ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

06/Out/2022

FMI: risco limitado de espiral de salários e preços

O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera improvável que o atual ambiente de escalada da inflação em meio a condições apertadas no mercado de trabalho em determinados países desencadeie uma aceleração sustentada de salários e preços à frente. Mas, o Brasil é mais sensível a choques inflacionários e a maiores riscos de desancoragem das expectativas da inflação. O salto dos preços, o maior em quatro décadas em certas economias, na esteira da pandemia de Covid-19 e da guerra na Ucrânia, associado a mercados de trabalho apertados e que impulsionaram os ganhos salariais levantaram preocupações de um ciclo vicioso, levando a uma espiral de preços e salários. O temor é de que um período longo de inflação elevada impulsione os salários que, por sua vez, alimentariam preços ainda maiores, ocasionando elevações simultâneas por vários trimestres. No entanto, é considerado limitado o risco de uma espiral de preços e salários mais adiante.

Três fatores estão funcionando para impedir que esse cenário se materialize. O FMI cita o fato de os choques subjacentes à inflação virem de fora do mercado de trabalho, os salários reais em queda estarem ajudando a reduzir as pressões sobre os preços e ainda o agressivo aperto monetário por parte dos bancos centrais para conter o salto dos preços. Dado que os choques inflacionários se originam fora do mercado de trabalho, a queda dos salários reais está ajudando a desacelerar a inflação e a política monetária está se restringindo mais agressivamente, as chances de surgirem espirais persistentes de preços e salários parecem limitadas. Para chegar a esta conclusão, foram analisados 22 casos em economias avançadas nas últimas cinco décadas com condições semelhantes às vistas no ano de 2021, ou seja, inflação em alta, crescimento salarial positivo, mas salário real e desemprego estável ou em queda. Esses episódios não levaram, em média, a espirais salários-preços.

No caso do Brasil, há maior sensibilidade do País a choques inflacionários, o que poderia desencadear uma reação mais forte do Banco Central (BC) para ancorar as expectativas de preços. No geral, os resultados das simulações do modelo estimado pelo organismo mostram cenário semelhante ao dos Estados Unidos, conforme o fundo. No entanto, mostram uma sensibilidade ainda maior a choques inflacionários e maiores riscos de desancoragem em geral. Em relação aos Estados Unidos, a inflação continuou subindo e os salários reais caíram por um tempo depois de 1979, quando a economia foi atingida por novos aumentos no preço do petróleo. A trajetória da inflação mudou somente quando o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) elevou as taxas de juros acentuadamente, como ocorre no cenário atual. Embora os choques que atingem as economias globalmente sejam "incomuns", as espirais sustentadas de preços e salários são "raras".

Isso não deve servir, porém, de motivo de complacência por parte dos bancos centrais. Para os formuladores de política monetária, entender o processo de expectativas é fundamental. Nesse sentido, o FMI considera encorajadoras as ações dos bancos centrais para apertar as condições financeiras das principais economias do mundo no intuito de controlar a escalada de preços. Os bancos centrais ajudarão a evitar que a inflação alta se enraíze e se desvie da meta por muito tempo. O documento divulgado nesta quarta-feira (05/10) é o capítulo dois do relatório de Perspectivas Econômicas Mundiais, que será publicado na próxima semana, durante reunião anual do FMI, em Washington (EUA). O documento deve trazer as projeções atualizadas do organismo para o PIB global e as principais economias, incluindo o Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.