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07/Jun/2019

PR: produtores buscam restringir oferta de milho

Depois negociar o milho a valores mais remuneradores, os produtores do Paraná estão agora afastados do mercado. A janela de oportunidades aberta pela forte demanda para exportação, com dólar em alta e atraso do plantio nos Estados Unidos, se fechou com o início da colheita da 2ª safra de 2019 do cereal no Brasil, que tende a ser recorde. Esse cenário tem derrubado os preços internos. Para tentar manter as cotações, os produtores que têm espaço para armazenar adiaram novos negócios. No Estado, porém, há muitos que terão de comercializar a safra pelos preços atuais, visto que não possuem estrutura de armazenagem à disposição ou necessitam de caixa para se preparar para a safra de verão (1ª safra 2019/2020). Na segunda-feira (03/06), nas regiões oeste e norte do Paraná o milho era negociado a R$ 29,00 por saca de 60 Kg. Na terça-feira (04/06), já cedia R$ 1,00 por saca de 60 Kg e a expectativa é de que em breve, à medida que a colheita da safra avance, volte ao patamar de R$ 24,00 por saca de 60 Kg.

A Integrada, no norte paranaense, que tem 10 mil cooperados, já está avaliando alternativas aos tradicionais silos, que comportam 980 mil toneladas. A cooperativa vai recorrer a silos-bolsa, armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar) para atender à demanda dos produtores. Na Integrada, cerca de 50% do potencial produtivo de 1,2 milhão de toneladas já foi vendido antecipadamente a preços mais altos. Outra grande cooperativa do norte paranaense, a Cocamar, com 14,5 mil cooperados, orientou os produtores de milho a reduzir o ritmo de vendas durante o período da 2ª safra de 2019. A venda antecipada de milho para a cooperativa foi recorde neste ano, chegando a 30% do potencial produtivo, o que dá maior segurança para os produtores esperarem preços melhores. Em geral, eles costumam travar apenas 10% a 15% das vendas, mas neste ano a demanda das tradings proporcionou bons negócios. Os cooperados devem ter fôlego para desacelerar as vendas até novembro ou dezembro deste ano, quando as cotações tendem a reagir com menor pressão da safra.

No ano passado, 60% dos volumes estavam vendidos até novembro, mas é possível que neste ano fique em 45%, caso os preços não subam. Na Cocamar os produtores podem armazenar os grãos por um ano sem pagar taxas. Nesta cooperativa, sediada em Maringá, a capacidade de armazenagem é suficiente para atender a demanda. Para a 2ª safra de 2019, a Cocamar espera receber 1,4 milhão de toneladas de milho, um recorde histórico. Na safra anterior, foram 860 mil toneladas, devido à forte quebra na região. Outros produtores não poderão esperar muito para vender o restante da produção. O fato de as duas últimas safras de milho terem sido frustradas pelo clima no Paraná explica a situação de parte dos agricultores. Como a safra de soja não foi boa, a maioria dos produtores tem compromissos para saldar e poucos podem esperar para vender mais para frente. Na LAR, os associados têm três a quatro meses para guardar a produção nos silos sem pagar taxas. O desafio para quem negociar milho no período de safra será obter valores que cubram os custos.

O produtor precisará conseguir pelo menos R$ 25,00 por saca de 60 Kg ou não cobrirá esses custos. A indústria consumidora teme que, ao chegar ao patamar de R$ 24,00 por saca de 60 Kg, o milho deixará de ser ofertado. A demanda por milho pelo setor de carnes só deve crescer em 2019. Por causa da peste suína africana na China, a produção local caiu e os produtores de outras regiões, incluindo o Brasil, deverão ser fornecedores. Vale lembrar que a China representa cerca de metade da produção e consumo de carne suína do mundo. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) previu recentemente que as exportações de carne suína devem crescer mais de 20% em 2019. No Paraná, a colheita do cereal ainda está em fase inicial, devido a atrasos causados pela chuva, e apenas 6% do milho foi colhido, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab). A expectativa é chegar a 13 milhões de toneladas de milho na 2ª safra de 2019, 42% a mais do que no ano passado. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.