ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

31/Ago/2021

Dólar cai com ajuste técnico e exterior favorável

Depois da queda de 3,52% na semana passada, o dólar até ensaiou um movimento de alta nas primeiras horas de negócios espelhando cautela com os problemas locais, mas acabou perdendo fôlego ainda pela manhã desta segunda-feira (30/08) e, após oscilar entre margens estreitas, encerrou a sessão com leve recuo, abaixo de R$ 5,19. Ajustes técnicos no mercado de câmbio, com agentes se preparando para a formação da Ptax de agosto nesta terça-feira (31/08), fluxos de exportadores e o ambiente externo favorável a divisas emergentes jogaram o dólar para baixo no Brasil, apesar das preocupações em torno do ambiente político-institucional e das contas públicas. No exterior, o DXY (que mede o desempenho da moeda norte-americana em relação a seis divisas fortes) operou entre estabilidade e leve queda, na casa de 92,600 pontos.

O dólar perdia mais de 0,30% em relação ao peso mexicano e ao rand sul-africano, considerados pares do Real. Ainda ecoa no mercado o tom ameno do discurso de sexta-feira (27/08) do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Embora tenha sinalizado o início da redução do volume mensal de bônus neste ano, Powell afirmou não há ligação direta entre o 'tapering' e o processo de alta de juros. No Brasil, após rodar entre mínima R$ 5,18 e máxima a R$ 5,22, o dólar encerrou a sessão a R$ 5,18, baixa de 0,12%. No acumulado de agosto, a moeda norte-americana acumula desvalorização de 0,40%. Na B3, o dólar futuro para setembro apresentava giro reduzido, na casa de US$ 11 bilhões, refletindo o apetite reduzido por negócios.

O Real poderia até ter se fortalecido de forma mais acentuada não fosse o clima de cautela com o Orçamento de 2022 (o prazo final para o Executivo enviar a lei ao Congresso é dia 31 de agosto), em meio à busca de soluções para compatibilizar o pagamento de precatórios e o Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família) como respeito ao teto de gastos. Não por acaso, operadores atribuíram parte da alta da moeda norte-americana no início desta segunda-feira (30/08) às tensões fiscais e política, na esteira do anúncio de que Banco do Brasil e Caixa estavam deixando a Febraban, por discordarem de teor de comunicado assinado pela entidade que supostamente traria críticas ao governo Jair Bolsonaro. Também se comentava sobre a apreensão com uma escalada retórica do presidente na semana que antecede os protestos de 7 de setembro.

Ao longo do dia, o resultado melhor do que o esperado das contas do Governo Central em julho (déficit de R$ 19,829 bilhões) e nota de esclarecimento da Febraban teriam contribuído para desanuviar o ambiente. Na nota, a entidade afirma que o texto "A Praça é dos Três Poderes", articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e elaborado por representantes de diversos setores, inclusive o financeiro, buscava harmonia e não atacar o governo ou fazer oposição à política econômica. O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), haviam dado declarações a favor de uma solução negociada com o Judiciário para os precatórios (no lugar da PEC enviada pelo Executivo) e reforçado o compromisso com o teto de gastos. Pacheco e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) devem se reunir nesta terça-feira (31/08) com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, para discutir o tema.

Para a Wise Investimentos, a notícia do encontro entre Pacheco, Lira e Fux contribuiu para a perda de fôlego do dólar. Se conseguir uma solução para adiar os pagamentos para o ano que vem, vai dar um alívio fiscal. O cenário é considerado propício para apreciação do Real e o dólar já poderia estar abaixo de R$ 5,00 não fossem as tensões políticas locais. Para a Veedha Investimentos, os problemas fiscais e políticos continuam a prejudicar o desempenho do Real, a despeito da percepção de fluxo de recursos de investidores estrangeiros, provavelmente para a renda fixa. Ainda tem essa equação a ser resolvida em torno de Auxílio Brasil, Precatórios e reforma do Imposto de Renda com a LOA (Lei Orçamentária Anual), que deve ser apresentada nesta terça-feira (31/08). Isso acaba atrapalhando a formação da taxa de câmbio. Como nesta terça-feira (31/08) tem formação da Ptax de agosto, o mercado já carrega um componente mais técnico, com movimento de exportadores no pré-fechamento do mês. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.