Tendência é de preços sustentados no curto prazo

A tendência é de pressão baixista nos próximos meses para os preços do milho no mercado brasileiro, com a queda do dólar para o patamar próximo de R$ 3,65, aumento da oferta da nova safra brasileira no mercado (1ª safra 2018/2019), mas o melhor movimento de exportações dá sustentação no curto prazo, apesar dos elevados estoques de passagem para a nova temporada. Os preços de milho acumularam leve aumento em janeiro. A elevação no ritmo das exportações das últimas semanas e o menor interesse de vendedores em comercializar o cereal sustentaram as cotações. Com o avanço da colheita da soja, os agentes priorizam a comercialização da oleaginosa, mantendo em ritmo lento a negociação do cereal. Os produtores limitaram suas ofertas para novos negócios, à espera de valorizações mais expressivas.

Além disso, a irregularidade das chuvas tem deixado os produtores cautelosos, o que fortalece o recuo vendedor. Do lado do comprador, os agentes aguardam o avanço da colheita para maiores definições de produtividade. Assim, mantêm apenas as aquisições de pequenos lotes para fazer estoques no curto prazo. Nos últimos sete dias, o movimento altista é observado na maioria das regiões, com exceção dos estados do Rio Grande do Sul e Paraná, onde os trabalhos de campo estão adiantados, o que pressiona os valores. Na Região Centro-Oeste, os produtores têm se concentrado em entregar os lotes de soja negociados antecipadamente. Em São Paulo, Santa Catarina e no Paraná, fundamentados na expectativa de maior restrição de oferta nas próximas semanas, esses agentes negociam apenas lotes pontuais, sustentando as cotações.

O Indicador ESALQ/BM&F (região de Campinas-SP) registrou alta de 1,0% entre 28 de dezembro/2018 e 31 de janeiro/2019, cotado a R$ 39,33 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, a alta do Indicador é de 1,2%, elevação limitada por ofertas pontuais de Mato Grosso do Sul. Refletindo o menor volume de negócios, os preços no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registraram avanço de 0,5% no período de 28 de dezembro/2018 a 31 de janeiro/2019. No mercado de lotes (negociação entre empresas), a alta foi de 0,9%. Nos últimos sete dias, as elevações são de 0,4% e 0,6%, respectivamente. Quanto ao mercado futuro, na B3, o vencimento Março/2019 registra alta de 1,4% nos últimos sete dias, a R$ 40,96 por saca de 60 Kg. O contrato Maio/2019 apresenta avanço de 0,9% no mesmo comparativo, para R$ 39,04 por saca de 60 Kg. Em janeiro, os aumentos foram de 3,3% e 3,6%, na mesma ordem.

De acordo com dados divulgados na sexta-feira (1º/02) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, as exportações brasileiras de milho em janeiro totalizaram 4,224 milhões de toneladas, 39,8% acima do total embarcado em janeiro de 2018, quando somaram 3,021 milhões de toneladas. No campo, os agentes estão atentos aos impactos da irregularidade das chuvas no desenvolvimento das lavouras. Com o avanço da colheita da soja, os produtores já iniciaram o plantio do milho, mas ainda aguardam índices de umidade mais elevados para intensificar os trabalhos, principalmente na Região Sul do País. Na Região Centro-Oeste, a semeadura do milho continua avançando. Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que 15,3% da área já foi semeada em Mato Grosso, com considerável avanço de 8,7% em relação à safra anterior.

A colheita da safra de verão (1ª safra 2018/2019) continua avançando no Paraná. A semeadura da 2ª safra de 2019 evoluiu nas regiões do oeste, como Toledo, alcançando 30% da área total estimada. Tipicamente, o plantio ocorre em fevereiro, mas o forte calor de dezembro adiantou a colheita de soja, permitindo também a antecipação do semeio de milho. No Rio Grande do Sul, as lavouras têm sido beneficiadas pelo clima favorável. Com relação ao cereal que está no campo, 15% estão em fase de germinação, 12%, em floração, 32%, em enchimento de grãos, 18% já estão maduros para colher e 23% do cereal já foi colhido. Quanto ao mercado externo, os preços registram recuperação nos últimos sete dias, impulsionados pela maior demanda por biodiesel nos Estados Unidos, o que aumenta a competitividade com o etanol, pois o cereal é a principal matéria-prima para a produção do etanol naquele país.

Porém, o avanço foi limitado pelo menor embarque de milho dos Estados Unidos. Segundo o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as exportações estão 20,78% menores que as da semana anterior e 11,69% inferiores na comparação com o volume registrado no mesmo período de 2018. Diante disso, na Bolsa de Chicago, o primeiro contrato (Março/2019) apresenta leve queda de 0,1% nos últimos sete dias, indo para US$ 3,76 por bushel. O vencimento Maio/2019 também registra recuo de 0,1% no mesmo período, cotado a US$ 3,85 por bushel. Na Argentina, 96,8% da área de 5,8 milhões de hectares já havia sido semeada até o dia 31 de janeiro. O bom volume de precipitações nas últimas semanas tem deixado os produtores mais otimistas quanto à produção do cereal, que agora está estimada em 45 milhões de toneladas, 2 milhões de toneladas a mais que o projetado inicialmente. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.


Voltar

Copyright 2019 Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica
Todos os direitos reservados.