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27/Set/2022

Brasil: queda da produtividade limita o crescimento

O Brasil perdeu capacidade de crescimento nas últimas quatro décadas por vários motivos, mas nenhum deles explica melhor o desempenho modesto da economia nesse período do que a queda da produtividade. A conclusão faz parte de um estudo do departamento econômico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que vem sendo apresentado aos conselhos da entidade com comparações dos resultados da economia brasileira a partir da década de 1980 em relação aos 30 anos anteriores. De uma taxa que ficou em 7,4% entre 1951 e 1980, o crescimento anual médio do Produto Interno Bruto (PIB) do País recuou para 2,1% nos 40 anos seguintes. Com exceção do capital humano, que subiu 1,1% ao ano, contra 0,3% das três décadas anteriores, todos os motores da atividade econômica perderam tração de um período para o outro.

Ainda assim, a produtividade consegue se destacar negativamente. Os demais componentes considerados no modelo (investimentos e força de trabalho), ainda que tenham perdido ritmo, mostraram crescimento, ao passo que o indicador de quanto cada trabalhador brasileiro produz caiu 1,1% na média de cada ano das últimas quatro décadas. Mais do que a qualificação ou mesmo dedicação dos trabalhadores em suas funções, a métrica, por óbvio, depende de variáveis completamente fora do controle deles, como tecnologia empregada na produção, facilidade do ambiente de negócios e infraestrutura. A Fiesp relaciona o dado ao menor peso na economia da indústria, setor entre os mais produtivos. No Brasil, o crescimento de produtividade é pífio, para não dizer desastroso.

É onde está o maior gargalo de crescimento do País. Numa troca de posições entre os países que começou a acontecer no fim da década de 1970, a produtividade do trabalho no Brasil não chega hoje à metade da observada na Coreia do Sul. O país asiático é usado como referência no estudo por ter fortalecido o setor industrial. As causas por trás dessa situação são bem conhecidas: os atrasos na infraestrutura, políticas de educação incapazes de mudar a posição do Brasil de retardatário na avaliação internacional dos estudantes, o alto custo de capital e o não só pesado, mas também complexo, sistema tributário, só para citar alguns dos principais entraves. Esses problemas podem ser enfrentados com reformas tanto micro quanto macro, mas o planejamento também precisa fazer parte da equação.

Após o choque do petróleo, em 1973, enquanto os países da América Latina não conseguiam se recuperar, as economias do Sudeste Asiático preservaram a capacidade de planejamento e articulação entre elas, o que levou a um desenvolvimento regional forte puxado pela China. O Brasil deixou de ser competitivo. Antes, era o Sudeste Asiático que procurava aprender como Brasil conseguia se industrializar. Além de reformas, o Brasil precisa de planejamento. Para quem não tem planejamento, “todo vento é contra”. Segundo o estudo da Fiesp, um aumento de 1% da produtividade já seria suficiente para elevar a capacidade de crescimento do Brasil a 3%, mesmo com a atual taxa de investimento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.