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16/Set/2022

Brasil: juros altos começam a impactar o consumo

Em um cenário de inflação ainda pressionada e crédito mais caro, o comércio varejista registrou perdas em julho. O volume vendido caiu 0,8% ante junho, o terceiro mês consecutivo de quedas, segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com julho de 2021, a queda foi de 5,2%. O dado negativo contrasta com o avanço de 1,1% do setor de serviços no período, indicando um período de ajustes na economia. O nível de incertezas, sejam domésticas, sejam externas, aumentou consideravelmente. A atividade econômica deve desacelerar no quarto trimestre, devido ao aumento da taxa de juros, mas o pagamento de benefícios sociais mais altos e o aumento da massa salarial podem atenuar um pouco essa desaceleração para o segmento do varejo. No varejo, houve perdas disseminadas entre as atividades pesquisadas.

O aumento de preços influencia a decisão de consumo das famílias. O IBGE informou que a inflação impactou negativamente em julho alimentação no domicílio, mobiliário, eletrodomésticos e equipamentos, vestuário, produtos farmacêuticos, automóvel novo e material de construção. Na direção oposta, houve redução nos preços dos combustíveis após o corte de tributos. Com isso, o volume vendido de combustíveis e lubrificantes cresceu 12,2% em julho. Para o C6 Bank, chama atenção que as vendas dos setores sensíveis a crédito, como móveis, veículos e materiais de construção, caíram mais do que a dos sensíveis à renda. No mês, o recuo das categorias sensíveis a crédito foi de 2,5%, enquanto no sensíveis a renda a retração foi de 0,7%. Esse comportamento mostra como os juros altos começam a impactar o consumo. Após três meses de quedas acumuladas, de maio a julho, o volume vendido pelo varejo está 2,7% abaixo do nível alcançado em abril.

O volume de vendas do varejo chegou a julho em nível 0,5% acima do nível de fevereiro de 2020, no período pré-pandemia. Poucos segmentos estão acima do patamar pré-crise sanitária. É o caso de artigos farmacêuticos (20,7%), combustíveis (11,3%), material de construção (2,3%) e supermercados (2,2%). Os veículos estão 12,9% aquém do nível de fevereiro de 2020, enquanto móveis e eletrodomésticos caíram 18,4% e livros e papelaria tiveram retração de 37,2%. A liberação de recursos extras pelo governo (como saques extraordinários do FGTS e antecipação do 13º salário a beneficiários do INSS) ajudou a impulsionar as vendas nos primeiros meses do ano. O consumo de serviços pelas famílias também pode estar retirando recursos do varejo, por meio de uma substituição da aquisição de bens por gastos com serviços. Pode ter decisão de consumo que se reflete mais nos serviços e tira um pouco do comércio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.