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14/Set/2022

Dólar tem forte alta com inflação elevada nos EUA

Após três pregões consecutivos de queda firme, em que apresentou desvalorização de 2,68% e chegou a romper o piso de R$ 5,10, o dólar subiu com intensidade na sessão desta terça-feira (13/09), em sintonia com a onda de fortalecimento da moeda norte-americana tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes. A corrida global ao dólar foi deflagrada pela decepção com a leitura do índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos em agosto. Com o CPI acima do esperado, a tese de que a inflação norte-americana já tinha atingido seu pico e passaria a arrefecer, responsável pela recuperação recente dos ativos de risco, caiu por terra. Tanto que uma ala do mercado passou até a especular com a possibilidade de alta de 100 pontos-base na taxa de juros norte-americana pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) no dia 21 de setembro. As Bolsas em Nova York entraram em rota descendente, com perdas superiores a 4%. O retorno da T-note de 2 anos, mais ligado às expectativas para o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos, avançou mais de 3%, tocando 3,787% na máxima.

Termômetro do comportamento da moeda norte-americana frente a pares fortes, o índice DXY voltou a se aproximar dos 110,000 pontos, com máxima acima dos 109,800 pontos em meio a ganhos de mais de 1% do dólar frente ao euro, iene e libra esterlina. Afora uma pequena queda na abertura dos negócios, antes da divulgação do CPI, o dólar operou em alta firme durante todo o pregão, chegando a superar o teto de R$ 5,20. A moeda se afastou das máximas e, mesmo com deterioração dos índices acionários em Nova York e mínimas do Ibovespa na segunda etapa, não teve fôlego para tocar novamente R$ 5,20. No fim da sessão, a divisa era cotada a R$ 5,18, em alta de 1,77%. O contrato de dólar futuro para outubro, principal termômetro do apetite por negócios, teve giro forte, acima de US$ 15 bilhões. O Real, que costuma apanhar mais que seus pares em episódios de aversão ao risco, desta vez não ficou na “lanterninha”. Peso chileno e rand sul-africano amargaram perdas mais fortes. Segundo a B.Side Investimentos, o ambiente era positivo antes do CPI. A leitura foi ruim, com núcleo elevado e muita pressão em preços de serviços, que tem maior indexação.

O mercado está incorporando um cenário em que o Fed terá muito mais trabalho para frente para segurar a inflação. O Real deve continuar a perder valor muito mais pelo cenário externo complicado, com possível alta mais forte de juros nos Estados Unidos, do que por conta das eleições. Em vez de apresentar deflação de 0,1%, como apontava mediana de projeções, o CPI subiu 0,1% em agosto. Na comparação anual, houve alta de 8,3% ante previsão de 8%. Causou ainda mais desconforto o núcleo (que exclui energia e alimentos), com variação de 0,6% em agosto, bem acima das expectativas (0,3%). No ano, houve avanço de 6,3%, aceleração em relação a julho e além do esperado (6,1%). O Integral Group observa que os ativos de risco experimentaram nos últimos dias uma recuperação de curto prazo dentro de um 'bear market', amparada na narrativa de que o Fed conseguira controlar a inflação sem provocar retração econômica. Outro ponto que dava fôlego a apetite ao risco era a alta das commodities, em meio à aposta de que a China estava prestes a acabar com a política de "Covid-zero".

A narrativa era que os índices de inflação nos Estados Unidos estavam cedendo e iam ceder muito mais que o esperado à frente. O Fed não precisaria subir muito os juros e haveria um pouso suave da economia norte-americana. Essa rodada de depreciação dos ativos de risco já era esperada. Até o fim do ano, haverá um processo monetário mais restritivo, com juro nominal nos Estados Unidos por volta de 4%, porque a inflação ainda é muito elevada. Além de elevar a taxa de juros, o Fed vai acelerar o processo de redução de seu balanço de ativos ao longo dos próximos meses, o que, na prática, significa retirar liquidez do mercado. Embora possa haver recuperação esporádicas dos ativos de risco, a tendência é de um dólar cada vez mais forte globalmente e de inversão da curva de juros norte-americana, movimento que costuma prenunciar recessões. O processo recessivo nos Estados Unidos pode começar ainda neste ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.