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14/Ago/2019

Preços do trigo seguem estáveis nesta entressafra

As cotações mais baixas do trigo na Argentina e a desvalorização do dólar frente ao Real em julho resultaram em novas oportunidades de fixação de preços para os moinhos nacionais, que, tradicionalmente, dependem das importações. As aquisições do trigo no mercado externo seguem crescentes e os volumes que chegaram aos portos brasileiros em julho foram realizados nos menores preços dos últimos cinco meses. Mesmo assim, o valor do produto importado ainda ficou acima do registrado no mercado disponível brasileiro. Em dólar, o preço médio do importado foi de US$ 228,93 por tonelada e, em moeda nacional de R$ 865,36 por tonelada FOB, considerando-se o câmbio a R$ 3,78 em julho. Ao adicionar os custos logísticos e despesas portuárias, a média do trigo importado supera a nacional, fator de sustentação aos preços internos.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que chegaram aos portos brasileiros 558,42 mil toneladas do trigo em julho, 33% acima da quantidade de junho. Do volume importado, a maior parte teve como origem a Argentina, mas a participação de países como Estados Unidos, Canadá, Paraguai e Uruguai aumentou. Estes foram responsáveis por fornecer, respectivamente, 82,1%, 5,5%, 5,4%, 4,4% e 2,7% do trigo importado. Tomando-se como base o ano-safra determinado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de agosto/2018 a julho/2019, foram importados 6,752 milhões de toneladas na temporada 2018/2019, volume 5,7% superior ao da campanha anterior, mas 3,5% abaixo do estimado pela Conab. Esta quantidade contribuiu para que o estoque final do ano-safra, em julho/2019, ficasse em 421,5 mil toneladas. Para a temporada atual, a previsão de importação é de 7,2 milhões de toneladas. Enquanto isso, no mercado doméstico, os valores estão oscilando.

Nos últimos sete dias, as cotações no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram recuo de 0,2% no Rio Grande do Sul e permanecem estáveis no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), a alta é de 0,5% em São Paulo, mas quedas de 1,7% Rio Grande do Sul e 1,6% no Paraná. Na Bolsa de Chicago, o cenário também é de alta, diante do maior volume exportado pelos Estados Unidos. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam que, na semana passada, foram vendidas 487,7 mil toneladas do cereal da temporada 2019/2020, volume 27% maior que o da semana anterior e 17% superior à média das quatro semanas anteriores. Assim, o contrato Setembro/2019 do trigo Soft Red Winter registra alta de 1,8% nos últimos sete dias, a US$ 4,99 por bushel (US$ 183,53 por tonelada). O trigo Hard Red Winter, negociado na Bolsa de Kansas, com contrato de mesmo vencimento, apresenta recuo de 1,1% no período, fechando a US$ 4,17 por bushel (US$ 153,22 por tonelada).

Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, os importadores têm interesse em pagar, no Porto de Buenos Aires, US$ 211,21 por tonelada pelo grão com entrega e pagamento em setembro/2019, contra US$ 217,14 por tonelada em agosto/2019. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, em relação aos preços FOB, neste mesmo porto, registram queda de 0,4% nos últimos sete dias, a US$ 243,00 por tonelada. Em relação à área de cultivo do trigo no Brasil, os dados da Conab foram reajustados negativamente em 0,18% em relação ao divulgado no mês anterior e em 2,6% frente à safra passada, passando para 1,99 milhão de hectares. Para a produção nacional, as quedas são de 1,18% e de 0,1%, na mesma ordem, somando 5,4 milhões de toneladas. Quanto à produtividade, por enquanto, apresenta resultado positivo em relação ao ano-safra anterior, a 2,725 mil toneladas por hectare, mas queda de 1% frente ao dado de julho.

No campo, os produtores brasileiros seguem atentos às condições das lavouras. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), 62% das lavouras do Paraná apresentam condições boas, 29%, médias e 9%, ruins. Do total, 4% estão na fase de maturação, 40%, de frutificação, 28%, de floração e 28%, em desenvolvimento vegetativo. Segundo a Emater-RS, no Rio Grande do Sul, na região de Ijuí, as temperaturas mais baixas, a alta luminosidade e a umidade do solo ideal durante a semana passada resultaram em bom desenvolvimento da cultura. Em geral, as plantas apresentam grande número de perfilhos, bom enraizamento e estatura de acordo com a fase de desenvolvimento. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o semeio está finalizado na Argentina e alcançou a segunda maior área implantada nos últimos 20 anos. Além disso, o clima favorável permitiu que os trabalhos de campo fluíssem rapidamente. Até o dia 7 de agosto, mais de 97% das lavouras apresentavam condições entre normal e excelente. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.