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09/Set/2022

Dólar fecha em baixa com movimento de correção

O dólar recuou na sessão desta quinta-feira (08/09), devolvendo parte do ganho de 1,63% registrado na terça-feira (06/09), quando o pregão foi marcado por aversão ao risco e cautela em torno de possível aguçamento das tensões políticas no 7 de setembro. O fluxo positivo, correção de postura excessivamente cautelosa no pré-feriado e ajuste à valorização das divisas emergentes na quarta-feira (07/09), quando o mercado local estava fechado, deram fôlego à moeda brasileira. Em queda desde a abertura, o dólar chegou a romper o piso de R$ 5,20 nas primeiras horas de negociação, quando desceu até a mínima de R$ 5,18 (-1,07%). Esse movimento se dava na contramão do avanço da moeda norte-americana frente a divisas fortes e emergentes, em meio ao reforço das apostas em uma postura agressiva do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), após discurso do presidente da instituição, Jerome Powell.

Quando as Bolsas em Nova York viraram para o negativo, arrastando o Ibovespa, que chegou a perder a linha dos 109 mil pontos, o dólar spot reduziu bastante a queda e o contrato futuro para outubro operou pontualmente em terreno positivo. No restante do pregão, com melhora do humor nas bolsas nos Estados Unidos e fortalecimento de pares latino-americanos do Real, como peso mexicano e chileno, o dólar voltou a trabalhar em queda firme no Brasil. No fim da sessão, a moeda era negociada a R$ 5,20, em baixa de 0,61%, passando a apresentar recuo de 0,41% na semana. Segundo o C6 Bank, a maioria das moedas de países emergentes está apreciando, com destaque para Real. Vale lembrar que no dia 7 de setembro, com os mercados fechados no Brasil, o dólar depreciou contra a maioria das moedas, então isso explica em parte a performance do Real nesta quinta-feira (08/09). No exterior, o índice DXY (termômetro do desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes) chegou a superar os 110,200 pontos, com máxima aos 110,243 pontos.

Quando o mercado local fechou, apresentava leve queda, ao redor dos 109,600 pontos. Essa virada veio com perdas pesadas frente à coroa sueca e desaceleração dos ganhos ante euro, iene e libra esterlina. Como esperado por ala majoritária do mercado, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou alta da taxa de juros da zona do euro em 75 pontos-base. A presidente da instituição, Christine Lagarde, adotou tom duro e sinalizou com ao menos duas elevações dos juros nas próximas cinco reuniões de política monetária. Não foi suficiente para dar fôlego ao euro, que continua a sofrer diante da perspectiva de aperto monetário nos Estados Unidos e da própria fragilidade da economia europeia, às voltas com a crise energética provocada pela interrupção do fornecimento de gás pela Rússia. O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou nesta quinta-feira (08/09) que a instituição precisa agir agora com firmeza e manter o “trabalho de controle da inflação até que ele seja concluído". Em aparente recado a quem já espera corte dos Fed Funds em 2023, Powell afirmou que a "história adverte fortemente contra o afrouxamento prematuro da política monetária".

O mercado tratou logo de ajustar as expectativas. Monitoramento do CME Group mostrou que a chances de uma alta de 75 pontos-base na taxa básica norte-americana neste mês superaram 80%. Segundo o C6 Bank, as falas dos presidentes do BCE e do Fed pesaram no preço do dólar. De um lado, Lagarde adotou um tom mais austero e avisou que os juros continuarão subindo na Europa. Powell fez um discurso menos duro que o anterior, no evento de Jackson Hole, mas sinalizando que os juros devem permanecer altos por mais tempo. O tom mais duro de Lagarde fez a taxa curta de juros abrir 20 pontos-base na Europa, impactando os ativos de risco e levando a uma depreciação do principal índice de ações da Europa, do euro e da maioria das moedas dos demais países europeus. No Brasil, o Banco Central divulgou que o fluxo cambial na semana passada (de 29 de agosto a 2 de setembro) foi positivo em US$ 1,647 bilhão, graças à entrada líquida de US$ 3,294 bilhões via comércio exterior. Já o canal financeiro apresentou saídas líquidas de US$ 1,646 bilhão.

No fechamento de agosto, o fluxo positivo foi modesto, de apenas US$ 217 milhões em agosto, com entrada de US$ 1,045 bilhão do lado comercial e saída de US$ 828 milhões pela conta financeira. Do lado político, o presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de usar o 7 de setembro para fazer campanha eleitoral e de ameaçar novamente a estabilidade institucional, voltou a acenar com mais benesses sociais. Na propaganda eleitoral que foi ao ar na TV nesta quinta-feira (08/09), a campanha à reeleição prometeu conceder adicional de R$ 200,00 a beneficiários do Auxílio Brasil que conseguirem trabalho, o que levaria o total a R$ 800,00. Segundo o Bank of America, embora a eleição presidencial de outubro seja um risco no Brasil, o mercado deve continuar esperando um resultado relativamente neutro para a política econômica, com a incerteza inferior à de outras eleições na região, dado que os dois candidatos líderes são bem conhecidos. O aumento de juros nos Estados Unidos e a recuperação gradual da China podem favorecer o dólar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.