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13/Jun/2022

Dólar próximo de R$ 5,00 com inflação alta nos EUA

A alta expressiva da inflação norte-americana em maio e o tombo da confiança do consumidor nos Estados Unidos ao menor nível histórico resultou em uma onda de fuga das Bolsas e corrida global ao dólar na sessão de sexta-feira (10/06). A leitura das mesas de operação é que crescem as chances uma desaceleração mais forte da economia norte-americana dada a necessidade de o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), cujo comitê de política monetária se reúne nesta semana, ser mais agressivo no processo de alta de juros para domar a maior inflação no país em mais de 40 anos. Afora uma queda pontual na abertura dos negócios, quando chegou a romper o piso de R$ 4,90, registrando mínima a R$ 4,88, o dólar trabalhou em alta ao longo de tarde sexta-feira (10/06). A barreira psicológica dos R$ 5,00 foi rompida ainda pela manhã, com moeda marcando máxima a R$ 5,01. A febre compradora arrefeceu à tarde, em sintonia com o ambiente externo. No fim da sessão, o dólar avançava 1,49%, cotado a R$ 4,98, maior valor de fechamento desde o dia 18 maio. Com isso, a divisa encerrou a semana passada com valorização de 4,39%. Foi a maior alta semanal desde a semana encerrada em 26 de março de 2021.

No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) saltou do patamar de 103,000 pontos para operar acima dos 104,000 pontos, atingindo máxima aos 104,230 pontos. A moeda norte-americana também subiu em bloco frente a divisas emergentes e de exportadores de commodities. As taxas dos Treasuries avançaram com força, com a T-note de 2 anos, mais ligada à perspectiva para os próximos passos do Fed, tocando 3%, no maior nível desde dezembro de 2007. Acompanhamento do CME Group mostra que possibilidade de o Fed elevar a taxa básica de juros ao menos uma vez em 75 pontos-base até a reunião de julho passou a ser majoritária. Segundo a MCM Consultores, a escalada dos juros dos Treasuries parece ter afetado até o leilão de swap cambial realizado pelo Banco Central. No leilão, que deu continuidade à rolagem dos vencimentos previstos para agosto, o Banco Central vendeu apenas 3.600 contratos (180 milhões) de swap cambial, um volume muito aquém da oferta total de 15.000 contratos (US$ 750 milhões).

O Banco Central não deve ter aceitado diante da dispersão alta nas taxas e do juro mais salgado. Foi um dia complicado para vender swap. O índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos subiu 1% em maio em relação abril, quando o esperado era alta de 0,7%. O núcleo, que exclui energia e alimentos, avançou 0,5%, também acima das expectativas. Na comparação anual, o CPI acelerou de 8,3% em abril para 8,6% em maio, superando as projeções (8,3%) e atingindo o maior nível desde dezembro de 1981. Enquanto a inflação acelera, a atividade dá sinais de fraqueza. O índice de sentimento do consumidor norte-americano caiu de 58,4 em maio a 50,2 na preliminar de junho (expectativa era de 58,5), atingindo o menor valor já registrado, de acordo com pesquisa elaborada pela Universidade de Michigan. Para o Integral Group, a inflação norte-americana está disseminada e com padrões típicos de países emergentes, fruto da conjunção de dois choques seguidos de oferta (pandemia e guerra na Ucrânia) e de estímulos monetários gigantescos.

Para trazer a inflação de volta, o Fed vai ter que ser mais agressivo e provocar uma desaceleração da economia do país. A onda de volatilidade dos ativos de risco ainda está longe do fim. A Integral Group trabalha com dois cenários. Em um deles, o Fed eleva a taxa em 75 pontos-base nesta semana. Isso levaria os mercados de risco a sofrer bastante no curto prazo, mas abriria espaço para um reequilíbrio mais rápido na sequência, com as taxas longas dos Treasuries se acomodando em patamares comportados. No segundo cenário, o Fed mantém a política gradualista e o quadro se deteriora continuamente, com o retorno da T-note de 10 anos superando 3,5% e podendo até atingir 4%, o que levaria a perdas agudas em portfólios de renda fixa e de ações, ensejando riscos de uma crise sistêmica. Seja qual for o caminho do Fed, o dólar está cada vez mais forte no mundo, uma vez que o euro sofre com a fraqueza da economia europeia e o iene perdeu seu papel de refúgio em razão da política monetária frouxa do Banco do Japão.

Esse movimento global de valorização da moeda norte-americana vai respingar no mercado doméstico de câmbio nos próximos meses. A tendência é de um dólar para cima. O mercado ainda não está precificando a questão eleitoral. Bolsonaro deve ir de peito aperto para o conflito com o STF (Supremo Tribunal Federal). Para o fim deste ano, a previsão para o dólar é de R$ 5,50. Para a Venice Investimentos, o Real ainda tem fôlego para uma nova rodada de apreciação, descolando-se da tendência de alta da moeda norte-americana no exterior, uma vez que a economia mostra fôlego maior que o esperado, e a inflação dá sinais de arrefecimento. O caso da Eletrobras mostrou que tem apetite por Brasil. E há ainda taxas de juros domésticas elevadas. O dólar pode até mesmo retornar ao patamar de R$ 4,80. O que prejudicou muito o Real na última semana foi o problema fiscal, com a questão do pacote para segurar os preços de combustíveis. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.