Tendência de alta começa a perder força no Brasil

Com o preço interno se aproximando do limite de paridade de exportação, teoricamente, se o Brasil quiser manter o ritmo de vendas externas, as cotações terão que se manter estáveis próximas aos patamares atuais. Caso isso não ocorra, o País perde competividade para os Estados Unidos e, mais tarde, para Argentina e Ucrânia, reduzindo os embarques. Com a chegada da 2ª safra, esse fator pode esfriar os preços internos ou até provocar recuos, caso não ocorram quebras na colheita. Após as consecutivas altas nos preços na primeira quinzena de março, o movimento perdeu a força. Em algumas regiões de São Paulo, do Paraná e de Mato Grosso do Sul, inclusive, os valores registram queda. Esse enfraquecimento na cotação está atrelado à pressão compradora e à menor liquidez na maior parte das regiões.

Muitos demandantes estão com estoques confortáveis no curto prazo e, por isso, mostram pouco interesse em adquirir o milho nos atuais patamares de preços. Do lado vendedor, ainda existe a preocupação quanto ao desenvolvimento das lavouras e à oferta nos próximos meses. Vale lembrar que a área da 2ª safra de 2018 deve recuar. Ainda que o valor do frete esteja em alto patamar, maiores volumes de milho de fora de São Paulo foram negociados nos últimos sete dias, vindos especialmente de Mato Grosso e Paraná. A expectativa é de que os valores dos fretes se enfraqueçam em meados de abril, devido ao atual avanço no escoamento da soja. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas – SP) registra recuo de 1,6% nos últimos sete dias, cotado a R$ 41,60 por saca de 60 Kg.

No mesmo período, os preços apresentam queda de 5,6% na região de Itapeva (SP), 4,1% na de Mogiana (SP), 1,5% no oeste do Paraná, 0,7% em Ponta Grossa (PR) e 3,4% em Chapadão do Sul (MS), todos no mercado de lotes (negociações entre as empresas). Nos últimos sete dias, os preços apresentam alta de 2,5% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 0,6% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Os aumentos nos preços são mais intensos na Região Sul do País, em função de incertezas quanto à oferta e à maior demanda regional. Nos últimos sete dias, no Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, os preços apresentam alta de 8,9%. Em Santa Catarina, na região de Chapecó, a alta é de 1,5%. No campo, o clima favorece a colheita e o plantio da 2ª safra no Brasil. No Rio Grande do Sul, a área colhida já se aproxima de 75%. Nas próximas semanas, as atenções devem se voltar à colheita da soja, que deve ganhar mais ritmo na região.

No Paraná, o plantio da 2ª safra de 2018 chegou a 93% da área total do Estado. Em Mato Grosso, os produtores têm aproveitado os altos preços praticados no mercado interno para negociar o cereal. Com isso, a comercialização da safra avançou 12% até o início deste mês, chegando a 38% da safra 2017/2018. Os produtores seguem finalizando os trabalhos de plantio da 2ª safra. Na Argentina, o clima seco auxilia os trabalhos de campo, mas prejudica a produtividade das lavouras. A produção deverá ficar em 32 milhões de toneladas, 2 milhões de toneladas a menos frente à estimativa anterior. Na B3, o comportamento retraído de compradores e em alguns casos a flexibilidade de vendedores em negociar pressionam os valores futuros. Nos últimos sete dias, o contrato Maio/2018 registra desvalorização de 2,7%, a R$ 38,02 por saca de 60 Kg.

Os contratos Junho/2018 e Setembro/2018 estão cotados a R$ 36,86 por saca de 60 Kg e a R$ 34,65 por saca de 60 Kg, quedas de 0,5% e de 1,4%, na mesma ordem. Nos Estados Unidos, as cotações do cereal também registram queda, pressionadas, na maior parte da semana, pelas desvalorizações do trigo. Apesar das vendas externas do cereal norte-americano estarem aquecidas, os dois grãos tendem a se mover na mesma direção, uma vez que ambos são substitutos na ração animal. Na Bolsa de Chicago, o vencimento Maio/2018 registra recuo de 2,8%, para US$ 3,76 por bushel. Os contratos Julho/2018 e Setembro/2018 apresentam queda de 2,6%, para US$ 3,84 por bushel e US$ 3,90 por bushel, respectivamente. Fontes: Cepea e Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


Voltar

Copyright 2018 Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica
Todos os direitos reservados.