Brasil deverá liderar as exportações em dez anos

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em relatório publicado no dia 15 de fevereiro, o Brasil dominará uma boa parcela do mercado mundial de commodities nos próximos dez anos. O País será responsável pelo fornecimento de quase metade (47%) dos 205 milhões de toneladas da soja que será comercializada no mundo daqui a uma década. Em dez anos, a China vai ter uma elevação de 47% na importação de soja, atingindo um patamar de 143 milhões de toneladas da oleaginosa. Mas não vai ficar nisso: a China vai incrementar também as compras de milho. Em 2028, deverão adquirir 7,5 milhões de toneladas do cereal, um aumento de 150%. A elevação do padrão de renda na China tornará o país mais dependente do mercado externo também em relação à aquisição de proteínas. As importações de carne bovina deverão crescer 73%, atingindo 1,6 milhão de toneladas, e as de frango, 36%, num total de 660 mil toneladas.

O Brasil pode eclipsar os Estados Unidos como o maior exportador de milho dentro de cinco anos, dando fim a décadas de domínio norte-americano do mercado de um dos alimentos básicos do mundo. Produtores dos Estados Unidos, que por gerações se orgulham de estar no celeiro do mundo, agora sofrem com os preços dos grãos e infraestrutura envelhecida. Os esforços do governo norte-americano para renegociar acordos comerciais também podem afetar as exportações. Ao mesmo tempo, o Brasil está colhendo os benefícios de seu investimento massivo em infraestrutura para exportação. Em 2012/2013, o País ultrapassou os Estados Unidos como maior exportador de soja. Três anos depois, a Rússia desbancou os Estados Unidos do primeiro lugar na exportação de trigo. A expectativa é de que entre cinco e dez anos, o Brasil irá competir com os Estados Unidos para ser o primeiro exportador de milho do mundo.

O Brasil tem terras disponíveis. São centenas de milhões de hectares que podem ser voltados para a produção. Além disso, o clima é favorável e os produtores têm o know-how. Do ponto de vista agronômico, não há limites. Bilhões de dólares investidos nos portos do Brasil, principalmente na Região Norte, encerraram anos de atrasos crônicos na exportação, tornando o envio mais barato, impulsionando compras de consumidores como a China. Além de soja, o Brasil também é o maior fornecedor de carne bovina, de frango, açúcar, café e suco de laranja. O Brasil está aquém dos Estados Unidos em infraestrutura rodoviária, mas melhorias graduais são esperadas na área. Os produtores norte-americanos enfrentam seus próprios desafios. Um bloqueio no sistema de barragens nos rios do Meio Oeste feriu a reputação dos Estados Unidos como fornecedor de grãos mais confiável do mundo.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta que as exportações de milho do país vão diminuir em 6,2 milhões de toneladas, volume avaliado em aproximadamente US$ 1,0 bilhão no atual ano comercial. Enquanto isso, espera-se que as exportações de milho do Brasil aumentem em 1 milhão de toneladas ante o ano anterior, acelerando a ascensão do País no setor. Os Estados Unidos devem ser empurrados para o segundo lugar. O clima mais quente do Brasil dá aos produtores uma temporada mais longa do que seus equivalentes nos Estados Unidos. A maior parte dos produtores brasileiros pode semear o milho logo após colher a soja, plantando duas safras de milho por ano. Os produtores norte-americanos têm que esperar o inverno passar. Isso levou a um salto nas plantações de milho brasileiras, já que os produtores lutam para impulsionar a produção de soja para satisfazer a demanda da China.

Espera-se que o milho dos Estados Unidos represente apenas 33,8%das exportações globais de milho no ano-safra de 2017/2018, caindo dos 62,6% de uma década atrás. As projeções do Brasil da exportação de milho de 35 milhões de toneladas corresponderiam a 22,7% dos embarques globais. Há vinte anos atrás, o Brasil exportou apenas 6 milhões de toneladas, menos de 1% do total mundial. Dez anos atrás, ninguém acreditaria que o País alcançaria isso. Os produtores do Brasil são muito eficientes e as coisas aconteceram rápido. Os dados mais recentes do governo do Brasil mostram que o País exportou 3 milhões de toneladas de milho em janeiro, mais que o dobro das 1,45 toneladas enviadas para exterior um ano antes. Os Estados Unidos caíram brevemente da sua posição como maior exportador de milho em 2012/2013, mas isso foi causado pela seca. Da próxima vez que o Brasil ultrapassar os Estados Unidos, provavelmente será algo duradouro.

Mudanças em pactos comerciais podem acelerar o declínio da participação de mercado dos norte-americanos. Os Estados Unidos, o Canadá e o México estão renegociando o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta). Esse acordo deu aos produtores norte-americanos livre acesso ao seu principal cliente, o México, que representava 23,8% dos envios de milho dos Estados Unidos no ano-safra de 2016/2017. Os vendedores brasileiros já estão fazendo incursões ao México. Por enquanto, o USDA prevê que os Estados Unidos vão se manter como o principal exportador de milho pela próxima década, mas com a participação de mercado caindo para menos de 30%. Para os Estados Unidos é importante que consigam manter um lugar à mesa em se tratando em acordos comerciais, relações comerciais e parceiros comerciais. Fonte: Reuters. Adaptado por Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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