Tendência de pressão baixista sobre preço do milho

A tendência baixista persiste sobre os preços domésticos do milho, mesmo com maior sustentação das cotações externas. Com compradores abastecidos, fraco desempenho das exportações no primeiro trimestre de 2017, oferta da 1ª safra (verão) e clima favorável à 2ª safra (inverno), a pressão de baixa segue empurrando os preços para o alinhamento com a paridade de exportação. As fortes quedas nos preços domésticos do milho têm elevado a competitividade do cereal brasileiro no mercado internacional para níveis que não eram observados desde novembro de 2015. Com as cotações futuras na BM&F próximas dos patamares da Bolsa de Chicago, o interesse de importadores em adquirir o grão nacional vem crescendo, sendo registrado um aumento das ofertas nos principais portos do País nas últimas duas semanas.

O número de negócios efetivados, porém, ainda é limitado, dada a resistência vendedora. Maiores exportações nesse momento amenizariam o elevado excedente interno, podendo, ainda, contribuir para sustentar as cotações domésticas no segundo semestre, com a chegada efetiva da 2ª safra brasileira e quando os embarques historicamente aumentam. O excedente doméstico deve superar 42 milhões de toneladas, com safra recorde de mais de 90 milhões de toneladas. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou apenas 243 mil toneladas de milho em março, volume 61% menor que o de fevereiro e 88,5% inferior ao do mesmo período do ano passado. Na média dos primeiros dias de abril, a cotação do primeiro contrato de milho em aberto na BM&F superou em apenas 2,4% o valor do primeiro contrato em aberto na Bolsa de Chicago. Na média de março, a diferença era de 19,0% e, em fevereiro, de 26,8%.

No Porto de Paranaguá, no disponível, as ofertas apresentam média de R$ 28,49 por saca de 60 Kg nos últimos sete dias, o que equivale a US$ 152,68 por tonelada. O valor é inferior ao intervalo registrado para o milho norte-americano no Golfo do México, com mínima e máxima de US$ 155,92 por tonelada e 157,10 por tonelada, respectivamente, para o mesmo período, reforçando a maior competitividade do cereal brasileiro. No spot, as cotações do cereal seguem pressionadas por especulações quanto à possível redução na demanda doméstica, vinda dos menores interesse dos setores de aves e suínos, além da maior disponibilidade do cereal no curto prazo, principalmente nas regiões produtoras de milho da safra de verão. As estimativas de 2ª safra recorde em 2017 reforçam a pressão.

Além disso, alguns produtores vêm optando por comercializar milho em detrimento da soja, na expectativa de preços mais atrativos para a oleaginosa em momentos posteriores. Nos últimos sete dias, as cotações do milho registram queda de 1,6% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e 3,3% no de lotes (negociação entre empresas), com destaque para os recuos em São Paulo e em Mato Grosso de Sul. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas – SP) registra queda ainda mais acentuada nos últimos sete dias, de 6,7%, cotado a R$ 28,23 por saca de 60 Kg, o menor valor nominal deste 31 de agosto de 2015. Além da pressão compradora, a entrada do cereal colhido na região noroeste de São Paulo reforçou as desvalorizações. No campo, as condições das lavouras de milho seguem boas na maior parte da área nacional, apesar de nas últimas semanas as altas temperaturas e baixos índices pluviométricos terem deixado o solo mais seco. Com a chegada de uma massa de ar frio nos últimos dias, houve melhora na umidade do solo.

Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), no Paraná, a colheita da safra verão (1ª safra 2016/2017) alcançou 88% da área do Estado até o dia 3 de abril, avanço de 8% nos últimos sete dias. Segundo a Emater-RS, no Rio Grande do Sul, a colheita alcança 75% da área, avanço de 5% nos últimos sete dias. Segundo relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, na Argentina, as forte chuvas retardaram a colheita do cereal. A estimativa é que 15% da área de milho tenha sido colhida, avanço semanal de apenas 4%, mas atraso de 3% sobre igual período da safra passada. Ainda assim, a produtividade foi novamente elevada, como consequência dos bons rendimentos observados nas regiões Centro-Norte e Sul de Córdoba, sendo estimada em 8,79 toneladas por hectare.

Na Bolsa de Chicago, nos últimos sete dias, os vencimentos Maio/2017 e Julho/2017 subiram respectivos 0,9% e 1,0%, cotados a US$ 3,60 por bushel e US$ 3,68 por bushel. Na BM&F, os contratos de milho também iniciaram a semana passada em alta, mas voltaram a recuar com força na terça-feira (04/04), acompanhando o mercado físico. Nos últimos sete dias, o vencimento Maio/2017 registra expressiva baixa de 4,8%, a R$ 27,03 por saca de 60 kg. Para Setembro/2017, a variação é negativa em 1,8%, a R$ 27,17 por saca de 60 Kg. Esta é a primeira vez, desde o início das negociações, que o contrato Setembro/2017 está mais valorizado que Maio/2017, reforçando a expectativa de recuperação das exportações brasileiras. Fontes: Cepea e Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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