22/Mar/2021
O dólar fechou na mínima em mais de três semanas na sexta-feira (19/03), engatando a quarta queda seguida e ficando abaixo de R$ 5,50, ao fim de uma semana marcada pelo tom mais firme do Banco Central na política monetária e por expectativa de ampla liquidez no mundo com os juros baixos nos Estados Unidos. O Real revezou com a lira turca o posto de moeda com melhor desempenho global nesta sessão, depois de os bancos centrais de Brasil e Turquia surpreenderem com elevações de taxas de juros acima do esperado nos últimos dois dias. A divisa brasileira subiu 1,4% na semana, enquanto na Turquia - cujo BC promoveu um choque de juros com aumento de 200 pontos-base na taxa - a lira saltou 4,8% na semana. Também ajudou o tom mais brando do banco central dos EUA sobre inflação, que reforçou expectativas de manutenção de juros perto de zero por vários anos - cenário que favorece mercados emergentes.
Aqui, o Copom elevou os juros em 0,75 ponto percentual, para 2,75% ao ano, ante taxa de 2,50% esperada. O BC indicou ainda mais altas na taxa Selic. A sinalização do BC é positiva para o câmbio, mas ponderaram que o real segue influenciado por outros fatores. Evidência da instabilidade que ainda impera no mercado cambial, o dólar variou na sexta-feira entre R$ 5,44 e R$ 5,56. O comportamento do câmbio é muito influenciado pelo desempenho da moeda no exterior. É difícil afirmar que o dólar no exterior vai se enfraquecer. Os EUA vão crescer muito mais que outros países. Sobre a Covid, enquanto fora tudo parece estar meio parado, nos EUA a vacinação está acontecendo. Os EUA serão o primeiro país a entrar numa vida normal. Há reveses ao câmbio vindos do lado fiscal e esse elemento limita a queda do dólar abaixo de R$ 5,30 no curto prazo.
Não deve haver grande melhora na situação fiscal do país até o fim do ano. Em setembro, a discussão eleitoral vai estar bastante intensa. Isso vai contribuir para manter o dólar mais alto. O dólar spot recuou na sexta-feira 1,50%, para R$ 5,4839, menor patamar desde 24 de fevereiro. A moeda cai 2,12% em março, mas ainda sobe 5,63% em 2021. O noticiário sobre a evolução da pandemia no Brasil continuará no radar dos investidores. Nesse contexto, discussões sobre decretação de estado de calamidade pública serão acompanhadas de perto. A decretação de estado de calamidade pública em 2020 liberou o governo de cumprir metas fiscais e permitiu aumento explosivo de gastos para combate à pandemia. Com isso, o déficit primário do governo central foi a um recorde de R$ 743 bilhões, 10% do Produto Interno Bruto (PIB), deixando ainda mais exposto o problema fiscal do Brasil, que vem afetando os mercados locais há anos. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.