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22/Jan/2020

Boi: China tenta renegociar contratos de exportação

A China, que em 2019 se tornou o principal destino de exportação de carne bovina do Brasil, tenta renegociar contratos já firmados com o objetivo de baixar preços. Desde meados de novembro, os chineses já se mostram reticentes com o fechamento de novos contratos, por causa dos elevados valores da proteína. Na medida em que o país asiático se abastecia para os festejos do Ano-Novo chinês, os importadores reduziram o nível de compras e, agora, a perspectiva para o curto prazo é de manutenção no baixo nível de vendas externas da carne, mesmo em meio aos problemas sanitários espalhados pela Ásia. O fato é que a China está renegociando preço. Assim, haverá um esfriamento no mercado de exportação. Este não é um movimento direcionado exclusivamente ao Brasil.

A China está buscando repactuações com todos os fornecedores. No caso do Brasil, como um contêiner leva, em média, 40 dias para chegar ao importador, eles aproveitam este espaço de tempo para negociar. Os chineses diminuíram o apetite de compras e estão fazendo pressão para valores menores e renegociando cargas vendidas antes. Participantes do setor estão apreensivos diante da situação. Com relação ao mercado externo, especificamente China, muitos agentes seguem preocupados com as cargas negociadas e, consequentemente, o que será consolidado.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados na segunda-feira (20/01) mostram que a média diária dos embarques da carne in natura nas três primeiras semanas de janeiro alcançou 6,1 mil toneladas, ante 7,1 mil toneladas em dezembro. Em relação a janeiro/2019, no entanto, a média está 29,7% acima, visto que naquela ocasião eram enviadas ao exterior somente 4,7 mil toneladas por dia. Com o resultado, o Brasil já exportou 73 mil toneladas neste mês e obteve faturamento de US$ 369,9 milhões. Alguns dos contratos que os chineses tentam renegociar foram fechados em novembro e dezembro. Na época, o preço médio estava entre US$ 4.857,60 e US$ 5.049,70 por tonelada.

O cenário de exportação extraordinária ocorrido no último trimestre de 2019, e causado pela peste suína africana (PSA), foi um movimento atípico. No pico registrado em outubro, as vendas internacionais de carne bovina in natura bateram o recorde mensal de 170,5 mil. Considerando o produto processado, houve recorde de 1,847 milhão de toneladas no acumulado de 2019, alta de 12,4% ante o volume embarcado em 2018, segundo levantamento da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). No ano passado, a China respondeu por 26,7% do total embarcado pelo país, 494.078 toneladas, crescimento de 53,2% na comparação com 2018. Em receita, o avanço foi de 80%, para US$ 2,67 bilhões.

Quanto à perspectiva para o curto prazo, a média de embarques esperada para fevereiro tende a ser semelhante à deste mês. A exportação não deve se recuperar a ponto de interferir no preço médio da arroba do boi gordo, que está em queda, pressionado, principalmente, pelo fraco consumo interno. Em janeiro, além de recuo nas compras da China, também estão caindo as vendas para países considerados importantes como Rússia e Irã. Uma sustentação aos preços da arroba pode estar na oferta. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apesar da chegada da safra de bovinos terminados a pasto, a disponibilidade de bois para venda continua restrita e o setor está em um ano de retenção de matrizes, fatores que ajudam a limitar as quedas nas cotações. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.