Tendência de alta do milho com vendedor retraído

A tendência é de alta para os preços do milho, com a projeção de quebras na 2ª safra de 2018, dólar em alta elevando a paridade de exportação nos portos e oferta de venda contraída. A paralisação de caminhoneiros tem comprometido o escoamento do milho aos principais centros consumidores. Os estoques estão curtos e que, em alguns casos, indústrias já reduzem o ritmo de processamento. Em São Paulo, demandantes que vinham adquirindo o cereal da Região Centro-Oeste não recebem o produto desde o início da semana passada. Assim, em casos de necessidades, os compradores de São Paulo adquirem o milho de lugares mais próximos, mas a valores superiores. Os vendedores, por sua vez, estão retraídos, atentos à produtividade das lavouras da 2ª safra de 2018. Após o período de estiagem observado entre abril e o início de maio na Região Centro-Sul, agora, a preocupação se volta à possibilidade de geadas na Região Sul.

Nesse ambiente, os preços do milho seguem em alta, se aproximando dos R$ 45,00 por saca de 60 Kg, o maior patamar nominal desde agosto de 2016. Em São Paulo, na região de Campinas, o Indicador ESALQ/BM&F registra avanço de 4,4% nos últimos sete dias, a R$ 44,43 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, a alta é de 2,7% no mercado de lotes (negociações entre as empresas) e de 3,5% no mercado de balcão (valor pago ao produtor). Nas regiões produtoras também há registro de altas consideráveis no mercado disponível, principalmente no Paraná e no Centro-Oeste. Na região oeste do Paraná e em Ponta Grossa, as elevações nos preços do milho são de 2,4% e 5,4% nos últimos sete dias. Em Mato Grosso, na região de Sorriso, a valorização é de 3,6% no mesmo período. Em São Paulo, nos últimos sete dias, na região da Sorocabana, os preços registram alta de 2,4% e em São Carlos (SP), 5,1%.

Na B3, os vencimentos Julho/2018 e Setembro/2018 apresentam avanço de 1,3% e 0,2%, cotados a R$ 43,57 por saca de 60 Kg e a R$ 41,57 por saca de 60 Kg. No acumulado do mês, esses contratos subiram 5,7% e 1,6%, respectivamente. Nos portos, a prioridade ainda é o escoamento da soja, mas os impactos da greve de caminhoneiros já são observados. No geral, as cotações de milho seguem sustentadas pela forte valorização cambial das últimas semanas, que estimula vendedores a negociarem lotes para exportação. Nos últimos sete dias, no Porto de Paranaguá (PR), os preços registram alta de 0,9%, indo a R$ 44,52 por saca de 60 Kg, o maior patamar nominal desde meados de agosto de 2018. No campo, a forte estiagem prejudicou a produtividade das lavouras do Paraná, de Mato Grosso do Sul e de parte de Goiás.

Até o momento, não foram registradas geadas nas lavouras do cereal, mas previsões de nova frente fria preocupam. De acordo com agências climáticas, há possibilidade de geadas nos próximos dias na Região Sul do País. Muitos produtores limitam as vendas, temerosos quanto à produtividade da 2ª safra. Na Argentina, a colheita segue em ritmo lento, limitada pela alta umidade do solo, que dificulta a entrada de máquinas nas lavouras. Assim, a colheita avançou apenas 0,8%, chegando a 34,9% até o dia 24 de maio. A expectativa é de que os trabalhos sejam intensificados em junho. Nos Estados Unidos, produtores estão preocupados com a semeadura de milho, dificultada pelo clima úmido e chuvoso em importantes áreas do Meio Oeste.

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 81% da área total havia sido semeada até o dia 20 de maio, bem próximo ao número do ano anterior e em linha com a média dos últimos cinco anos, que registavam média de 82% e 81%, respectivamente. Na comparação com a semana anterior, o avanço é de 19%. Na Bolsa de Chicago, os preços avançam, impulsionados pela expectativa de maior demanda pelo cereal norte-americano decorrentes de um possível acordo entre Estados Unidos e China. Além disso, o mercado segue atento à produção da 2ª safra de 2018 no Brasil, que também pode favorecer as exportações norte-americanas. Nos últimos sete dias, os contratos Julho/2018 e Setembro/2018 registram avanço de 2,3% e 2,4%, respectivamente, cotados a US$ 4,04 por bushel e a US$ 4,13 por bushel. Fontes: Cepea e Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.


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