Tendência é de pressão baixista durante a colheita

A tendência é de que a pressão baixista siga intensa durante a colheita, especialmente nos Estados que são os maiores produtores de milho 2ª safra. As exportações ainda não deslancharam, os leilões do governo estão sendo insuficientes para escoar parte mais expressiva da safra recorde e haverá sérios problemas de armazenagem em toda Região Centro-Oeste. As cotações do milho têm apresentado comportamentos distintos dentre as regiões. Enquanto os preços em Mato Grosso e Goiás recuaram com força nos últimos dias, devido ao avanço da colheita, no Paraná, em São Paulo e em Mato Grosso do Sul, os valores reagiram, por causa da retração de vendedores no mercado spot. A posição recuada dos vendedores está atrelada à uma possível perda de qualidade do grão e atraso na colheita, em função de chuvas volumosas no Centro-Sul do Brasil e previsão de geadas na Região Sul no final de semana passado.

As negociações a termo para exportação estão aquecidas, devido à alta do dólar e dos preços no mercado internacional. Nesse ambiente, os compradores domésticos, com necessidade imediata, acabaram pagando mais pelo cereal. Segundo os line ups dos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), há previsão de embarque de 696 mil toneladas nas próximas semanas, sendo que o Porto de Santos apresenta o maior carregamento, com sete navios nomeados. O Indicador ESALQ/BM&F registra alta de 2,5% nos últimos sete dias, cotado a R$ 27,19 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os mercados de balcão (valor pago ao produtor) e mercado de lotes (negociações entre as empresas) registram alta de 0,3% cada. No levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado no dia 8 de junho, houve aumento na estimativa de safra no Brasil, para o recorde de 93,8 milhões de toneladas. Novamente, o aumento de área no Centro-Oeste do País foi o principal fator para a elevação, com a 2ª safra agora estimada em 63,5 milhões de toneladas.

Para safra de verão (1ª safra 2016/2017), a produção foi estimada em 30,3 milhões de toneladas, como consequência da melhora na produtividade. Quanto ao consumo, a estimativa foi mantida em 56,1 milhões de toneladas. As exportações seguiram projetadas em 26 milhões de toneladas de fevereiro/2017 a janeiro/2018. Com isso, a projeção do estoque final é de um recorde, de 20,2 milhões de toneladas. Pela quinta semana consecutiva, a Conab realizou mais uma rodada de leilões de apoio à comercialização de milho voltada para produtores de Mato Grosso. Na modalidade PEP (Prêmio para Escoamento do Produto), houve melhora significativa na demanda, sendo negociadas 267 mil toneladas das 330 mil toneladas ofertadas, o que representa 80,91% deste volume. No Pepro (Prêmio Equalizador pago ao Produtor), houve demanda para 73,70% (589,57 mil toneladas) do volume ofertado. Quanto aos Contratos de Opção de Venda, continuaram apresentando demanda para 100%, sendo negociados todos os 7.400 contratos ofertados. Sem ágio, o prêmio ficou igual ao da abertura, de R$ 40,2075 por contrato de 27 toneladas.

Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), no Paraná, as atividades de colheita estão em ritmo lento, devido à alta umidade do solo que, por sua vez, é decorrente de chuvas volumosas nas últimas semanas. Assim, a área colhida da 2ª safra alcançou apenas 1% até o dia 5 de junho. Na Argentina, o ritmo da colheita esteve melhor, com avanço de 3,7% em relação à semana anterior, chegando a 42% da área até o dia 8 de junho. Os bons rendimentos nas lavouras mantêm a estimativa de produção da Bolsa de Cereais em 39 milhões de toneladas, com rendimento médio de 8,68 toneladas por hectare. Quanto ao semeio nos Estados Unidos, as atividades se aproximam do final. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os dezoito maiores produtores de milho do país avançaram 5% na semana passada, ao semearem 96% da área prevista para esta temporada, apenas 1% abaixo da média de 2012-2016, considerando-se o mesmo período.

Na Bolsa de Chicago, os contratos de milho reagiram com força nos últimos dias, como resultado do clima adverso às lavouras norte-americanas. Apesar de o avanço da semeadura estar alinhado com o dos últimos anos, a qualidade do cereal é baixa, situação que pode piorar com a previsão de temperaturas elevadas no Meio Oeste dos Estados Unidos. Os vencimentos Julho/2017 e Setembro/2017 estão cotados a US$ 3,85 por bushel e a US$ 3,93 por bushel, patamar que não era observado desde o início de março deste ano. Nos últimos sete dias, os respectivos contratos registraram altas de 4,1% e 4,0%, nesta ordem. Na BM&F, os futuros também acumulam alta. Nos últimos sete dias, o contrato Julho/2017 registra alta de 1,5%, cotado a R$ 26,65 por saca de 60 Kg. O vencimento Setembro/2017 registra valorização de 2,9% e Novembro/2017, 3,6%, cotados a R$ 27,52 por saca de 60 Kg e a R$ 28,40 por saca de 60 Kg, na mesma ordem. Fontes: Cepea e Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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