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01/Jul/2022

BC: alimentos continuam pressionando a inflação

O Banco Central (BC) destacou no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira (30/06) que a surpresa inflacionária no trimestre decorreu do comportamento dos preços livres. A maior contribuição para a surpresa veio dos preços de alimentos, que tiveram alta expressiva no trimestre. Ainda que a surpresa no segmento tenha sido disseminada entre os componentes, merece menção especial a influência da alta no preço do leite. Novamente, a pressão sobre os preços de bens industriais se revelou mais persistente que o antecipado. Neste segmento, as principais surpresas altistas foram observadas em vestuário, higiene pessoal e etanol. Apesar da elevada incerteza envolvida, a projeção já incorporava uma estimativa dos efeitos da redução das alíquotas de IPI anunciadas antes do RI anterior sobre a variação de preços dos bens industriais.

É possível que o impacto dessa medida nos últimos três meses tenha sido limitado em decorrência da indefinição quanto à sua aplicação. Houve surpresa de alta na inflação de serviços, principalmente no item passagem aérea e no componente subjacente. A elevada variação deste último pode estar relacionada tanto à inércia quanto à retomada robusta da demanda por serviços. A maior alta dos preços livres foi apenas parcialmente compensada por menor alta dos preços administrados. Os recuos do dólar e do preço do petróleo (até maio, em comparação ao considerado na projeção) contribuíram para menor pressão sobre preços de combustíveis e as tarifas de energia recuaram mais com a transição para a bandeira tarifária verde, enquanto a projeção considerava vigência de bandeira amarela em maio.

A distribuição mensal das surpresas foi em parte condicionada pela maior velocidade no repasse da alta no preço de combustíveis ocorrida em março e pela antecipação da transição de bandeira para meados de abril, frente à expectativa inicial de transição no início de maio. O cenário para a inflação contempla um arrefecimento gradual da inflação ao consumidor. Os preços de alimentos devem continuar pressionados em junho, com destaque para alimentos industrializados tais como farinha e panificados, mas devem arrefecer de forma mais nítida nos meses seguintes com a sazonalidade favorável. O comportamento recente de estabilidade ou mesmo queda do preço doméstico de alguns produtos agropecuários, como alimentos in natura, carnes, e alguns grãos, corrobora essa expectativa. A sazonalidade também favorece a queda do preço do etanol. A alta dos demais bens industriais e dos serviços deve arrefecer moderadamente, mas ainda continuará exercendo pressão significativa sobre a inflação.

Sobre os preços administrados, destaca-se a incorporação no IPCA, a partir de junho, do reajuste dos planos de saúde individuais. Diante dos elevados preços internacionais do petróleo e seus derivados, o cenário também contempla reajuste no preço dos combustíveis no curto prazo. Espera-se que este aumento seja parcialmente revertido ao longo do trimestre com a normalização parcial da margem internacional de refino e mitigado, no caso da gasolina, pelo recuo no preço do etanol. O cenário de referência não incorpora impacto das recentes iniciativas do Congresso Nacional que visam a reduzir impostos sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações. Por outro lado, o cenário de referência incorpora conservadoramente efeitos do Projeto de Lei nº 1.280/2022, que disciplina a devolução acelerada do Programa de Integração Social/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins) pago a mais pelos consumidores de energia elétrica. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.