Tendência baixista com início da colheita da 2ª safra

Com fracas exportações entre janeiro e maio e o avanço da colheita da 2ª safra, a tendência é de baixa dos preços do milho no curto e no médio prazos. O aumento do ritmo de exportações poderá frear a queda de preços, mas a projeção de uma colheita recorde na 2ª safra e de falta de espaços de armazenagem no Centro-Oeste pode dificultar a recuperação dos preços. A proximidade da intensificação da colheita da 2ª safra de milho, intervenções governamentais e o dólar mais forte frente ao Real voltaram a aquecer as negociações para exportação nos portos brasileiros. No Porto de Paranaguá (PR), os preços do milho disponível registram alta de 1,5% nos últimos sete dias, cotado a R$ 28,82 por saca de 60 Kg. Nas demais regiões, por outro lado, a maior oferta do cereal tem pressionado as cotações.

Além disso, os vendedores têm priorizado as exportações, devido à demanda doméstica enfraquecida. Soma-se a isso o fato de que parte ainda expressiva dos armazéns está comprometida com a soja, cuja comercialização na atual temporada está em ritmo menor que a média dos últimos anos. Segundo a Secretaria de Comério Exterior (Secex), os embarques do cereal brasileiro somaram 310 mil toneladas em maio, com aumento de fortes 63,9% em relação a abril e expressivos 143% acima da média das embarcações dos meses de maio de 2012 a 2016. Entretanto, no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, as exportações de milho somam 2,645 milhões de toneladas, 78% menos que os 12,251 milhões de toneladas embarcadas nos cinco primeiros meses de 2016. Para as próximas semanas, o line up dos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP) indicam embarcações ainda mais aquecidas, com registros de 203 mil toneladas no Porto de Paranaguá e 261 mil toneladas no Porto de Santos.

Nos últimos sete dias, os valores médios registram recuo de 2,0% no mercado de balcão (valor pago ao produtor), queda mais intensa em relação às semanas anteriores. No mercado de lotes (negociações entre as empresas), há registro de queda de 1,9% nos últimos sete dias. Em maio, as baixas foram de 2,6% e 2,2%, respectivamente. Em São Paulo, na região de Campinas, a pressão compradora permanece e os vendedores apresentam comportamento mais flexível, o que favorece a realização de negócios nos últimos sete dias. Nesse cenário, o Indicador ESALQ/BM&F apresenta queda de 2,2% nos últimos sete dias, cotado a R$ 26,52 por saca de 60 Kg. Na variação mensal, a baixa foi de significativos 5,9%. Na quinta-feira (01/06), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou a quarta rodada de leilões públicos de milho, para facilitar a comercialização do cereal em Mato Grosso, o maior produtor brasileiro desta temporada.

Nas modalidades PEP (Prêmio para Escoamento do Produto) e Prepo (Prêmio Equalizador pago ao Produtor), foram negociados 147 mil toneladas e 338,33 mil toneladas das 500 mil toneladas ofertadas pela Conab para cada modalidade, o que representa demandas de 29,40% e 77,67%, respectivamente. Para os Contratos de Opção de Venda, a demanda foi novamente de 100% para os 7.400 contratos de 27 toneladas ofertados. Nesta operação, no entanto, diferente das três anteriores, não houve ágio, sendo o prêmio de fechamento igual ao de abertura, de R$ 40,2075 por contrato. A quinta rodada de leilões foi anunciada para o dia 8 de junho, quando serão ofertados 7,4 mil Contratos de Opção de Venda, 800 mil toneladas para Pepro e 303 mil toneladas para PEP. No campo, as chuvas mantiveram o ritmo de colheita lento, devido à dificuldade de entrada das máquinas e ao aumento da umidade do grão. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), em Mato Grosso, o avanço foi de apenas 0,8% nas atividades, totalizando 1,1% da área até o dia 26 de maio.

Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), no Paraná, onde a maioria das lavouras são avaliadas em boas condições (95%), a área colhida da 2ª safra se manteve em 1% até o dia 30 de maio. Segundo a Bolas de Cereais de Buenos Aires, na Argentina, o ritmo também é lento, devido à alta umidade do solo que dificulta a entrada de máquinas nas regiões de Córdoba e Buenos Aires. Até o dia 1º de junho, a área colhida chegou a 38,4%, avanço semanal de 2,4%, com produtividade média estimada em 8,72 toneladas por hectare. Nos Estados Unidos, o ritmo de plantio segue alinhado ao observado em anos anteriores. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os 18 maiores produtores de milho do país avançaram 7% nos últimos sete dias, ao semearem 91% da área prevista para esta temporada, levemente abaixo da média do quinquênio 2012-2016, de 93%.

As condições das lavouras são inferiores às do ano passado. Da área plantada, 65% está em condições boas ou excelentes contra 72% em 2016, e 35% estão em condições entre razoáveis e ruins, 7% maior que do ano passado. Na Bolsa de Chicago, os contratos de milho apresentaram grande volatilidade nos últimos dias, devido às incertezas climáticas nos Estados Unidos. Após iniciarem a semana em alta, impulsionados por possibilidade de atraso na semeadura do cereal norte-americano, as cotações voltaram a cair com força no dia 30 de maio, após a divulgação do relatório do USDA mostrando alinhamento das atividades de semeio desta temporada com as anteriores. A preocupação com a qualidade do grão, no entanto, levou a uma recuperação parcial dos preços.

Nos últimos sete dias, os vencimentos Julho/2017 e Setembro/2017 registram leves altas de 0,3% e 0,4%, cotados a US$ 3,70 por bushel e US$ 3,78 por bushel, respectivamente. Em maio, as valorizações foram mais significativas, de 1,1% cada. Na BM&F, os contratos de milho continuam em queda, acompanhando o mercado físico. Nos últimos sete dias, o contrato Setembro/2017 registra recuo 0,8%, cotado a R$ 26,75 por saca de 60 Kg. O vencimento Novembro/2017 apresenta recuo de 2,0%, cotado a R$ 27,43 por saca de 60 Kg. Em maio, o contrato Setembro/2017 acumulou queda de 1,3%, enquanto o Novembro/2017 teve leve alta de 0,1%. Fontes: Cepea e Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


Voltar

Copyright 2017 Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica
Todos os direitos reservados.