Tendência baixista do milho com avanço da colheita

A proximidade do final da colheita da 2ª safra de milho, com aumento da oferta no mercado doméstico, amplia a pressão baixista sobre os preços do milho. Além disso, as exportações cresceram em julho, mas ainda precisam avançar com mais força para dar mais estabilidade aos preços no mercado interno. Com as cotações do milho em queda, a média desta parcial de agosto do Indicador ESALQ/BM&F (Campinas – São Paulo), de R$ 25,29 por saca de 60 Kg, é a menor, em termos reais (IGP-DI junho/2017), da série histórica do Cepea. Na quinta-feira (03/08), o Indicador fechou a R$ 25,20 por saca de 60 Kg, o preço mais baixo deste ano. Os recuos estão atrelados aos avanços da colheita no Brasil e à consequente maior oferta, à demanda interna enfraquecida e à redução dos preços de exportação, que torna a comercialização interna mais lenta e gera, inclusive, problemas de armazenagem nas regiões com grandes produções.

Nesse cenário, os produtores seguem retraídos, aguardando preços mais elevados. Alguns recorrem aos leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ou optam pelas entregas do milho comercializado anteriormente. Quando há a necessidade de liberação de espaço nos armazéns e realização de caixa, por outro lado, os compradores acabam tendo maior poder de negociação, comportamento que tem sido dominante no mercado. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), as quedas em São Paulo e no Paraná são de 1,1%. No mercado de lotes (negociações entre as empresas), a queda é de 1,5% no mesmo período. Quanto às exportações do cereal brasileiro, seguem intensas. Segundo o line-up dos portos de Santos (SP), Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC), os carregamentos de milho nas próximas semanas devem somar 1,91 milhão de toneladas.

No acumulado de julho, as exportações chegaram a 2,32 milhões de toneladas, mais que o dobro do total registrado no mesmo período do ano passado e o maior desde setembro de 2016. Em sua 11ª rodada, os leilões de apoio à comercialização do milho da Conab realizados no dia 3 de agosto, continuaram com procura elevada, apesar da leve redução dos prêmios. Nessa edição, o valor mínimo da subvenção foi de R$ 4,11 por saca de 60 Kg em Goiás e no Distrito Federal e máximo de R$ 6,18 por saca de 60 Kg no norte de Mato Grosso, baixas de R$ 0,60 por saca de 60 Kg em relação à semana anterior. Na modalidade PEP (Prêmio para Escoamento do Produto), das 60 mil toneladas ofertadas em Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal, houve demanda por 100%. Na modalidade Pepro (Prêmio Equalizador pago ao Produtor), ocorrido em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal, das 692 mil toneladas ofertadas, foram negociadas 691,87 mil toneladas (ou 99,98%).

No campo, a colheita da 2ª safra segue a todo vapor, dado que o tempo seco favorece os trabalhos. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), no Paraná, a atividade chegou aos 57% da área estadual até o dia 31 de julho, significativo avanço de 14% na semana. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), em Mato Grosso, o aumento foi de 12,75% até o dia 28 de julho, ao alcançar 87,9% da área semeada. Quanto à Argentina, o clima mais favorável ajudou a colheita, que avançou 6% nos últimos sete dias, alcançando 68,7% da área nacional, com produtividade média até o momento de 8,25 toneladas por hectare, com entrada aproximada de 27,83 milhões de toneladas até o momento. Nos Estados Unidos, as lavouras de milho continuam apresentando queda na qualidade.

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 31 de julho, as lavouras consideradas boas ou excelentes correspondiam a 61% da área, 1% abaixo do registrado na semana anterior e 14% menor que no mesmo período de 2016. Na Bolsa de Chicago, o recuo dos futuros, atrelado às chuvas ocorridas no Meio Oeste dos Estados Unidos e à demanda internacional enfraquecida, foi limitado pela menor qualidade do produto nas lavouras. Nos últimos sete dias, o vencimento Setembro/2017 registra queda de 2,9%, cotado a US$ 3,63 por bushel. Para o contrato Dezembro/2017, a baixa é de 2,3% no mesmo período, a US$ 3,77 por bushel. Na BM&F, os contratos futuros de milho apresentam leve alta nos últimos sete dias. O vencimento Setembro/2017 registra alta de 0,2% no período, cotado a 25,98 por saca de 60 Kg. O contrato Novembro/2017 está cotado a R$ 28,32 por saca de 60 de 60 Kg, alta de 1,5%. Fontes: Cepea e Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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