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O setor produtivo de Mato Grosso do Sul encontrou uma alternativa para driblar o custo mais elevado de frete após o tabelamento, situação que volta à mesa de negociação após a posse do governo de Jair Bolsonaro (PSL). Segundo a Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja-MS), o transporte de grãos tem ocorrido em curtas distâncias, com frete de valor mais baixo. A contratação de trajetos mais longos (de Mato Grosso do Sul para portos de São Paulo, Paraná ou Rio Grande do Sul, por exemplo) está praticamente parada. No Estado, a movimentação maior nesse período é com milho, pois a soja já foi, em boa parte, escoada. Da maneira como foi elaborada, a tabela de frete causa um impacto muito maior no custo para o transporte em longas distâncias, acima de 700 quilômetros. A saída encontrada, dependendo da origem da carga, foi contratar caminhões para levar os grãos até portos secos como Maringá (PR), ou hidroviários, como é o caso de Porto Murtinho (MS), às margens do Rio Paraguai.
Assim, em vez de o caminhão percorrer de Dourados (MS) até o Porto de Paranaguá (PR), numa distância de 948 Km ao preço de R$ 170,00 por tonelada, fica proporcionalmente mais barato sair de Dourados para Maringá (510 Km ao valor entre R$ 70,00 e R$ 80,00 por tonelada) ou para Porto Murtinho (MS), com 410 Km (de R$ 70,00 a R$ 80,000 por tonelada). Os modelos de negociação se resumem fundamentalmente a duas situações: na primeira, o produtor deixa o grão no armazém e oferece sua produção a cerealistas ou tradings para retirada na fazenda. Essas empresas é que vão buscar a melhor condição para escoamento. No segunda situação, o produtor carrega seus caminhões, leva aos portos e volta com carga de insumos. Este modelo começa a ganhar adeptos. Além dessa alternativa do frete curto, alguns produtores consideram a hipótese de adquirir caminhões próprios. Caso o tabelamento não caia, esta é uma alternativa.
Pelos cálculos da entidade, só a tabela de frete vai onerar entre R$ 3,00 e R$ 4,00 o custo final de produção da saca de 60 Kg soja em Mato Grosso do Sul em relação à safra anterior. Até o mês de agosto, muitos corretores de grãos afirmavam que a indefinição em torno dos preços do transporte paralisava a comercialização. Em setembro e outubro, fatores conjunturais acabaram servindo de estímulo para vendedores e compradores chegarem a um acordo e escoarem a safra. Entre eles, o risco de o dólar se desvalorizar mais ainda em relação ao Real e também a queda nos preços do milho por causa da entrada da 2ª safra de 2019 no mercado. A projeção de queda do dólar e sinalizações de que os preços de grãos despencariam no mercado internacional fizeram muitos vendedores tentarem comercializar a safra em valores ainda considerados razoáveis. Isso vale tanto para a soja estocada quanto para o milho da 2ª safra. Houve em crescimento de movimentação financeira da ordem de 20% neste período.
Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística de Mato Grosso do Sul (Setlog-MS), que reúne transportadoras que representam uma frota de 150.000 veículos, sendo 35.000 destinados ao escoamento de commodities, a movimentação média a partir das estradas da região sul do Estado envolve cerca de 14 milhões de toneladas de grãos por ano. Segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso dom Sul (Aprosoja-Ms), 70% do milho da 2ª safra do Estado (4,57 milhões de toneladas) já foi comercializado. O restante se mantém em armazéns, embora com data para sair, tendo em vista, ainda, a necessidade de deixar os armazéns desocupados para a entrada da safra de soja 2018/2019. Um dos principais problemas apontados tanto pelo comprador quanto pelo vendedor de grãos, o preço do frete e quem iria arcar com ele, acabou ficando em parâmetros considerados satisfatórios, dentro dos valores fixados pelo governo federal na tabela de frete mínimo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.