05/Jul/2022
O mercado doméstico de câmbio trabalhou em marcha lenta na sessão desta segunda-feira (04/07), dada a falta da referência dos Treasuries e das Bolsas em Nova York, fechadas por conta do feriado de Independência nos Estados Unidos. Com oscilação entre margens estreitas, o dólar correu entre mínima de R$ 5,28 e máxima de R$ 5,33. No fim do pregão, a moeda subia 0,08%, cotada a R$ 5,32. Essa leve alta levou o dólar para o maior valor de fechamento desde 28 de janeiro (R$ 5,39). Nos dois primeiros pregões de julho, a divisa acumula valorização de 1,74%, após ter subido 10,15% em junho. O dia foi de ajuste modesto de posições, com investidores apenas monitorando o comportamento da moeda norte-americana no exterior e o andamento da PEC dos Combustíveis, rebatizada de PEC dos Benefícios, na Câmara dos Deputados.
Principal termômetro do apetite para negócios, o contrato de dólar futuro mais líquido (para agosto), que costuma girar mais de US$ 10 bilhões ao dia, movimentou menos de US$ 6 bilhões nesta segunda-feira (04/07). Relator da PEC dos Benefícios na Câmara, o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) disse que vai negociar a inclusão no texto de um auxílio-gasolina a motoristas de aplicativo, como Uber. Há temores de que a conta extrateto, que saiu em R$ 41,2 bilhões do Senado, se aproxime de R$ 50 bilhões, hipótese levantada pelo próprio relator. Ele também encomendou estudos jurídicos para determinar se há mesmo necessidade de decretar estado de emergência (o dispositivo adotado para burlar o teto de gastos e blindar Bolsonaro de sanções pela Lei Eleitoral). Sem as bolsas norte-americanas, o dólar oscilou mais com operações pontuais.
Para a Treviso Corretora, há muito barulho com essa questão de aumento do risco fiscal e o estouro do teto fiscal, o que pressiona o Real. Pode haver certo "exagero" na reação dos investidores à PEC dos Benefícios, pois a arrecadação está forte e o crescimento, surpreendendo para cima. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) andou de lado a maior parte do dia e era negociado em leve alta, na casa dos 105,100 pontos, com estabilidade frente ao euro e ganhos na comparação com o iene. O dólar teve desempenho misto frente a divisas emergentes e de países produtores de commodities, incluindo pares do Real. Subiu em relação ao peso mexicano, mas caiu na comparação com o peso chileno e o rand sul-africano. O tombo do minério de ferro na China, às voltas com novos lockdowns em duas regiões para combater surto de Covid-19, não chegou a ter grandes impacto nos negócios.
A agenda pesada dos próximos dias pode provocar solavancos fortes na precificação do dólar no exterior e, por tabela, no mercado local. Na quarta-feira (06/07), sai a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) seguida, na quinta-feira (07/07), pela ata do Banco Central Europeu (BCE). E, na sexta-feira (08/07), será divulgado o relatório de emprego (payroll) dos Estados Unidos em junho, que pode mexer com a expectativa em relação à magnitude e ao ritmo do ajuste monetário norte-americano. Para a Treviso, a dobradinha formada por risco de recessão global com inflação ainda elevada deve sustentar o apetite por dólares daqui para a frente, com taxa de câmbio podendo correr até R$ 5,50 em momentos de maior tensão. Com muita incerteza, investidores estão fechando posições vendidas (que ganham quando o dólar cai) e fazendo hedge (posição). Além dos problemas no exterior, a eleição presidencial deve começar a “pegar fogo” a partir de agosto. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.