exportações frente à safra anterior. Bangladesh deve aumentar em 5,3% o volume importado na safra 2018/2019 e o Vietnã, em 4,3%, enquanto a China tem crescimento previsto de 6,7% frente ao relatório de março/2019 e de significativos 39,8% se comprado à safra 2017/2018. O maior exportador mundial, os Estados Unidos, deve reduzir suas vendas em 5,3% frente à safra anterior, influenciado pela redução das importações do México. O Brasil, por sua vez, tem aumento projetado de 43,75%, para 1,3 milhão de toneladas exportadas, sendo o segundo maior exportador mundial. O estoque global está previsto em 16,6 milhões de toneladas na safra 2018/2019, 5,7% menor que o da safra 2017/2018, pressionado principalmente pela redução de 12,9% dos estoques da China e de 6,5% do volume da Índia. Para o Brasil, a expectativa é que o estoque atinja 2,4 milhões de toneladas (+27,2%). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.


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