Etanol de milho: estudo aponta viabilidade em MT

Segundo um estudo do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), encomendado pelo Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindalcool/MT) e pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), a utilização do milho como matéria-prima para produzir etanol é viável em todo o Estado de Mato Grosso, o maior produtor brasileiro do cereal. Entretanto, a instalação de usinas do biocombustível no Estado a partir do grão tem como fator crítico a oferta restrita de biomassa para a geração de energia. Ao contrário da cana-de-açúcar, cujo bagaço é queimado nas caldeiras de unidades termoelétricas nas próprias usinas para a geração de energia, a transformação do milho em etanol gera como subproduto principal o DDG (grãos secos por destilação), utilizado em ração de animais.

Por isso, a energia consumida no processo terá de vir necessariamente de outra biomassa, nesse caso o eucalipto, sugere o estudo, destacando, porém, que a oferta de eucalipto é limitada no Estado. Segundo o levantamento, que dividiu Mato Grosso em sete regiões, apontando as facilidades e gargalos para a produção de etanol de milho em cada uma delas, há apenas 176 mil hectares de eucalipto plantado no Estado, dos quais 155 mil hectares já são consumidos pela agroindústria local de biomassa para a produção de energia. No médio-norte do Estado, maior região produtora de milho e onde se localiza Lucas do Rio Verde, há, por exemplo, um déficit de 18 mil hectares de florestas cultivadas para essa finalidade. Principal polo de produção de milho de Mato Grosso, o município sedia a FS Bioenergia, primeira usina a fabricar exclusivamente etanol a partir do grão em Mato Grosso.

Pela análise de mercado, o médio norte comporta apenas as miniusinas, para pequenos investidores e produtores que normalmente utilizam a própria produção de milho na fabricação de etanol, e grandes usinas exclusivamente de milho para grandes investidores. Enquanto esses grandes projetos têm custos que variam de R$ 405 milhões a R$ 450 milhões, com retorno financeiro a partir do sexto ano de operação, as miniusinas necessitam de aportes entre R$ 6,2 milhões e R$ 7,2 milhões, com retorno a partir do oitavo ano. A região sudeste de Mato Grosso tem um excedente de 23.266 hectares de florestas de eucalipto plantadas, mais do que todo o excedente do Estado, uma produção pecuária forte e poderia ter todos os modelos de projetos instalados. Modelos que incluem as usinas de etanol de milho; as híbridas (com processamento conjunto de cana-de-açúcar com ou sem uso de biomassa de eucalipto), bem como com o destino rentável para o DDG ao rebanho local. Essa região seria capaz também de atender a pequenos e grandes investidores.

As regiões centro-sul e o oeste de Mato Grosso teriam o perfil para abrigar grandes investidores para qualquer tipo de usina e as regiões noroeste, norte e nordeste apenas aos grandes empreendimentos. O ponto de equilíbrio financeiro para a construção de uma usina de etanol de milho em Mato Grosso leva em conta o custo médio do grão entre R$ 26,00 e R$ 36,00 por saca de 60 Kg, dependendo da região, e o preço médio pago pelo biocombustível às unidades produtoras entre R$ 1,30 e R$ 1,77 por litro. Os valores podem variar por alguns fatores, como a logística e a oferta de milho da região produtora, os gastos com energia, o uso de cana-de-açúcar na produção e leva em conta um rendimento entre 380 litros e 420 litros por tonelada processada do grão. Mato Grosso é o maior Estado produtor de milho do País. Estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que a 2ª safra do grão, de 28,61 milhões de toneladas em 2016/2017, corresponderá a 42,5% da 2ª safra brasileira.

A safra total de Mato Grosso chegará a 28,867 milhões de toneladas de milho, incluindo pouco mais de 200 mil toneladas na colheita da safra de verão (1ª safra 2016/2017), ou 29,5% do total colhido pelo País, de 97,712 milhões de toneladas do cereal. Projeções apontam que a 2ª safra de milho em Mato Grosso pode atingir 38,5 milhões de toneladas em 2024/2025. Por causa de uma logística falha e da distância para centros consumidores no mercado interno e dos portos para o escoamento externo, o Estado sofre com os preços pouco remuneradores do grão. Os preços atuais do milho variam entre R$ 11,00 e R$ 16,50 por saca de 60 Kg, ou menos da metade do ponto de equilíbrio para os investimentos em usinas de etanol a partir do grão. Em média, os valores do milho em Mato Grosso são 45% menores do que os preços praticados em São Paulo.

Com usinas produtoras de etanol de cana-de-açúcar, flex (cana-de-açúcar e milho) e sem contar a unidade exclusiva de milho inaugurada no mês passado, o Estado fabricou 1,2 bilhão de litros do bicombustível em 2016/2017. Deste total, 520 milhões de litros de foram de etanol anidro e 700 milhões de litros de hidratado. Quase todo o etanol hidratado produzido em Mato Grosso é consumido no Estado e grande parte do anidro é enviada a outros Estados, basicamente para a Região Norte do País, para ser misturado à gasolina. O setor de etanol em Mato Grosso empregou diretamente 5,6 mil trabalhadores. Cada emprego direto gerou 14 empregos indiretos, ligados diretamente à produção, e mais 10 empregos induzidos, com a demanda por serviços e comércios em cidades onde se localizam as usinas. Cada usina de etanol de milho tem capacidade de gerar 87 empregos diretos e o potencial de outros 2 mil indiretos e induzidos.

O etanol de milho tem viabilidade econômica, ajuda socialmente e ambientalmente, bastando apenas um estudo prévio. Existe ainda o potencial de se desenvolver o cultivo de milho em novas regiões onde hoje é inviável economicamente por conta dos preços. Segundo a Federação da Agricultura e Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), apesar de tecnicamente a melhor planta para a produção do etanol ser a cana-de-açúcar, o uso do milho para o combustível naquele Estado agregará valor ao grão. Mato Grosso consome apenas 14% do milho que produzido localmente. É um produto de baixo valor agregado para exportar ou enviar a outros mercados consumidores. Seria favorável se a industrialização acontece no próprio Estado. Segundo o Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindalcool/MT), é salutar a produção de etanol de milho na região, pois trata-se de energia, como combustível aos veículos e como alimento, por meio do DDG. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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