05/Jul/2022
Com Estados anunciando redução da alíquota do ICMS sobre gasolina e energia elétrica, após o governo federal já ter zerado o PIS/Cofins sobre gasolina e etanol, economistas passaram a rever suas projeções para a inflação. Algumas instituições esperam, no ano, um IPCA até 1,5% inferior ao projetado antes. Para 2023, porém, a expectativa é de alta das estimativas, por conta do retorno da cobrança do PIS/Cofins a partir de janeiro. Cálculos preliminares do Santander, por exemplo, apontam que o IPCA deve ficar próximo de 8%, em 2022, e de 5,7% em 2023. Antes, o banco estimava 9,5% e 5,3%, respectivamente. O Itaú Unibanco reviu seu número de 2022 de 8,7% para 7,5%. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) também reduziu sua estimativa, de 9,2% para 8,5%. O impacto maior da redução do ICMS deve ser observado em julho, mês que pode registrar deflação. Segundo o Santander, na comparação com junho, o IPCA pode recuar até 1% no mês se todos os Estados acabarem diminuindo a alíquota do imposto.
Cerca de 75% do corte no imposto chegará ao consumidor final. A tendência é que a população gaste o que economizar com combustível com outros itens. Esse corte de impostos acaba sendo um estímulo fiscal que pode sustentar a demanda, que já vinha surpreendendo positivamente. Se não houvesse esse estímulo na demanda, a redução do imposto poderia fazer a inflação chegar a 7%. Porém, a grande surpresa na inflação deste ano deve vir mais pelo preço dos alimentos do que pelo do combustível e da energia. As colheitas estão andando bem. Há sinais de que isso pode ajudar na inflação. Mas, se o corte de impostos alivia a inflação neste ano, a mudança deve significar uma alta em 2023. Quando o governo federal zerou o PIS e o Cofins sobre o etanol e a gasolina, o Itaú Unibanco já elevou sua estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no próximo ano de 4,2% para 5,6%. A revisão foi feita porque a cobrança dos impostos será retomada a partir de janeiro, puxando os preços para cima novamente, e devido à sensação de que a inflação já estava mais disseminada na economia.
Para a MB Associados, a inflação no próximo ano está caminhando para ficar entre 5% e 6%. No curto prazo, pode haver um recuo na inflação. Mas, essa queda pode ser limitada por conta do cenário de câmbio. A preocupação é que a diminuição na arrecadação desencadeie uma maior desconfiança do mercado em relação à capacidade de o governo pagar suas dívidas. Isso poderá fazer com que parte dos investidores deixe o Brasil, desvalorizando o Real em relação ao dólar, o que pressionaria a inflação. A situação fiscal deve permanecer controlada neste ano, dado que a arrecadação está em alta devido ao aumento do preço das commodities. O entrave pode vir em 2023, pois a previsão é de que a economia mundial comece a desacelerar, fazendo com que a cotação das commodities caia, reduzindo a arrecadação também. O mais complicado seria um corte no ICMS de forma permanente. Aí, em 2023, a alíquota será mais baixa em cima de uma arrecadação mais baixa também.
Isso coloca peso na situação fiscal. Para o Santander, ainda é difícil calcular como a questão fiscal vai interferir na inflação, dado que o cenário internacional também pode modificar o câmbio. Na visão da Fundação Getúlio Vargas (FGV), qualquer medida que não dure para 2023 acaba impondo uma inflação mais alta no ano que vem. As incertezas globais também podem pressionar os preços em 2023, como já ocorreu neste ano. No início de 2022, os economistas estavam otimistas com a inflação e não imaginavam que ela poderia chegar perto de 10%. A guerra na Ucrânia, porém, levou a cotação do petróleo e a inflação a outro patamar. Isso pode se repetir no ano que vem a depender do desenrolar dessas fontes de incerteza e de como vai ficar essa questão fiscal. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.