Tendência é de pressão baixista para curto prazo

No curto prazo, a colheita da safra de verão (1ª safra 2017/2018) no Brasil deve impor uma pressão baixista sobre as cotações domésticas. No médio e longo prazo, entretanto, a tendência segue sendo de preços superiores em 2018, quando comparados com 2017. Além da menor produção estimada para as duas safras de 2018, os estoques finais devem recuar e o risco climático estará presente durante o desenvolvimento da 2ª safra deste ano. Os preços do milho têm apresentado comportamento distintos entre as regiões. Enquanto na Região Sul (com exceção do Rio Grande do Sul) e na Região Centro-Oeste os preços estão em alta, devido à maior demanda, em São Paulo, as cotações apresentam forte queda, com a maior disposição de vendedores do Centro-Oeste em negociar no mercado nacional, elevando a oferta. No Rio Grande do Sul, o início da colheita do milho da safra de verão (1ª safra 2017/2018) também tem pressionado as cotações.

Neste início de ano, os compradores têm retornado ao mercado aos poucos, ainda receosos quanto às condições climáticas, ao câmbio e à oferta interna nos próximos meses. Por outro lado, produtores/cooperativas mostram mais interesse em comercializar o milho em estoque porque a colheita da soja já teve início em algumas regiões e será preciso liberar espaço nos armazéns. Assim, as negociações podem se aquecer. A maior oferta proveniente da Regiões Centro-Oeste pressionou as cotações em São Paulo nos últimos dias. O Indicador do milho ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra recuo de 3,5% nos últimos sete dias, e de 4,0% no acumulado deste mês, cotado a R$ 32,42 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços registram queda de 0,7% no mercado de lotes (negociação entre empresas), mas leve alta de 0,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor).

Quanto ao mercado externo, as exportações brasileiras do cereal seguem aquecidas. Após encerrarem 2017 com altos volumes negociados no mercado internacional, nos primeiros quatro dias úteis de janeiro já foram embarcadas 420,4 mil toneladas, com média de 105 mil toneladas por dia. Se esse ritmo se mantiver, ao final deste ano-safra de exportação, o volume deve superar 30 milhões de toneladas. No ano-safra 2016/2017 (fevereiro de 2017 a janeiro de 2018), até dezembro foram exportadas 27,794 milhões de toneladas. De maneira geral, os produtores não têm optado por negociar milho para exportação em função dos baixos preços praticados frente ao mercado interno. Nestes primeiros dias de 2018, no Porto de Paranaguá (PR), o preço médio de comercialização de lotes está em R$ 31,37 por saca de 60 Kg, 3,9% menor que o negociado na região de Campinas (SP).

Neste momento, as expectativas se voltam ao milho da safra de verão (1ª safra 2017/2018), que terá redução de 19% na produção. A queda é reflexo, sobretudo, da baixa rentabilidade da cultura em 2017, o que fez com que produtores migrassem, em muitos casos, para a soja na temporada 2017/2018. A Conab ainda não divulgou projeções para o milho da 2ª safra de 2018, mantendo-as similares às da temporada anterior. No campo, a colheita teve início, ainda que de forma tímida, em algumas regiões de São Paulo. A elevada umidade na região tem afetado as primeiras lavouras e o ritmo das atividades. No Rio Grande do Sul, a colheita, que se iniciou em meados de dezembro, atinge 10% da área total. Nessa região, a preocupação é com o tempo seco predominante, o que pode reduzir o rendimento das lavouras no Estado. No Paraná, as atenções estão voltadas ao desenvolvimento das lavouras. Até o momento, apenas 15% das lavouras estão em fase de desenvolvimento vegetativo, com 86% em boas condições e 13%, em médias.

Assim como no Brasil, as chuvas têm atingido as regiões produtoras do cereal na Argentina, o que pode auxiliar a produtividade das lavouras da atual temporada. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, com a melhora na situação hídrica, o plantio avançou 7,9% na última semana, chegando a 85,9% da área. Na Bolsa de Chicago, nos últimos sete dias, o vencimento Março/2018 registra recuo de 0,6%, cotado a US$ 3,48 por bushel. Os contratos Maio/2018 e Julho/2018 registram quedas de 0,6% e 0,7%, caindo para US$ 3,57 por bushel e US$ 3,65 por bushel, respectivamente. Na B3, os contratos futuros do milho também apresentam baixa. Nos últimos sete dias, o contrato Janeiro/2018 registra queda de 3,5%, cotado a R$ 31,95 por saca de 60 Kg. Os contratos Março/2018 e Maio/2018 registram recuos de 4,5% e 4,1%, respectivamente, cotados a R$ 32,48 por saca de 60 Kg e a R$ 32,40 por saca de 60 Kg. Fontes: Cepea e Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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