Tendência de alta dos preços do milho com o dólar

A tendência é de alta dos preços do milho no curto prazo no mercado brasileiro, diante da instabilidade do cenário político que gerou forte alta do dólar. Os negócios devem ficar mais aquecidos para exportação, mas a colheita da 2ª safra próxima deve limitar altas mais expressivas dos preços. Após marcar na véspera o terceiro pior pregão da história, perdendo apenas para os episódios registrados durante a maxidesvalorização de 1999, o dólar teve um movimento de correção na sexta-feira (19/05). O pânico da véspera, em função do escândalo envolvendo o presidente Michel Temer e os sócios da JBS, pode ter sido exagerado. Ainda assim, ninguém arrisca dar um palpite sobre o futuro do câmbio no curto prazo. O dólar à vista no balcão caiu 3,98%, fechando a R$ 3,2521. Na semana, a moeda avançou 4,09%. A recente forte valorização do dólar frente ao Real, devido a incertezas políticas, elevou ainda mais a competitividade do milho brasileiro no mercado internacional.

Com isso, o interesse para exportação aumentou e houve aproximação dos valores do milho no spot dos da paridade de exportação. O preço do cereal disponível no Porto de Paranaguá (PR) regsitra alta 4% nos últimos dias. Além da recente alta do dólar, a maior competitividade do milho nacional está atrelada às consecutivas baixas nos preços do cereal brasileiro. No mercado de lotes (negociação entre as empresas), a queda na cotação média desde o início deste ano chega a 32%. Como o valor pago no spot nacional ainda é mais atrativo que o para exportação, os vendedores brasileiros vinham priorizando a venda doméstica. Em Mato Grosso, na região de Sorriso, o preço do milho registra média de R$ 14,75 por saca de 60 Kg, apenas R$ 0,51 por saca de 60 Kg abaixo do da paridade de exportação, de R$ 15,26 por saca de 60 Kg, que é calculado pela diferença entre preço no Porto de Paranaguá menos o frete da primeira quinzena de maio, de R$ 13,78 por saca de 60 Kg.

Outras importantes regiões produtoras do cereal, entretanto, ainda apresentam valores no spot acima dos da paridade, mas essa diferença vem diminuindo, devido ao câmbio. O ritmo de exportação, no entanto, depende também da logística portuária, que ainda está mais voltada à soja. O line up do Porto de Paranaguá aponta dois navios para embarque de milho nas próximas semanas, com volume total de 123,2 mil toneladas. Segundo a Secreteria de Comércio Exterior (Secex), no acumulado do mês de maio, o Brasil exportou 246,7 mil toneladas de milho, volume pequeno, mas ainda assim nove vezes a mais que a quantidade de maio/2016. No mercado a termo, as negociações para entregas nos próximos meses estão em ritmo lento, condição que poderá ser alterada justamente com o aumento da paridade de exportação. No Paraná, apenas 3% da produção da 2ª safra foi comercializada, 18% abaixo do mesmo período de 2016.

Em Mato Grosso, 47% da produção foi comprometida, 36% inferior ao observado em maio/2016. Como medida de apoio à comercialização do cereal em Mato Grosso, o governo federal voltou a anunciar nova rodada de leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 25 de maio. Nas modalidades PEP (Prêmio para Escoamento do Produto) e Prepo (Prêmio Equalizador pago ao Produtor), serão ofertadas 500 mil toneladas do cereal. O prêmio inicial será divulgado dois dias antes do leilão. Na modalidade COV (Contrato de Opção de Venda), o governo leiloará 7,4 mil contratos de milho, com prêmio inicial de R$ 40,2075 por contrato de 27 toneladas. Nessa modalidade, o produtor tem a opção de vender seu produto para a Conab, a R$ 17,87 por saca de 60 Kg, até o dia 15 de setembro deste ano. No mercado spot, verifica-se queda de braço entre os compradores e os vendedores, com grande parte dos negócios sendo realizada para atender apenas necessidades de curto prazo.

No geral, os agentes estão à espera da entrada da 2ª safra, comportamento que se intensificou no final da semana passada, por causa do câmbio. Nos últimos sete dias, há registro de alta de 0,5% no mercado de balcão (valor pago ao produtor), mas baixa de 0,9% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Em São Paulo, na região de Campinas, a pressão compradora ainda prevalece, mas perdeu no final da semana passada, devido à significativa retração de vendedores. O Indicador ESALQ/BM&F registra queda de 0,7% nos últimos sete dias, cotado a R$ 27,80 por saca de 60 Kg. No campo brasileiro, o clima segue favorável às lavouras da 2ª safra de milho, mas muitos produtores estão atentos aos riscos de geadas. No Paraná, 7% da área estadual está na fase de maturação, 28%, na de floração e 61%, na de frutificação. Em Mato Grosso, alguns produtores já começaram a colher as primeiras áreas na região norte do Estado. Caso o clima siga favorável, a colheita deve ser intensificada nas próximas semanas.

Nos Estados Unidos, com menor volume de chuva, a semeadura chegou a 71% da área nacional até o dia 14 de maio, avanço de 24% nos últimos sete dias e 1% acima da média dos últimos cinco anos. Na Argentina, as precipitações dificultam a continuidade da colheita, que avançou apenas 1,3%, alcançando 33,1% da área nacional. A produtividade no país segue elevada, mantendo a estimativa de produção em 39 milhões de toneladas. Na Bolsa de Chicago, nos últimos sete dias, os vencimentos Julho/2017 e Setembro/2017 registram queda de 0,9% cada um, cotados a US$ 3,66 por bushel e a US$ 3,73 por bushel, respectivamente. Na BM&F, as altas do dólar impulsionaram os valores. Os contratos Setembro/2017 e Novembro/2017 apresentam altas de 4% e 4,5%, nesta ordem, a R$ 27,96 por saca de 60 Kg e a R$ 28,25 por saca de 60 Kg. Fontes: Cepea e Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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