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03/Jul/2019

Tendência de recuo do preço do algodão no Brasil

O mês de junho foi marcado pela espera da entrada efetiva de algodão da nova safra 2018/2019 no spot. Agentes de indústrias aguardaram maior oferta nos próximos meses e, consequentemente, preços menores. Nesse cenário, as compras no spot envolveram pequenos volumes, no intuito de atender à necessidade imediata. Os vendedores, por sua vez, estiveram flexíveis nos preços indicados, mas os compradores ofertam valores ainda menores. Os produtores também estiveram atentos às atividades no campo e ao desenvolvimento das lavouras. Apesar do ritmo lento de colheita ao longo do mês, assim como beneficiamento, os produtores alegam estar com boa parte da produção comprometida em contratos. Assim, no mês de junho, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, caiu 5,45% e, no acumulado ano (de 28 de dezembro a 1º de julho), a baixa é de 11,11%. A média de junho, de R$ 2,79 por libra-peso, está 3,05% inferior à de maio/2019 e expressivos 29,39% abaixo da de junho/2018, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de maio/2019).

Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador registra queda de 0,97%, cotado a R$ 2,72 por libra-peso. Diante das vendas enfraquecidas dos derivados, as empresas permanecem trabalhando com a pluma já contratada e/ou relaram estarem estocadas, seja de matéria-prima ou produto acabado. Além disso, a dificuldade em encontrar a pluma dentro das características desejadas limitam ainda mais as negociações. Em São Paulo, várias efetivações envolvendo a pluma da nova temporada foram captadas ao longo de junho. Na segunda quinzena, alguns lotes da temporada 2018/2019 de outras regiões, como Bahia e Mato Grosso, foram disponibilizados no mercado, mas a disparidade de preço dificulta os fechamentos. De acordo com dados da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), 74,1% da safra brasileira 2017/2018, estimada em 2,005 milhões de toneladas, teria sido comercializada até o dia 28 de junho. Deste total, 58% foram direcionados ao mercado interno, 31,6%, ao externo e 10,3%, para contratos flex (exportação com opção para mercado interno).

Para a próxima temporada, dados indicam que ao menos 34,5% da produção de 2018/2019 (projetada em 2,676 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento - Conab) foi comercializada no mesmo período, sendo 45,3% ao mercado doméstico, 35,9%, para exportação e 18,8%, para contratos flex. As exportações brasileiras seguem atingindo novos recordes. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os embarques na atual temporada (de agosto/2018 a julho/2019) somam 1,262 milhão de toneladas até junho/2019, superando o recorde da safra 2011/2012. Em junho, as exportações efetivadas foram de 61,6 mil toneladas, significativamente superior às 8,8 mil toneladas no mesmo período de 2018 e o maior volume para um mês de junho, desde 1996. Quanto aos preços, embora esteja 1,8% menor que o registrado em maio/2019, o valor médio de 75,77 centavos de dólar por libra-peso (ou de R$ 2,92 por libra-peso) esteve 4,7% acima das vendas praticadas no mercado interno em junho/2018.

O faturamento em junho foi de US$ 102,9 milhões, 26,5% inferior ao de maio/2019, mas seis vezes maior que o de junho/2018 (US$ 16,3 milhões). Quanto às negociações para embarque futuro, os preços internacionais têm desestimulado vendedores, deixando o ritmo de fechamentos lento. Em junho, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), recuou 5,98%, pressionada pela baixa de 3,62% do Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente e pela desvalorização de 2,29% do dólar. A média mensal da paridade foi de R$ 2,59 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente, quedas de 6,26% em relação à do mês anterior e de 19,1% frente à de junho/2018 (R$ 3,21 por libra-peso). No mesmo período, a média do Índice Cotlook A recuou 3,25% frente à de maio/2019 e 20,6% se comparada à de junho/2018. Na comparação mensal, o dólar se desvalorizou 3,37%, mas na anual houve alta de 2,1%.

Em junho, os contratos na Bolsa de Nova York acumularam queda, influenciados pela expectativa de produção mundial volumosa, pelo enfraquecimento da demanda pela fibra dos Estados Unidos, pelo avanço do petróleo e pelo fortalecimento do dólar no mercado internacional, sendo que esses dois últimos fatores tendem a desestimular a procura pelo algodão norte-americano. Além disso, agentes seguiram atentos ao andamento das negociações entre Estados Unidos e China. No mês de junho, o vencimento Julho/2019 se desvalorizou 7,24%, a 63,15 centavos de dólar por libra-peso, e o Outubro/2020 teve baixa de 2,98%, para 65,75 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Dezembro/2019 caiu 1,48%, a 66,08 centavos de dólar por libra-peso e Março/2020, 1,55%, a 66,69 centavos de dólar por libra-peso.

Em relação à temporada 2019/2020 norte-americana, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou, em relatório divulgado no dia 1º de julho, que 37% da área já floresceu, abaixo dos 41% de um ano atrás e ligeiramente inferior à média das últimas cinco safras, de 39%. Além disso, em 7% da área dos Estados Unidos já houve formação de maçãs, menor que os 11% do mesmo período de 2018. Em relação à qualidade das lavouras, 52% estão em boas e ótimas condições, acima dos 43% do ano anterior; 30% estão em condições medianas, 3% abaixo do observado em 2018, e 18% estão ruins e em péssimas condições, contra 24% no ano anterior. O Comitê Internacional do Algodão (Icac) estima produção mundial 2018/2019 de 25,7 milhões de toneladas, com menores colheitas nos Estados Unidos, Paquistão e Austrália, devido ao clima desfavorável.

Com o consumo global ficando em 26,7 milhões de toneladas, o estoque totaliza 17,8 milhões de toneladas, 4,3% inferior ao da safra 2017/2018, sendo 47,49% da China, a menor das últimas quatro safras. Incertezas quanto ao crescimento do estoque mundial e ao consumo, que poderá vir dos países emergentes do continente asiático, inibem as previsões para a safra 2019/2020. Entretanto, preliminarmente, o estoque 2019/2020 poderá se expandir para 18,7 milhões de toneladas, aumento de 4,6% frente à safra anterior, com o estoque para os demais países (excluindo a China) atingindo 10,5 milhões e o da China ficando em 8,2 milhões de toneladas (representando 43,85%). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.