Tendência de preço firme do milho no curto prazo

A tendência é de sustentação dos preços no curto prazo no mercado interno, com viés altista em algumas regiões, diante do movimento mais aquecido das exportações, vendas cadenciadas pelos produtores e baixa oferta no disponível. O bom ritmo das exportações favorece a sustentação dos preços e, por enquanto, o avanço da colheita da 1ª safra 2018/2019 não tem sido suficiente para pressionar os preços. Em janeiro/2019, as exportações atingiram 4,224 milhões de toneladas, 40% acima do embarcado no mesmo mês de 2018 e o maior volume desde outubro/2017. Com a boa evolução da 2ª safra 2018/2019 e incremento esperado de 4,8% na área plantada, a produção pode crescer até 23%, para 66,1 milhões de toneladas, totalizando uma colheita total das duas safras de 93,2 milhões de toneladas. As exportações estão estimadas em 31 milhões de toneladas em 2018/2019, expansão de 24% sobre a safra anterior, o que manteria os estoques finais em níveis elevados, projetados em 14,6 milhões de toneladas (86 dias de consumo interno).

Portanto, para o decorrer de 2019, a tendência é baixista para os preços, diante da expansão esperada para a colheita da 2ª safra, recuperação da safra da Argentina para um recorde de 45 milhões de toneladas e provável migração de áreas de soja para o cultivo de milho na próxima temporada 2019/2020 nos EUA, o que elevaria os excedentes exportáveis daquele País. Aos poucos, os compradores vêm retomando as negociações, porque sinalizam ter estoques mais curtos nas próximas semanas. Os vendedores, por outro lado, mantêm a postura retraída, fundamentados na redução da oferta e em dificuldades logísticas. No dia 12 de fevereiro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou novos números para a temporada 2018/2019 que reforçam a queda na produção da safra de verão (1ª safra 2018/2019) e o aumento da estimativa de produção da 2ª safra de 2019. Este cenário de demanda firme e retração vendedora têm mantido as cotações em alta.

Os valores estão em elevação na maior parte das regiões brasileiras, ainda com exceção do Rio Grande do Sul, onde a safra verão (1ª safra 2018/2019) é mais representativa e a colheita vem ocorrendo de maneira satisfatória. Além da retração de produtores dos estados de São Paulo e Santa Catarina, os produtores da Região Centro-Oeste que vinham ofertando volumes maiores até as semanas anteriores já têm limitado os lotes e/ou aumentado o valor de venda. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas-SP) registra alta de 3,2% nos últimos sete dias, cotado a R$ 40,82 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços do milho apresentam avanço de 1,9% no mercado de balcão (ao produtor) e de 2,0% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Os produtores continuam preocupados com o ritmo da colheita da safra de verão (1ª safra 2018/2019) e com o semeio da 2ª safra de 2019. Apesar do retorno das chuvas nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste na semana passada, os produtores indicam que ainda é necessário um maior volume de chuvas.

De modo geral, muitos têm priorizado a colheita e o escoamento da soja, já comercializada antecipadamente. Quanto à 2ª safra 2019, o plantio está mais avançado no Paraná e em Mato Grosso. No Paraná, a área semeada totaliza 47%, com 93% das lavouras em boas condições e 7%, em situação média. Além disso, 65% da lavoura está em desenvolvimento vegetativo e 35%, em germinação. O plantio atingiu 52,1% da área esperada em Mato Grosso, forte avanço de 22,3% até o dia 11 de fevereiro. Por outro lado, para que as exportações voltem a aumentar, é necessário que o Brasil melhore a competitividade internacional e que, portanto, os preços atuais caiam. Caso isso ocorra, por sua vez, os compradores internos seriam beneficiados com os menores patamares. Na B3, os primeiros contratos também apresentam recuperação, acirrando a disputa entre compradores e vendedores.

O vencimento Março/2019 está cotado a R$ 41,67 por saca de 60 Kg, elevação de 1,4% nos últimos sete dias. O contrato de Maio/2019 apresenta valorização de 1,6%, a R$ 39,43 por saca de 60 Kg. Na Argentina, o plantio dos 5,8 milhões de hectares foi finalizado, ao mesmo tempo que a colheita precoce avança em algumas regiões de Entre Rios e Santa Fé. Nos Estados Unidos, as cotações vêm recuando, refletindo ainda as tensões comerciais entre o país norte-americano e a China, o que pode reduzir a demanda de grãos. Além disso, os preços de trigo em baixa também pressionam as cotações do milho. Na Bolsa de Chicago, no acumulado dos últimos sete dias, o contrato Março/2019 registra queda de 0,5%, a US$ 3,74 por bushel. O contrato Maio/2019 também apresenta perdas (-0,3%), para US$ 3,83 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.


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