PR: seca deve provocar forte quebra na 2ª safra

Em meio a uma forte seca, o Paraná dará início à colheita da 2ª safra de milho 2017/2018 nos próximos dias em um cenário pior do que o observado às vésperas da 2ª safra de 2015/2016, quando outra estiagem também provocou quebra de produção no Estado. Perdas ainda maiores no segundo maior produtor brasileiro poderiam dar um impulso adicional aos preços do milho, que estão firmes no mercado interno em razão dos receios envolvendo a colheita deste ano em todo o Brasil. Conforme dados do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná, 16% das lavouras de milho no Estado estão em condições ruins até agora neste ano, contra 3% em igual momento de 2016. Já o percentual de milho em boa condição estava em 75% naquele ano, ante 40% atualmente. A seca é geral. As duas grandes regiões produtoras, a oeste e a norte, estão sofrendo de forma muito igual.

A safra está em um cenário pior que a de 2016, segundo o Deral. Naquele ano, o Paraná colheu 5 toneladas por hectare, queda de 13% ante a temporada anterior. O reflexo dessa estiagem na produção ainda não é possível de ser determinado, mas está pior, sim. Geadas também impactaram a safra de dois anos atrás. A situação também é grave porque, após o atraso no plantio, parte significativa das plantações paranaenses está em estágios de desenvolvimento que demandam maior umidade (floração e frutificação), ao passo que em igual período de 2015/2016 o milho no Estado estava em uma fase mais avançada de maturação e, portanto, menos suscetível a perdas por seca. Nos últimos 60 dias, as chuvas no oeste e no norte do Paraná ficaram até 155 mm abaixo da média. Pela estimativa mais recente do Deral, de abril, o Paraná reduziu a área plantada e deve colher 12,24 milhões de toneladas de milho na 2ª safra deste ano, 8% abaixo de 2016/2017, quando as condições climáticas foram praticamente perfeitas.

O volume ainda supera as 10 milhões de toneladas de 2015/2016, mas as próximas revisões do Deral devem ser para baixo. É seguro dizer que será bem menor que esses 12 milhões de toneladas. As precipitações devem retornar ao Paraná ainda nesta semana e acumular mais de 100 mm em partes da região oeste até o fim de maio. São chuvas que farão o Estado retornar para perto da média histórica de precipitações, mas que precisarão se confirmar para ao menos limitar as perdas de produção já consumadas para o milho 2ª safra. As preocupações com a seca e a própria previsão de uma safra menor neste ano em todo o Brasil vêm sustentando os preços internos da commodity. Só em 2018, o milho acumula alta de 25%, sendo cotado acima de R$ 40 por saca de 60 Kg, em um movimento que tende a pesar sobre as indústrias de carnes, grandes consumidoras de rações feitas a partir do cereal.

Mas não só os produtores de milho depositam suas fichas nas chuvas dos próximos dias: os de trigo também. Com pouca água nas últimas semanas, o plantio do trigo no Paraná, principal produtor nacional, vinha avançando lentamente, no menor ritmo em ao menos dez anos. Mas em mais uma semana isso deve se resolver, até porque para a maior parte dos municípios está se fechando a janela de semeadura. As precipitações esperadas devem proporcionar o avanço da semeadura, finalmente. 35% da área prevista com o cereal no Estado já foi plantada, contra 47% há um ano. O Deral prevê um salto de 48% na produção de trigo deste ano, para 3,3 milhões de toneladas, ante 2,2 milhões em 2016/2017, quando diversos problemas climáticos, incluindo uma forte geada no inverno, prejudicaram as lavouras. Fonte: Reuters. Adaptado por Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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