ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

13/Jul/2021

Meio Ambiente: governadores assumem negociações

Diante da política ambiental de Jair Bolsonaro, os governadores dos Estados estão assumindo o papel de negociar com governos estrangeiros e buscar fontes de financiamento para políticas relacionadas ao combate de mudanças climáticas. Além de contato direto com o governo do norte-americano Joe Biden, os governadores estabeleceram um canal direto com a União Europeia (UE). Na semana passada, o grupo Governadores pelo Clima se encontrou com o embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñes, com o diplomata alemão Marc Bogdahn e com a chefe do secretariado da parceria energética Brasil-Alemanha Kristina Kramer. Em pauta, investimentos em energia renovável, como eólica e solar, e a produção de hidrogênio verde. Segundo o Centro Brasil no Clima (CBC), para os governos subnacionais essa é uma oportunidade de estreitar ações internacionais e de atração de investimentos diretos, em razão do vácuo de uma diplomacia, que devia ser do governo federal.

O grupo dos governadores foi criado, em 2019, depois da ação do então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles de mudar a direção do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. No começo, congregava 12 chefes de executivos estaduais. Hoje, o grupo reúne 25 governadores, as exceções são os dirigentes de Roraima e de Rondônia, ambos do PSL e bolsonaristas. Em abril, 22 governadores assinaram uma carta enviada ao presidente Biden propondo parcerias na área ambiental e houve retorno do embaixador norte-americano. Os governadores manifestaram ao governo norte-americano a concordância com as metas do Acordo de Paris e a necessidade de se discutir, na próxima década, medidas sustentáveis que possam garantir o desenvolvimento, a redução de desigualdades. Mas, que protejam o meio ambiente.

Entre os signatários da carta estavam governadores de diferentes forças políticas, como João Doria (PSDB), Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (DEM) e Flávio Dino (PSB). Esse é um canal importante, diante do negacionismo que do governo federal na área. O tema ambiental deve ter destaque nas eleições de 2022. O clima e o meio ambiente são temas fundamentais. Se as pessoas que querem governar o Brasil não entenderem que essa é uma agenda prioritária, haverá muitos problemas para as futuras gerações de brasileiros. O governo brasileiro poderia ter uma imagem externa muito positiva se tivesse agido, se tivesse dado importância à preservação, à recuperação, à fiscalização dos desmatamentos ilegais e à fiscalização com relação às queimadas. Então, a atuação dos governadores pode complementar de alguma maneira e pode até fazer com que o governo federal dê alguma atenção a esse tema.

O aumento do desmatamento, o crescimento dos índices de pobreza e desemprego, e a crise hidroenergética que já mostram que o tempo de acender o alerta passou. É preciso agir, afirmou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Inação e a incompetência fizeram o Brasil perder o protagonismo que tinha na diplomacia climática. Os governadores de Estados com o agronegócio forte passaram a buscar a interlocução com governos estrangeiros para mostrar que não têm ligação nem protegem os envolvidos com desmatamento ilegal e grilagem de terras. Um novo incentivo para os governadores é a criação de fundos de investimento vinculados ao clima dispostos a financiar ações no País. Esse é o caso do Fundo Leaf, lançado por Estados Unidos, Reino Unido e Noruega, com a participação de empresas privadas para remunerar países tropicais pela preservação ambiental.

As verbas serão liberadas de acordo com os resultados alcançados. Os Estados da região da Amazônia Legal têm até o dia 30 de julho para apresentar suas propostas. O Leaf é uma das fontes que os Estados podem buscar. A Aliança pela Ação Climática (ACA Brasil) concluiu recentemente um levantamento sobre os recursos disponíveis aos projetos de estados e municípios em 77 fundos estaduais, nacionais e internacionais privados e públicos. O movimento dos Estados também chegou aos municípios. Mais de 100 deles relataram ao Instituto Clima e Sociedade (ICS) terem planos de ações climáticas ou assinaram algum compromisso de ação. Para o instituto, fica claro para as eleições de 2022, tanto para governos quanto para presidenciáveis, que a pauta climática será um grande diferencial de candidatos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.