Tendência baixista para preços do milho no Brasil

A tendência é baixista para os preços do milho no Brasil, com a queda do dólar, os elevados estoques de passagem da safra 2017/2018 para 2018/2019, boa produção na safra de verão (1ª safra 2018/2019), perspectiva de expressivo aumento de área e produção na 2ª safra 2018/2019 e projeção de safra recorde na Argentina – concorrente direto do Brasil nas exportações. Os preços domésticos do milho têm apresentado comportamentos distintos dentre as regiões, refletindo as ofertas e demandas regionais. Quanto ao ritmo de negócios, especulações com relação ao impacto das chuvas irregulares no desenvolvimento das lavouras têm feito com que produtores posterguem a venda de grandes lotes e negociem apenas pontualmente. Os compradores, por sua vez, ainda não têm retomado as aquisições de forma mais expressiva, o que, de certa maneira, sustenta as cotações internas. Nos últimos sete dias, os valores registram queda de 0,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,5% no de lotes (negociação entre empresas). Em São Paulo, os valores apresentam recuo, influenciados pela entrada do cereal de outros Estados.

Os produtores seguem retraídos, ainda cautelosos quanto à safra verão (1ª safra 2018/2019) e no aguardo de um maior interesse comprador, o que limita as baixas nos valores. Na região de Campinas, o Indicador ESALQ/BM&F registra baixa de 1,3% nos últimos sete dias, cotado a R$ 38,90 por saca de 60 Kg. Na Região Centro-Oeste, a necessidade de liberação de espaço nos armazéns e os preços mais altos têm atraído os vendedores, elevando a liquidez. A maior disponibilidade de transporte também favorece as negociações. A intensificação da colheita da soja nas próximas semanas, contudo, deve alterar esse cenário. Em Mato Grosso, na região de Rondonópolis, a queda no preço do milho é de 6% nos últimos sete dias. Na Região Sul do País, enquanto os produtores do Paraná estão cautelosos quanto ao impacto das chuvas irregulares e das altas temperaturas no desenvolvimento das lavouras, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, as mesmas apresentam desenvolvimento satisfatório.

Em algumas áreas do Rio Grande do Sul os produtores já iniciaram a colheita. Diante disso, as negociações estão limitadas no Paraná e os preços, em alta. Nas regiões sudoeste e oeste do Estado, o milho registra valorização de 1,4% e 3,5% nos últimos sete dias, respectivamente. No Rio Grande do Sul, na região de Ijuí, os preços apresentam queda de 7% no mesmo período. No Paraná, 74% das lavouras do Paraná estão em boas condições e 24% têm estado médio e 2%, em ruins. Em relação às fases, 10% estão em desenvolvimento vegetativo, 27%, em floração, 55%, em frutificação e 8%, em maturação. Com relação à 2ª safra de 2019, 3% da área foi semeada. No Rio Grande do Sul, a ocorrência de chuvas ajudou na recuperação de parte das lavouras. Do total plantado, 23% estão em fase de germinação/desenvolvimento vegetativo, 15%, em floração, 38%, em enchimento de grão, 18%, maduros ou por colher e 6% já foram colhidos.

Em Santa Catarina, o plantio foi finalizado em meados de dezembro e a ausência de chuvas também deixa os produtores receosos. No entanto, com o período mais tardio de plantio, não deve haver quebra considerável. Com relação às condições das lavouras, 33% estão em desenvolvimento vegetativo, 28%, em floração, 30%, em formação de grão e 9%, em maturação. A produção da 1ª safra 2018/2019 está estimada em 27,4 milhões de toneladas, 2,4% maior que a da temporada anterior. Para a 2ª safra de 2019, a estimativa é de produção superior a 65 milhões de toneladas. A expectativa é que o plantio do milho ocorra dentro da janela ideal, devido ao rápido semeio da soja. Com isso, as estimativas para a produção total de milho no Brasil em 2019 estão acima de 93 milhões de toneladas. Quanto às exportações, em dezembro/2018, foram exportadas 4,02 milhões de toneladas de milho, o maior volume da temporada. Desta forma, no acumulado de janeiro a dezembro de 2018, o Brasil embarcou 23,92 milhões de toneladas.

Na B3, os contratos negociados registram recuos. O vencimento Março/2019 apresenta desvalorização de 2,4% nos últimos sete dias, cotado a R$ 38,30 por saca de 60 Kg. O contrato Maio/2019 está cotado a R$ 38,78 por saca de 60 Kg, queda de 2,6% no mesmo período. O contrato Julho registra recuo de 1,6%, a R$ 37,03 por saca de 60 Kg. No mercado externo, os preços estão em baixa, pressionados pela desvalorização da soja nos Estados Unidos. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2019 registra baixa de 0,92% nos últimos sete dias, cotado a US$ 3,76 por bushel. Os contratos Maio/2019 e Jullho/2019 apresentam recuo de 0,8% e 0,6%, cotados a US$ 3,84 por bushel e a US$ 3,92 por bushel, respectivamente. Na Argentina, as recentes chuvas no país, apesar de terem ajudado na recuperação das reservas hídricas, atrasam o andamento do plantio. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.


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