Tendência de novas baixas com avanço da colheita

A tendência é de mais baixas nos preços do milho, com o rápido avanço da colheita da 2ª safra no Brasil, clima favorável à safra 2017/2018 dos Estados Unidos, fracas exportações brasileiras no acumulado de 2017 e a entrada da safra argentina 2016/2017 no mercado global. Após duas semanas de relativa estabilidade, os preços do milho voltaram a cair, influenciados pela maior oferta. O recuo foi mais intenso nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. A melhora climática favoreceu o avanço da colheita do cereal, o que levou compradores do mercado interno a reajustar suas ofertas para baixo. O recuo dos preços do milho foi sentido com mais força no mercado spot. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), o preço registra queda de 1,3% e, no mercado de lotes (negociações entre as empresas), a queda é de 1,1%.

Em Mato Grosso, na região de Sorriso, onde a colheita está avançada, leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sustentam os preços. Em São Paulo, na região de Campinas, a resistência dos vendedores e a necessidade de alguns compradores em abastecer estoques, limitam as baixas. Porém, a entrada de milho de outros Estados foi mais intensa no final da semana passada, o que levou o Indicador ESALQ/BM&F a recuar 0,9% nos últimos sete dias, cotado a R$ 26,84 por saca de 60 Kg. Com o atual ritmo aquecido das negociações voltadas para o mercado internacional, os preços do cereal nos portos já influenciam as cotações em outras regiões do País. Pela paridade de exportação, algumas regiões do Centro-Oeste já praticam preços FOB equivalentes aos dos portos, o que indica o favorecimento das exportações.

Nas regiões de Dourados (MS) e oeste do Paraná (PR), os preços são de R$ 18,63 por saca de 60 Kg e R$ 22,08 por saca de 60 Kg, respectivamente. No Porto de Paranaguá (PR), a cotação no disponível é de R$ 28,46 por saca de 60 Kg. Ao analisar a paridade de exportação, verifica-se que as duas regiões estão R$ 1,10 por saca de 60 Kg e R$ 0,45 por saca de 60 Kg (em Dourados e no oeste do Paraná), abaixo da diferença entre os preços nos portos e o preço do frete na segunda quinzena de junho, de R$ 8,73 por saca de 60 Kg e R$ 5,93 por saca de 60 Kg, na mesma ordem. Nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP) o line up continua apontando volumes significativos para carregamento nas próximas semanas, com 860 mil toneladas entre navios atracados e esperados. No acumulado deste mês de junho, os embarques brasileiros seguem acima do que foi registrado no para o mês de junho de 2016, mas ainda bem abaixo do esperado, com total de 145,4 mil toneladas.

A comercialização do grão tem apresentado avanço significativo, como reflexo da alta do dólar e da valorização dos contratos de milho na Bolsa de Chicago. Segundo dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgados no dia 12 de junho, da produção estimada (28 milhões de toneladas), 60,5% já foram negociados, elevação de 13,8% em relação ao mês passado e 9,8% superior à média dos últimos cinco anos para o mês de junho. Na quinta-feira (22/06), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou a sétima rodada de leilões com o intuito de apoiar à comercialização de milho em Mato Grosso, na modalidade PEP (Prêmio para Escoamento do Produto), das 330 mil toneladas ofertadas, 129,51 mil foram negociadas, o que representa demanda de 60,75%. Já para a modalidade Pepro (Prêmio Equalizador pago ao Produtor), a demanda pelo 1 milhão de toneladas oferecidas chegou a 94,83%. Apenas a região norte do Estado apresentou deságio de 2,32% sobre o prêmio de abertura.

Na Argentina, o clima favorável e a finalização da colheita de soja contribuíram para o avanço dos trabalhos no campo. Até o dia 22 de junho, o país contava com 48,6% da área colhida, avanço de 3,6% nos últimos sete dias. A produtividade é estimada em 8,58 toneladas por hectare e a produção, em 39 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, as lavouras seguem em condições de desenvolvimento abaixo do ano passado, mas sem alteração em relação à semana anterior. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estado Unidos (USDA), até o dia 19 de junho, as lavouras consideradas boas ou excelentes correspondiam a 67% da área, enquanto as classificadas entre razoáveis e ruins somavam 33%, contra 75% e 25%, respectivamente, no mesmo período de 2016.

Na Bolsa de Chicago, os contratos de milho apresentam forte queda. Os dois principais fatores de pressão foram o clima mais favorável ao cereal norte-americano e a queda do petróleo. Nos últimos sete dias, os vencimentos Julho/2017 e Setembro/2017 registram recuo de 4,4% e 4,3%, cotados a US$ 3,62 por bushel e a US$ 3,70 por bushel, na mesma ordem. Na BM&F, os contratos de milho também registram queda, acompanhando o mercado físico. Nos últimos sete dias, o contrato Julho/2017 apresenta recuo de 1,1%, cotado a R$ 26,15 por saca de 60 Kg, enquanto o contrato Setembro/2017 apresenta desvalorização de significativos 2,4% no mesmo período, cotado a R$ 26,37 por saca de 60 Kg. Fonte: Cepea. Adaptado por Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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