30/Set/2022
A alta da moeda norte-americana frente a divisas emergentes, em dia de forte aversão ao risco no exterior, e reforço de posições defensivas às vésperas da eleição presidencial abalou o Real na sessão desta quinta-feira (29/09). Dados da economia norte-americana e declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) reforçaram a aposta de aperto monetário mais forte e duradouro nos Estados Unidos, o que derrubou as bolsas em Nova York e levou a alta adicional das taxas dos Treasuries. Com o mau humor no mercado externo, o dólar já abriu em alta firme no Brasil e ultrapassou a barreira de R$ 5,40 na primeira meia hora de negócios, registrando máxima a R$ 5,42 (+1,49%). A moeda encerrou a sessão com avanço de 0,86%, cotada a R$ 5,39, no maior valor no fechamento desde 22 de julho.
Com isso, a divisa passa a acumular ganhos de 2,80% na semana, o que leva a valorização em setembro para 3,73%. Termômetro do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY, que chegou a superar os 114,000 pontos nesta semana, recuou para a casa dos 112,100 pontos nesta quinta-feira (29/09), com recuperação técnica do euro e da libra esterlina, diante da intervenção do Banco da Inglaterra (BoE) com compra de título públicos (gilts). A taxa anual da inflação ao consumidor na Alemanha acelerou de 7,9% em agosto para 10% em setembro (dados preliminares), acima do esperado por analistas (9,5%). Nos Estados Unidos, a leitura final do PIB no segundo trimestre mostrou, como esperado, queda anualizada de 0,6%. O índice de preços de gastos com consumo (PCE), medida de inflação preferida do Fed, avançou à taxa anualizada de 7,3% (ante 7,1% na leitura preliminar).
O número de pedido de auxílio-desemprego apresentou queda de 16 mil na semana encerrada em 24 de setembro (para 193 mil), abaixo do que esperavam analistas (215 mil). Segundo a Blue3, os dados dos Estados Unidos e sinais de dirigentes do Fed reforçam a expectativa de alta nos juros norte-americanos, o que muda a relação entre risco e retorno entre ativos, castigando bolsas e moedas emergentes. A economia norte-americana está ainda aquecida e a inflação, elevada. hoje, o que ocorre é um 'risk off' muito forte. A Blue 3 não vê grande influência da tensão pré-eleitoral sobre os preços de ativos nesta quinta-feira (29/09). Para a Commcor, o impacto de eventual cautela pré-eleitoral sobre a dinâmica da taxa de câmbio nos últimos dias e no pregão desta quinta-feira (29/09) é muito reduzido. O que ocorreu é um contágio vindo do exterior. Ambos os candidatos que lideram as pesquisas são mal vistos do ponto de vista fiscal. O populismo vai continuar seja qual for o resultado da eleição.
O mercado global passa por um momento de rebalanceamento de ativos diante da expectativa de juros mais altos nos Estados Unidos e de possível recessão global. Esse movimento mantém o ambiente de dólar forte no mundo no curto prazo e castiga divisas emergentes como o Real. Mas, esse dólar forte no mundo pode não ser sustentável. Nos níveis de atuais, o Real está bastante atraente. O PIB do Brasil sobe, apesar do efeito base fraco, a inflação desacelera e temos ainda um carry atrativo. Mas, o momento é de rebalanceamento de portfólios. No Brasil, dados positivos do Caged (abertura líquida de 278.639 vagas em agosto) e a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), acompanhada de entrevista coletiva do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não tiveram peso relevante na formação da taxa de câmbio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.